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Comportamento

Ninguém é mais cara de pau em Campo Grande do que cliente em rodízio de sushi

Ângela Kempfer e Anny Malagolini | 12/09/2013 06:41
Ninguém é mais cara de pau em Campo Grande do que cliente em rodízio de sushi
Em casas de sushi, atendentes ficam de olho mas sempre tem alguém querendo trapacear no rodízio. (Fotos: João Garrigó)

Nem em rodízio de churrascaria cliente é tão folgado quanto nas casas de sushi de Campo Grande. O que não falta é reclamação dos proprietários e histórias sobre manobras que clientes caras de pau usam para comer e não pagar. Para amenizar a relação conturbada entre as partes, o Lado B deixa a dica: Por mais que você pense que ninguém está olhando, todo mundo sabe o quanto você beliscou do prato do vizinho.

No meio de um grupo, sempre tem alguém jurando que não vai comer, mas que fica a noite toda mastigando. O maior problema é que a folga de muitos acaba obrigando os restaurantes a estabelecerem regras que prejudicam todo mundo.

No Nagai, por exemplo, na Vila Bandeirantes, até pouco tempo era possível, inclusive, levar para casa o sushi que sobrou no prato, mediante ao pagamento de uma taxa. No local, o rodízio não é no esquema de bandejas e sim em porções. Mas os adeptos ao jeitinho brasileiro abusaram da boa vontade, passaram a pedir várias repetições só para garantir a matula, e a casa foi obrigada a cortar essa possibilidade de embalar para mais tarde.

“Ficamos muito chateados na semana passada. Um grupo de meninas sempre vinha e pedia repetições para poder levar para casa. Daí a gente disse que não era mais permitido. O grupo então respondeu que se elas não levassem, o restaurante também não ia ficar com nada e despejaram quase um vidro de shoyu para estragar o prato”, conta Yvy Samegima, uma das sócias do Nagai. Resultado: além do desperdício do sushi, ainda houve o prejuízo com o molho.

Ela conta que é muito comum casais pedirem um rodízio simples e um completo, assim os dois vão ludibriando o restaurante e comendo de tudo. “Tem dois casais que sempre fazem isso. Sentam no cantinho e acham que ninguém está vendo”, lembra a empresária.

Por enquanto, os restaurantes ainda têm valores diferenciados. No Nagai, o mais caro custa R$ 45,00 com direito a tudo que está no cardápio e o mais barato sai por R$ 25,00, restrito só ao sushi.

As alternativas existem em qualquer casa para beneficiar quem come menos. Mas até isso pode acabar e um preço médio ser fixado porque sempre aparece alguém querendo levar vantagem.

“Já pensamos em uma cota única. Só vi em Campo Grande essa diferença de rodízio completo e simples. Em nenhum outro lugar é assim”, diz o responsável pelo Sushi Mania, Wagner Silva.

A dificuldade é advertir o folgado, sem parecer rude e acabar detonado nas redes sociais. O método é avisar antes de começar a servir e alertar a pessoa quando ela sai da linha. “Quando alguém pede o simples e vai comendo do completo do vizinho, a orientação é ir até a mesa e dizer que infelizmente para participar do rodízio de sashimi é preciso pagar mais”, diz Wagner.

Segundo ele, chega a ser surreal a conversa com algumas pessoas. “Tem casal que diz que os dois vão comer o mesmo rodízio, mesmo depois da gente avisar que é individual. Falam que é porque um não gosta de sobá e daí o outro come. É a mesma coisa que na churrascaria dizer que vão rachar um só rodízio porque um não gosta de picanha e o outro não come costela”, brinca.

Ninguém é mais cara de pau em Campo Grande do que cliente em rodízio de sushi
Léia lembra que tem gente que abusa no restaurante.

Cara dura - Em um dos locais mais movimentados de Campo Grande, nem o fluxo de 300 clientes em média por dia impede que os atendentes vejam cada coisa. “Tem gente que passa comida por debaixo da mesa”, comenta a proprietária do Sushi Ya, Léia Statsman.

Em 5 meses de funcionamento na rua José Antônio, muita gente já tentou trapacear. Quando o cliente come mesmo, sem pudor, o rodízio é cobrado na saída e ao saber do “flagrante”, a desculpa mais comum é “eu só experimentei”.

Léia também reforça que a tática mais recorrente é pedir um completo e outro simples, para um beliscar o temaki e o sashimi do outro. Mas alguns são bem mais do tipo “cara dura”. “Um dia uma senhora pediu o rodízio e o homem que estava com ela pediu um sobá. Mas ele ficou o tempo todo comendo com ela. Na hora de pagar a conta, acrescentamos mais um rodízio e a mulher acabou fazendo um vexame”, lembra a empresária.

O pior, é que nada parece fazer efeito. Nos restaurantes, sempre há plaquinhas do tipo “o rodízio é individual”, para fazer todo mundo acionar os desconfiômetros.

Para o time do outro lado, o de bons clientes, Léia avisa que não há problema em fazer a degustação, desde que o jogo seja limpo. “Quando a pessoa pergunta se pode experimentar, porque não conhece, a gente faz questão de atender. É do nosso interesse incentivar a pessoa a gostar da comida japonesa”, comenta.

Ivy também aproveita para agradecer a colaboração dos bons clientes e dar uma sugestão de cordialidade. “Tem gente que é muito legal. Uma vez, um grupo veio comer e uma amiga chegou depois e começou a degustar, apesar de dizer que não gostava e que não ia comer. Na hora de pagar a conta, uma das pessoas do grupo pediu desculpas e pagou pelo rodízio da amiga”.

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