O que leva centenas de jovens a gritar "Bolsomito Presidente" em Campo Grande?
Mais de 350 pessoas foram até o aeroporto de Campo Grande no início da tarde desta quinta-feira (9) para recepcionar o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC). Polêmico, quando não é o próprio a colocar seu nome à disposição para a disputa presidencial de 2018, os seguidores fieis é que tratam de intitulá-lo: "Bolsomito presidente".
Entre gritos e clamores, o Lado B tentou encontrar coerência nos argumentos de quem defende suas ideias. Perguntamos aos eleitores declarados de Bolsonaro, por que você o defende? Os depoimentos, na íntegra, estão descritos abaixo:
César Augusto Vargas, estudante, 18 anos e morador do bairro Santo Antônio, era um dos jovens que engrossaram o coro de gritos a Bolsonaro. "Eu me apropriei das ideias dele como as melhores para o Brasil. Uma possível solução para a corrupção, colocando em conta que ele tem um filho deputaod que vai sair a prefeito e está na política há mais de 20 anos. Não tem nenhum caso de corrupção e nem nada contra ele. Todos os que saíram falando, já foi comprovado que não é verdade.
Ele defende a mesma ideia que eu, quanto a corrupção, que deve evitar, a transparência e o voto impresso. A castração química para estupradores e a prisão perpétua. Não deve existir comunismo e nem regalias, então por isso que eu defendo".
Junto de César estava a namorada dele, estudante Rhayra Benites, de 18 anos, que mora com a família no Centro da cidade.
"Além de tudo o que ele falou, meu pai sempre foi envolvido na política e depois que ele morreu, nunca mais encontrei ninguém até meu namorado apresentar o Bolsonaro. Ele é o melhor para o Brasil pelo fato de que é honesto, tem uma família estruturada, que está toda envolvida na política. Todos formados, nenhum vagabundo (desculpa pela palavra). Ele vai saber defender a família, que é o que o Brasil precisa e vai saber levantar a economia que está muito decadente, além de ser o melhor que pode representar a juventude e todas as pessoas do Brasil".
Encostado na parede, depois de muito fotografar Bolsonaro, o designer e fotógrafo free lancer, Felipe Lino, de 19 anos, foi do Taveirópolis até o aeroporto para recepcionar e também registrar esse momento.
"Concordo com quase todas as ideias dele, algumas não dá para aceitar, se bem que já foram desmistificadas, aquele negócio de mulher ser estuprada. Só que tem muito esquerdista batendo nisso ainda, mas ele mesmo já falou que são ideias passadas. Primeiro ele é um cara que está querendo reconstruir o Brasil e também porque ele dá muita importância ao militarismo, que eu gosto bastante, apesar de ter uma aparência diferente assim, eu já servi o Exército", defende.
Ao lado do amigo, João Crisóstomo, de 23 anos, os dois falaram também sobre o discurso em cima da corrupção.
"É uma doença que às vezes temos a impressão que está no DNA dos brasileiros. Mas eu acho que com o tempo e a educação certa, é uma coisa que pode ser combatida. Eu defendo porque ele é uma imagem, uma figura forte que o Brasil precisa hoje, sem contar que as ideias dele se opõem as da esquerda, se opõem às leis comunistas que prejudica o cidadão de bem - pausa para que João explica quem são os "cidadãos de bem" - sou eu, você, a mãe do ciclano que levanta 5h da manhã...Eu vim para mostrar que em Campo Grande tem pessoas de direita, apesar do que aparece e falam em redes sociais, a gente tem essa força e não existe a intolerância. A direita não é intolerante, o Bolsonaro não é intolerante e nem os seguidores dele".
Garçom e estudante de Direito, Lucas de Miranda Melo tem 21 anos e saiu de casa - no bairro Betaville 2 - para dar corpo à manifestação.
"Eu defenso o Bolsonaro porque ele defende os valores da família e está lutando por um Brasil melhor, está atrás dos direitos que foram tirados do PT - pausa para a pergunta: quais direitos? - "Do cidadão de bem ter uma arma em casa e quando o PT tira essa arma dele, ele não tem defesa nenhuma. E ele luta por esse direito e por várias coisas que o pessoal sempre pede.
O Bolsonaro, ele não tem nada contra os gays o que ele não aceita e nenhum pai vai aceitar é o kit escolar gay. Nenhum pai de bem vai querer que seu filho vá na escola para ter uma educação gay. Os que dois homens ou duas mulheres fazem em quatro paredes, o Bolsonaro não quer saber. A única briga com a população LGBT que ele tem é contra o kit escolar. E por ele tambéms er a favor da castração química, que majora a penalidade do estuprador. No caso, o estuprador é sumetido a uma castração voluntária e isso agrava a penalidade dele".
Natália Sanches, 21 anos, mãe e dona de casa, mora no Guanandi e confessa que de início, não conhecia nada sobre política e votava em "qualquer pessoa".
"Eu era desligada, até então conhecia só de direita e esquerda e vi que eu me encontrava mais no grupo da direita, porque na esquerda eu vejo muita libertinagem. Acho que todo mundo tem seus direitos e não adianta querer parar por cima dos meus, que é o PT faz. Eu só não concordo com ele ser contra a adoção por casais homossexuais, mas a gente nunca vai estar 100% com um candidato".
Na mesma onda do "cidadão de bem", o atendente comercial Márcio Leite, de 25 anos, declarou que Bolsonaro não é perfeito, mas "se comparar ele com Lula e Aécio Neves, que são investigados na Lava-Jato, o cara recebeu da Friboi 200 mil reais e fez o favor de devolver, porque ele é honesto. Ele defende direitos humanos para o policial e todo mundo, e os direitos humanos não só para vagabundo e essa questão desarmamentista, ninguém nunca vê um vagabundo entregando sua arma, mas porque o cidadão de bem tem que ir e prestar esclarecimentos para o delegado?" se pergunta.
Comerciante autônomo, Emerson Ferreira do Nascimento tem 44 anos, era raridade entre os jovens no Aeroporto. Saiu do bairro Monte Castelo para acompanhar a chegada do parlamentar e fez questão de frisar que não é funcionário público e nem estava recebendo dinheiro para estar ali.
"O Bolsonaro hoje consegue incorporar o sentimento de uma parte majoritária da nação, que tem expectativa e que procura acreditar que esse país tem solução, apesar de tudo o que a gente está vendo. Ele incorpora esse sentimento de brasilidade, de honestidade e moralidade. Eu defendo porque ele representa essa maioria da população que é conservadora, apesar dos meios de comunicação e movimentos dizerem que não, mas o fato é que o Brasil é majoritariamente conservador.
Em segundo lugar, ninguém o ataca por causa da ética, da moral ou conduta dele dentro da política ou vida pessoal no que tange a moralidade. Falam dele um monte de inverdades, mas ninguém tem o que atacar o Bolsonaro no que diz respeito à ética no campo da política ou mesmo na vida profissional como militar".
Sobre o apelido "Bolsomito", Emerson diz que é um apelido carinhoso, mas que acaba sendo usado para desviar o foco do que Bolsonaro defende.
O deputado veio a Campo Grande participar do lançamento da pré-candidatura do coronel David, deputado estadual pelo PSC e deve permanecer na cidade até essa sexta-feira.