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Comportamento

Não foi nada fácil, mas o coletor menstrual mudou a minha vida

A repórter do Lado B descreve sua jornada com o "copinho" e como ele mudou toda relação dela com o corpo

Bárbara Cavalcanti | 17/11/2021 09:03
Coletor menstrual da repórter do Lado B. (Foto: Bárbara Cavalcanti)
Coletor menstrual da repórter do Lado B. (Foto: Bárbara Cavalcanti)

O uso dos coletores menstruais se popularizou há alguns anos. Esta repórter do Lado B é uma das que se aventurou com esse produto e que conta tudo sobre a experiência.

O copinho menstrual mudou minha vida e toda a minha relação com a menstruação para sempre. Graças ao copinho, passei a reparar mais nos sinais que meu corpo dá e criei toda uma relação diferente também com meu ciclo.

Eu ouvi falar do coletor menstrual pela primeira vez uns 6 anos atrás. Li muitos blogs, assisti inúmeros vídeos na internet e até conversei com algumas mulheres que também usavam, mas não conseguia me convencer de que aquilo daria certo para mim.

Comprei meu primeiro copinho, da marca Inciclo, em 2018 e no primeiro uso, chorei no banho, porque ele continuava vazando. Em defesa do copinho, naquele mesmo dia, eu tinha caído no choro com um comercial de xampu.

Eu não conseguia por nada nesse mundo fazer o copinho abrir depois de inserido e só de olhar para ele, eu já ficava com raiva. O primeiro aprendizado de todos está aí: não deixar para testar o copinho pela primeira vez quando estiver literalmente no período mais sensível do mês. E é preciso se tocar muito e não, não é tão bom quanto alguns imaginam.

Na menstruação seguinte, eu não queria nem olhar para a cara do negócio, mas saber que eu tinha gastado quase uns R$ 100, que agora ficariam à toa, doeu na consciência. Só no terceiro mês, resolvi voltar a dar uma chance ao produto, que no final das contas, foi a tentativa que começou a dar certo. E mais uma dica valiosa: se você está tensa, nada vai funcionar. É preciso, realmente, se esforçar para relaxar todos os músculos.

Mas não me arrependo nem um pouco em ter insistido. Graças ao copinho, agora, eu sei coisas como a altura do colo do meu útero, tenho uma noção muito melhor do meu fluxo de sangue ao longo da semana e aprendi a simplesmente deixar meu corpo em paz durante o período menstrual quando tudo incomoda.

Também comecei a reparar que o que me dava nojo “da minha menstruação” era muito mais o absorvente do que o sangramento em si. Antes, eu enxergava só a menstruação. Agora, depois do uso do copinho, passei a me dar conta do ciclo completo e a reparar em como meu corpo muda ao longo do mês.

Ano passado, eu me fiz o favor de deixar meu coletor cair no vaso. Aqui, uma terceira lição: nunca, jamais, nem depois de 400 fervuras em sei lá, soda cáustica, se deve voltar a usar um copinho que caiu no vaso sanitário. Aproveitei a oportunidade para adquirir um de uma outra marca, o Korui, conhecida como a marca da Bela Gil.

Esse é um dos lados “ruins” do copinho, pois com uma variedade de marcas, formatos e as próprias diferenças entre as anatomias femininas, nem sempre todas acertam o ideal logo de primeira. E é um produto caro, na faixa de preço dos R$ 100, incluindo o frete, então não é todo mundo que tem o dinheiro para simplesmente comprar vários copinhos menstruais e ver qual é o melhor.

O valor se justifica por ser um investimento a longo prazo, porque a validade de um coletor menstrual é em média 5 anos. E também sinto que o marketing dessas empresas, a cada ano que se passa, fica ainda mais pesado em fazer um trabalho voltado não apenas para a mulher conhecer o produto, mas para ela conhecer o próprio corpo, o que, com um pouco de pesquisa, reduz as chances de erro.

Nos meus ciclos, depois que comecei a usar o coletor, percebi o quão pouco algumas mulheres sabem sobre o próprio corpo. Lembro de ter conversado com uma amiga que já é mãe e ela me dizer que desconfiava que o negócio ia “sumir lá dentro”.

Nos fóruns on-line inclusive, essa é uma das dúvidas mais frequentes. E não, não tem como o você “absorver” o copinho, pois o canal vaginal é mais ou menos do tamanho de um dedo e não um buraco negro capaz de engolir coisas e sumir com elas para sempre.

Para mim, a segunda aquisição foi a que funcionou melhor, mas não só porque dessa vez eu estava mais experiente no assunto. O Korui tem uma estrutura um pouco diferente do Inciclo, que se encaixa melhor em mim, além de ter uma capacidade de coleta um pouco maior.

No final das contas, amo o meu copinho, não vivo sem ele, mas ainda não consegui abolir o absorvente por completo. E isso não é um caso isolado, pois são vários os relatos de mulheres com fluxos intensos que, assim como eu, não têm como esvaziar o coletor a cada 2 horas, que é basicamente o que acontece comigo nos primeiros dias de menstruação.

Graças ao copinho, a quantidade de absorventes que eu preciso usar diminuiu absurdamente e vazamentos são praticamente inexistentes. Pelos meus cálculos, eu precisaria de um coletor com uma capacidade maior, que eu sei que existe de outra marca, mas aí já é projeto para uma hora em que meu dinheiro estiver sobrando.

Mas eu continuo jurando pelo coletor menstrual, porque essa jornada de autoconhecimento na minha vida não teria existido sem ele. No final das contas, é muito mais sobre isso, sobre a conexão com o próprio corpo. Tudo que incentiva a mulher a se conhecer melhor, para mim, já valeu a pena.

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