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Comportamento

No Carnaval, Iphan quer mostrar ao folião a importância da Esplanada

Em parceria com líderes de blocos, Iphan pretende promover educação patrimonial sobre o complexo ferroviário

Por Jéssica Fernandes | 25/01/2024 07:36
Esplanada Ferroviária na Avenida Calógeras é principal cenário do Carnaval. (Foto: Paulo Francis)
Esplanada Ferroviária na Avenida Calógeras é principal cenário do Carnaval. (Foto: Paulo Francis)

Cenário conhecido no Carnaval, a Esplanada Ferroviária está no centro dos debates que movimentam a organização da festa popular em Campo Grande. Com o objetivo de fazer com que as pessoas reconheçam a importância do espaço, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) busca apoio dos líderes dos blocos de Carnaval.

Organizadores, empresários e representantes do instituto em Mato Grosso do Sul estiveram juntos na tarde de quarta-feira (24) para pensar em formas de valorizar o complexo que é patrimônio histórico da Capital. A antiga ferroviária é um local conhecido pelos foliões, porém não são todos os moradores da cidade que conhecem a história do local, enquanto outros sequer sabem o que é a Esplanada Ferroviária.

Esses dois pontos foram um dos motivos que levaram o superintendente do Iphan, João Henrique dos Santos, a organizar a reunião com os responsáveis por colocarem os blocos de Carnaval na Avenida Calógeras e as ruas adjacentes do complexo ferroviário.

Reunião entre Iphan e os líderes dos blocos aconteceu na quarta-feira (24). (Foto: Paulo Francis)
Reunião entre Iphan e os líderes dos blocos aconteceu na quarta-feira (24). (Foto: Paulo Francis)

Ao Lado B, ele explica que o Carnaval é uma oportunidade para promover o trabalho educacional e mostrar às pessoas que a Esplanada Ferroviária é um espaço democrático que deve ser ocupado.

“Levando em consideração a importância desses espaços queremos que o Carnaval seja uma oportunidade de educação patrimonial e que as pessoas que venham curtir o Carnaval percebam a importância desses espaços. A gente acredita que é uma oportunidade para que as pessoas percebam, reconheçam e se sintam parte desses espaços”, destaca.

Sobre a educação patrimonial, o arquiteto e professor comenta que o instituto desenvolve o trabalho em parcerias com escolas. Durante as visitas de alunos, ele observa que a maioria não sabe o quanto a região foi importante para a formação de Campo Grande.

Superintendente do Iphan, João Henrique fala sobre educação patrimonial. (Foto: Paulo Francis)
Superintendente do Iphan, João Henrique fala sobre educação patrimonial. (Foto: Paulo Francis)

“A gente recebe muitas escolas e poucos alunos, dos mais novos aos mais velhos, conhecem essa região. Não conhecem a Rotunda, não sabem como funcionava o trem, não sabem da importância dessa área descampada do gramado, nem sabem que passava o trem”, afirma.

Com o apoio dos organizadores dos blocos de Carnaval, o objetivo é que esse conhecimento seja espalhado durante a folia. Além do Carnaval, o superintendente ressalta que as pessoas devem ter o direito de ocuparem o lugar o ano inteiro.

“A gente quer que o espaço seja apropriado todos os anos, mas que o Carnaval seja o ápice. Pensar no Carnaval hoje em Campo Grande é pensar na ferrovia, esse é o lugar mais apropriado. A gente fala que estamos aqui numa materialidade, a cidade é uma matéria e ela só tem sentido quando as pessoas ocupam. Isso aqui vazio não tem sentido nenhum”, ressalta.

Coordenadora do MinC, Caroline Garcia fala sobre acesso da população ao Centro. (Foto: Paulo Francis)
Coordenadora do MinC, Caroline Garcia fala sobre acesso da população ao Centro. (Foto: Paulo Francis)

Coordenadora do Escritório do Ministério da Cultura de Mato Grosso do Sul, Caroline Garcia lembra que estar e ter acesso ao Centro de Campo Grande não é um direito que todos conseguem exercer. O Carnaval, segundo ela, é uma oportunidade para as pessoas também terem acesso à cultura.

“Para além da educação patrimonial é uma oportunidade muitas vezes única das pessoas que moram em regiões distantes estarem e ocuparem o Centro. O Centro guarda muito da nossa história, ele traz uma questão de sentimento de pertencimento, é importante estar aqui e que as pessoas da periferia se sintam parte dessa cidade e livres para frequentar os espaços culturais”, pontua.

Frequentar esses espaços culturais, como a Esplanada Ferroviária, é uma forma de conservar parte da história da Capital. Representando a Sectur, Beto Figueiredo, enfatiza que levar o conhecimento a população é algo que irá auxiliar nesse processo.

“Ao mesmo tempo que temos o Carnaval devemos falar a história desse espaço, vincular todas essas ações a esse complexo. As pessoas que virem aqui não podem só passar por aqui sem saberem onde estão e porquê estão aqui. É possível falar dessa educação patrimonial com a linguagem de vocês. [...] Preservar não é abandonar, deixar lá, preservar é saber utilizar o espaço. Quanto mais soubermos utilizar, mais esse espaço será preservado”, comenta.

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