Na ‘terra do sertanejo’, Gio tenta emplacar com reggaeton
Conhecida como ‘A Brasiguaia’, artista sul-mato-grossense une o melhor das duas culturas em suas composições
Nascida na fronteira de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, a cantora e compositora Gio Resquin, de 25 anos, encontrou na arte uma maneira de expressar o amor pela dupla nacionalidade, unindo o melhor das duas culturas em suas produções. Conhecida como ‘A Brasiguaia’, a artista sul-mato-grossense mistura os ritmos reggaeton, kachaka e cumbia, com letras que misturam os idiomas português e espanhol.
O termo ‘brasiguaia’ surgiu quando ela começou a se reconectar com suas raízes. Filha de mãe paraguaia e pai brasileiro, nada define melhor Gio do que carregar o melhor das duas culturas em seu sangue, por isso, quando decidiu se reinventar enquanto artista, relata que resolveu trazer essa mistura para a sua música.
“Sempre senti falta da minha terra natal, então decidi homenagear essa riqueza cultural, além dos meus conterrâneos e família de lá. Quando cheguei em Campo Grande, foi um choque perceber que a cidade não tinha referências de ritmos como reggaeton, kachaka e cumbia, que sempre fizeram parte da minha vida. Quando canto sobre a fronteira, canto sobre minha história”, expressa.
Gio detalha que suas composições são extensões do seu diário pessoal, em que ela transforma situações reais vividas por ela, como momentos felizes, tristes e decepções amorosas, em músicas. Seu último projeto, ‘Brasiguaia’ aborda o processo de redescoberta como fronteiriça.
“Ser ‘brasiguaia’ é ter orgulho de quem eu sou e de onde venho. Carrego essas duas bandeiras com orgulho porque amo tudo o que vivi durante meus 17 anos na fronteira. Quando me mudei para Campo Grande, percebi que a vivência fronteiriça era única, seja na comida, na língua ou na música”, acrescenta.
Gio começou a cantar aos sete anos, na igreja, e sua primeira professora de música foi sua mãe, que lhe ensinou a tocar violão. Aos 13 anos, comecei a postar covers no YouTube e, aos 17, ainda morando na fronteira, passou a tocar em barzinhos da cidade. Nessa época, a artista revela que perdeu o pai, o que a fez se distanciar da música.
A artista relata que passou anos sem produzir nada, período em que também precisou enfrentar uma depressão profunda. Durante a pandemia, conta que passou a se questionar sobre o futuro, momento em que decidiu investir novamente na música, dessa vez de maneira profissional.
Com a ajuda de seus seguidores, fez uma vaquinha online e conseguiu o recursos para gravar seu primeiro EP autoral, onde lançou três músicas: "O Mundo é Meu Lar", "Pronta pra Voar" e "Calma".
“A música ‘Calma’ foi finalista do Festival Universitário da Canção e é uma música muito importante para mim, pois fala sobre a superação de um abuso. Nesse período, fiz um documentário nas minhas redes sociais incentivando outras mulheres a falarem sobre o assunto”, destaca Gio.
‘O Mundo é Meu Lar’ fala sobre mudanças pessoais e principalmente se libertar do julgamento alheio, e junto dela foi lançada a tradução em libras. Já ‘Pronta pra Voar’, fala principalmente sobre empoderamento feminino, e não temer expressar a própria opinião.
Apesar de ter obtido sucesso com seu primeiro projeto,a artista relata que não sentia que havia encontrado seu estilo, e por isso decidiu inovar, como uma das poucas artistas de Mato Grosso do Sul a fazer música voltada para o ritmo reggaeton, misturando português e espanhol.
Seu primeiro projeto nessa nova fase foi o live session ‘Brasiguaia’, onde ela explora uma mistura de ritmos tradicionais, com o eletrônico do reggaeton e o pop. “Meu objetivo foi homenagear minha família, meus antepassados e meus conterrâneos com minha arte, além de apresentar uma nova leva da música. Uma mistura do passado e do presente, com ritmos tradicionais e os mais modernos”.
A carreira de Gio agora passa para um novo patamar, com a música ‘Brasiguaia’, que foi selecionada para fazer parte do álbum "Reggaeton Brasil Volume 4", produzido pelo portal Reggaeton Brasil, o maior do gênero no país.
O trabalho da artista foi selecionado por um júri de peso, com artistas e produtores especialistas em Reggaeton, dentre eles, Dermeval Neves, conhecido como ARPE, fundador do portal Reggaeton Brasil e apelidado de ‘Paladino do Reggaeton’ pela Billboard nacional, e o produtor musical porto-riquenho DJ Blass, jurado do Grammy, e um dos pioneiros no reggaeton.
“Esse reconhecimento é muito importante, pois mostra que estou no caminho certo, levando a nossa cultura para um público nacional”, finaliza.
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