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Comportamento

Não é terapia, mas é terapêutico: hobby é pausa necessária na rotina

Seja voltar a dançar ou fazer crochê, investir em nossos hobbies são são fundamentais, segundo psicóloga

Por Idaicy Solano | 17/07/2024 07:12
No centro do palco, Denize se apresenta novamente, após passar vários anos sem dançar (Foto: Arquivo Pessoal)
No centro do palco, Denize se apresenta novamente, após passar vários anos sem dançar (Foto: Arquivo Pessoal)

É comum ouvir as pessoas dizerem que ‘não é terapia, mas é terapêutico’ ao realizarem alguma atividade ligada ao seu bem estar. Desde ler um livro, cozinhar, ir ao cinema, cuidar de plantas, e até mesmo ter momentos de cuidados pessoais, há uma infinidade de atividades que podem ser consideradas o equivalente a frequentar uma sessão de terapia.

Ter hobbies, investir em momentos de lazer e descanso, sozinho ou ao lado de quem se ama, praticar rotinas de auto cuidado, ou qualquer outra atividade que traga conforto emocional, também são necessários para ajudar na autoestima e evitar ser ‘engolido’ pelas obrigações diárias.

De acordo com a psicóloga Suzana Caús dos Santos, de 28 anos, ter nossos hobbies, investir em lazer e momentos com pessoas que são importantes no nosso dia a dia e ter momentos de autocuidado, são fundamentais para descansar a mente das obrigações diárias, sejam elas estudos, trabalho ou cuidar da casa e da família.

“São pequenas pausas que nos recarregam para que possamos cumprir com os nossos papeis sociais (ser pai/mãe, filha, funcionária (o), esposa (o), chefe). Dedicar-se a nós mesmos tem o potencial de nos manter mais seguros, focados, com a sensação de bem estar, já que desta forma olhamos também para as nossas necessidades” explica a profissional.

Por diversos anos, a videomaker Denize Rocha, de 24 anos, sonhou em voltar a dançar balé, atividade que praticava quando era criança. Ela relata que praticou a dança entre os anos de 2005 e 2008, até se mudar com a família para o interior de Mato Grosso do Sul, o que a fez precisar abandonar o hobby. Por se tratar de uma atividade cara de bancar, ela só teve a oportunidade de se reconectar com o balé este ano, já na vida adulta.

Denize retornou para os palcos dia sete de julho, após passar longos anos sem dançar. Para ela, a sensação de se apresentar para a plateia foi “magica”, e ela relatou que o momento foi repleto de emoção, pois a fez se lembrar da infância.

“Eu casei e meu marido perguntou o que eu tinha vontade de fazer, e eu disse pra ele que sempre quis voltar a fazer balé, e ele me incentivou. Depois que eu voltei, muita coisa mudou. A minha autoestima melhorou, fiquei muito mais animada, me senti criança novamente. Minha disposição também mudou, a ansiedade diminuiu, eu me sinto mais calma, quase não fico doente, parece que a atividade me fez muito bem”, declara Denize.

Denize estava irradiante no dia de sua apresentação, no início deste mês (Foto: Arquivo Pessoal)
Denize estava irradiante no dia de sua apresentação, no início deste mês (Foto: Arquivo Pessoal)

A acadêmica de licenciatura em matemática, Raquel Cenciarelli, de 22 anos, relata que nutre paixão pela música desde a infância, e seu primeiro hobbie foi participar do coral da escola e tocar violino. Conforme ia crescendo, novas atividades foram surgindo, e ela trocou o violino pelo violão.

Ela conta que sempre anda com agulha e linha dentro da mochila. Isso porque o hábito de fazer crochê é uma atividade que auxilia a jovem em momentos que se sente afetada pela ansiedade. Além disso, Raquel também é apaixonada por futebol desde a adolescência, e declara que não perde nenhum jogo do Flamengo, time para o qual ela torce.

“Pra mim, música com certeza é terapêutico. Não tem nada que muda nosso humor instantaneamente do que escutar música, e tocar violão vai meio que nesse caminho. Me acalma muito principalmente em momentos de ansiedade, assim como o crochê, porque são atividades que exigem uma concentração no movimento, e esqueço do resto do mundo”, detalha Raquel.

Raquel durante uma viagem para Araraquara, quando foi assistir um jogo da seleção feminina brasileira; ela relata que um meião de uma das jogadoras nesse dia (Foto: Arquivo Pessoal)
Raquel durante uma viagem para Araraquara, quando foi assistir um jogo da seleção feminina brasileira; ela relata que um meião de uma das jogadoras nesse dia (Foto: Arquivo Pessoal)

A universitária Sara Evelyn, 24, é apaixonada por música e cinema. Para ela, preencher as páginas de seu ‘movie journal’ - diário de filmes - com suas séries e filmes favoritos, pode até não ter terapia, mas tem efeito terapêutico.

“Eu colo imagens dos filmes, escrevo um pouquinho e enfeito as páginas com adesivos, colagens. Eu tento fazer isso pelo menos uma vez na semana, num momento que estou mais tranquila”, detalha.

Fora isso, a universitária revela que sempre que pode vai ao cinema, e gosta de sair para tomar café em padarias com sua família. “ Podemos conversar, rir e planejar coisas enquanto comemos algo gostoso”.

Apesar da expressão popular, a psicóloga Suzana destaca que práticas que proporcionam o bem-estar não substituem a terapia, mas juntar os dois, potencializa o tratamento, no caso de pessoas que necessitam de acompanhamento psicológico.

A terapia, conforme explica Suzana,  é de suma importância para tratar crenças ou apego a situações adoecedoras, elaborar novas formas de lidar com desafios do dia a dia e até aprender a priorizar momentos de lazer e autocuidado.

“Não é incomum vermos que as pessoas sobrecarregadas de funções, são mais adoecidas psiquicamente e geralmente priorizam as necessidades de outras pessoas ao invés da suas. A terapia é o lugar de aprender sobre aceitação, identidade, resgate da auto estima, habilidades, entre tantos outros potenciais que às vezes não nos damos conta”, finaliza a profissional.

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