Nas ondas de Moçambique, amigos são “S.O.S” e ensinam crianças a surfar
Três engenheiros estão no sul da África e aproveitam profissão para devolver água potável e esperança à população
Gabriel Carrião, Gerson Severo e Rômulo de Lima deixaram o Brasil para ajudar pessoas em situação de risco no sul da África. Eles são engenheiros e usam da profissão para devolver água potável à população de Moçambique e ainda vão além. Também ensinam crianças e adolescentes a surfar. No país, criaram o projeto “Lwandi Surf”.
“Trabalhamos com crianças de 11 a 17 anos, em situação de risco. Damos aula de surf, pois isso melhora a autoestima. Fazemos também atividades de yoga e meditação que ajudam no foco, concentração e ainda ensinamos inglês e conversamos com os alunos sobre coisas da vida porque queremos que consigam bolsa de estudos e boas oportunidades de emprego”, diz Gabriel.
Ele tem 26 anos e está de visita em Campo Grande, onde mora parte da família. Gabriel se uniu a Gerson e Rômulo, que é campo-grandense para levar a esperança aos moçambicanos. Eles são o “S.O.S” que embarcaram para o local com a missão de ajudar os menos favorecidos. Tudo começou em 2017, quando Gabriel e Gerson foram convidados para participar de um projeto social que construiu poços artesianos nos vilarejos.
“Um amigo chamado André Nakaema mora no País há seis anos e é engenheiro mecânico. Ele chamou a gente para o projeto, pois precisavam fazer poços artesianos em locais adequados para distribuir a água potável à comunidade. Ficamos 40 dias na cidade de Dondo e entregamos dois poços”, lembra.
Gabriel recorda da alegria dos moradores ao saberem que a construção deu certo. “O que mais nos impactou por lá foi ver a pobreza e saber que mesmo assim são felizes. Fizeram uma festa em volta do poço e deram uma galinha e uma cabra como agradecimentos”.
Após a entrega, um moçambicano se aproximou dos brasileiros agradecendo e disse “agora que já sabem da nossa realidade, o que vão fazer daqui pra frente?”. A pergunta ficou martelando na cabeça dos amigos, mas Gabriel e Gerson precisaram retornar para o Brasil. Em 2018, eles concluíram a graduação em Engenharia e decidiram voltar a Moçambique neste ano.
Desta vez, convidaram Rômulo, que já participava de projetos sociais. O campo-grandense aceitou o convite e embarcou com os amigos com a proposta de trabalhar para desenvolvimento humano. Eles desembarcaram em abril na capital de Moçambique, onde foram acolhidos por um morador que atua no saneamento básico.
“Demos apoio para a empresa dele e conseguimos otimizar a produção que é voltada para pessoas de baixa renda. Depois fomos para a Ponta do Ouro, que é um local de praia, e a partir daí surgiu a ideia de trabalhar com crianças e adolescentes. O Rômulo já tinha experiência com educação e eu com surf”, conta Gabriel.
Sem patrocínio, os amigos tiveram até que vender bombons para conseguir dinheiro para sobreviver. Em outubro, realizaram uma vaquinha on-line e arrecadaram quase dez mil reais, que usaram para comprar materiais para trabalhar com alunos.
Ensinaram a subir na prancha, manter o equilíbrio nas ondas do mar, a ler e escrever em inglês. Recentemente, conseguiram apoio da empresa Baleia Solidário e para 2020 querem receber mais voluntários, principalmente mulheres para atender as jovens do país. Acompanhe os passos do projeto e saiba com ajudar pelas redes sociais "Lwandi Surf" no Facebook e também Instagram.