Na era do digital, quem resiste aos aplicativos sente falta do ‘olho no olho'
Na Capital, tem quem coloque a vida no celular e outros que usam o mínimo indispensável
Na era onde tudo converge para o ambiente digital, aqueles que resistem aos aplicativos, que não gostam ou não utilizam de maneira excessiva, sentem falta da comunicação e presença cara a cara, do famoso “olho no olho”. Apesar da praticidade que as ferramentas oferecem, como otimização do tempo, organização profissional, transferências bancárias sem sair de casa, pedidos de comida e compra de medicamentos, há quem se negue a “deixar a vida” no celular. Mas afinal, o uso das ferramentas ajuda ou atrapalha?
Em Campo Grande, a idade influencia significativamente no estar on-line. A vendedora de salgados Vilma Serafim, de 62 anos, conta que acha péssimo o jeito como tudo migrou para os softwares.
"Eu acho ruim, péssimo, gosto de olho no olho e conversar pessoalmente, tenho o WhatsApp mas não uso muito, porque querendo ou não ele é prático. De resto eu não tenho nada" Como Vilma se recusa a entrar “na onda”, até o uso do pix é rejeitado. “Aplicativo de banco não tenho não, esse lugares que só aceitam isso eu deixo de comprar porque não mexo com isso, é dinheiro e cartão".
Roger Lucas Oliveira, de 23 anos, é comerciante autônomo. Ele conta que precisa utilizar muito os aplicativos de banco para ter acesso ao pix. "Ajudou aumentar as vendas, não tem taxa igual o cartão e não precisa de troco igual o dinheiro". Lucas vende salgado nas ruas e para ele o recurso significa praticidade. O jovem conta que também usa outros aplicativos diariamente. "Eu uso de tudo um pouco”. As redes sociais e WhatsApp são os mais acessados.
O uso de aplicativos é diferente para João Soares, de 58 anos. Avesso às novidades do meio digital, ele se restringe a usar apenas o necessário para manter o contato com a família. "Eu só tenho o WhatsApp pela praticidade de falar com a família, fora isso não tenho mais nada, não porque eu não sei mexer, mas porque eu não quero”.
Para ele, o fato de estar tudo no digital não altera em nada a rotina, portanto não atrapalha. “Não me afeta de jeito nenhum, eu ainda consigo pagar minhas contas na lotérica e quando precisa tem uma pessoa pra me atender no banco, então o digital é bom pra quem gosta e pra quem não gosta faz igual eu".
Apaixonados - Rhayssa Silva, de 26 anos, é estudante e empolgada com qualquer novidade no universo dos aplicativos. Para ela os recursos são um auxílio para a rotina corrida e tantos compromissos.
“Eu entro na play store [loja de aplicativos para celulares androids], vejo o que está em alta e baixo. Acho divertidíssimo. Tenho aplicativos para controlar minha contas, de farmácia, mercado, academia, FGTS, carteira de trabalho, dieta, rotina, todas as redes sociais. Aplicativos de arte e cultura, clube do livro, até de ciclo menstrual tem. Antes eu não lembrava nada das datas do meu ciclo, mas agora não esqueço e entendo melhor o que está acontecendo”.
Quem também faz uso de todos os recursos disponíveis é Diane Vasques, 35 anos. “Hoje em dia, tudo que eu posso coloco no celular, aplicativo do banco, bíblia, devocional, livros também baixo. Porque aí só com celular não preciso carregar mais nada".
A auxiliar administrativa desconhecia a existência dos aplicativos de farmácia, mas conta que vai baixá-los assim que chegar em casa. "Eu uso de tudo, todos os que vêm no celular para baixar, meu serviço acaba pedindo isso de mim. Calendário, despertador, são os que eu mais uso, aí depois vem o WhatsApp e o insta”.
Impactos psicológicos - Na avaliação da psicóloga comportamental, Isabela Romanini, o uso de aplicativos não atrapalha se bem dosado.
“Vai existir aplicativos para tudo e o disfuncional não é o ele em si, é quando eu só sei me relacionar com o mundo através deles. Vai muito da personalidade da pessoa, muitas pessoas, principalmente os mais jovens, se adaptam muito bem e funcionam pelo aplicativo e tá tudo bem. A tecnologia em si, ela não é a vilã. Em muitos casos mais ajuda do que atrapalha”.
Ela explica que o que caracteriza um hábito como prejudicial é ser dependente daquilo, ou seja, não conseguir se relacionar ou existir fora da tela.
“Eu posso usá-los, mas o disfuncional talvez seja quando eu só sei usá-los ou quando não sei mais não usá-los. Quando eu não consigo mais frequentar um restaurante de tanto que peço ifood. Quando não consigo mais ir e me sentar, fazer um pedido, conversar com um garçom porque tenho vergonha das pessoas.
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