No Carnaval, Iphan quer mostrar ao folião a importância da Esplanada
Em parceria com líderes de blocos, Iphan pretende promover educação patrimonial sobre o complexo ferroviário
Cenário conhecido no Carnaval, a Esplanada Ferroviária está no centro dos debates que movimentam a organização da festa popular em Campo Grande. Com o objetivo de fazer com que as pessoas reconheçam a importância do espaço, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) busca apoio dos líderes dos blocos de Carnaval.
Organizadores, empresários e representantes do instituto em Mato Grosso do Sul estiveram juntos na tarde de quarta-feira (24) para pensar em formas de valorizar o complexo que é patrimônio histórico da Capital. A antiga ferroviária é um local conhecido pelos foliões, porém não são todos os moradores da cidade que conhecem a história do local, enquanto outros sequer sabem o que é a Esplanada Ferroviária.
Esses dois pontos foram um dos motivos que levaram o superintendente do Iphan, João Henrique dos Santos, a organizar a reunião com os responsáveis por colocarem os blocos de Carnaval na Avenida Calógeras e as ruas adjacentes do complexo ferroviário.
Ao Lado B, ele explica que o Carnaval é uma oportunidade para promover o trabalho educacional e mostrar às pessoas que a Esplanada Ferroviária é um espaço democrático que deve ser ocupado.
“Levando em consideração a importância desses espaços queremos que o Carnaval seja uma oportunidade de educação patrimonial e que as pessoas que venham curtir o Carnaval percebam a importância desses espaços. A gente acredita que é uma oportunidade para que as pessoas percebam, reconheçam e se sintam parte desses espaços”, destaca.
Sobre a educação patrimonial, o arquiteto e professor comenta que o instituto desenvolve o trabalho em parcerias com escolas. Durante as visitas de alunos, ele observa que a maioria não sabe o quanto a região foi importante para a formação de Campo Grande.
“A gente recebe muitas escolas e poucos alunos, dos mais novos aos mais velhos, conhecem essa região. Não conhecem a Rotunda, não sabem como funcionava o trem, não sabem da importância dessa área descampada do gramado, nem sabem que passava o trem”, afirma.
Com o apoio dos organizadores dos blocos de Carnaval, o objetivo é que esse conhecimento seja espalhado durante a folia. Além do Carnaval, o superintendente ressalta que as pessoas devem ter o direito de ocuparem o lugar o ano inteiro.
“A gente quer que o espaço seja apropriado todos os anos, mas que o Carnaval seja o ápice. Pensar no Carnaval hoje em Campo Grande é pensar na ferrovia, esse é o lugar mais apropriado. A gente fala que estamos aqui numa materialidade, a cidade é uma matéria e ela só tem sentido quando as pessoas ocupam. Isso aqui vazio não tem sentido nenhum”, ressalta.
Coordenadora do Escritório do Ministério da Cultura de Mato Grosso do Sul, Caroline Garcia lembra que estar e ter acesso ao Centro de Campo Grande não é um direito que todos conseguem exercer. O Carnaval, segundo ela, é uma oportunidade para as pessoas também terem acesso à cultura.
“Para além da educação patrimonial é uma oportunidade muitas vezes única das pessoas que moram em regiões distantes estarem e ocuparem o Centro. O Centro guarda muito da nossa história, ele traz uma questão de sentimento de pertencimento, é importante estar aqui e que as pessoas da periferia se sintam parte dessa cidade e livres para frequentar os espaços culturais”, pontua.
Frequentar esses espaços culturais, como a Esplanada Ferroviária, é uma forma de conservar parte da história da Capital. Representando a Sectur, Beto Figueiredo, enfatiza que levar o conhecimento a população é algo que irá auxiliar nesse processo.
“Ao mesmo tempo que temos o Carnaval devemos falar a história desse espaço, vincular todas essas ações a esse complexo. As pessoas que virem aqui não podem só passar por aqui sem saberem onde estão e porquê estão aqui. É possível falar dessa educação patrimonial com a linguagem de vocês. [...] Preservar não é abandonar, deixar lá, preservar é saber utilizar o espaço. Quanto mais soubermos utilizar, mais esse espaço será preservado”, comenta.
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