Onze anos após cena que emocionou o país, Nathan vira seminarista
O dia 26 de julho de 2013 ficou marcado no coração do seminarista que fez Papa Francisco chorar
O dia 26 de julho de 2013 ficou marcado no coração do seminarista Nathan de Melo Brito Pires, de 20 anos, que aos nove anos de idade, emocionou o Brasil ao fazer o Papa Francisco chorar. O momento aconteceu durante a Viagem Apostólica da figura religiosa ao país, que teve passagem pelo Rio de Janeiro. Atualmente residindo em Campo Grande, Nathan relembra o momento em que sentiu sua vocação para ser padre falar ainda mais alto.
Nathan é seminarista da Arquidiocese de Campo Grande, e está em seu primeiro ano de discípulo, e primeiro ano da graduação de Filosofia. Natural de Cabo Frio, município do Rio de Janeiro, ele se mudou com a família para Campo Grande em 2018, após sua avó falecer, em decorrência de um câncer.
De família católica com participação assídua nas atividades da igreja, Nathan ingressou no seminário franciscano em 2020, e em 2022, pediu transferência para a arquidiocese de Campo Grande. Atualmente, sua família se mudou para Terenos, e o rapaz continua na Capital para seguir com seus estudos e, futuramente, realizar o desejo de ser padre.
Encontro com o Papa Francisco
Há 11 anos atrás, o Papa Francisco embarcou em sua primeira Viagem Apostólica, que passou pela cidade de Rio de Janeiro, no Brasil. Nathan relembra que ele, a mãe e uma amiga saíram cedo na manhã do dia 26 de julho, para conseguir um bom lugar na Praia de Copacabana para ver o líder católico.
Durante o trajeto, o seminarista conta que foram acabar parando no Bairro da Glória, onde viram um pequeno aglomerado de pessoas. “Perguntamos ao guardinha o que estava acontecendo, ele disse que o Papa ia passar por ali, então descemos do carro e já ficamos esperando”, relembra.
Nathan conseguiu chegar até a grade, e relata com detalhes o momento em que o Papa Francisco entrou em seu campo de visão. “O Bairro da Glória é um bairro muito antigo no Rio de Janeiro, então as árvores são bem altas, frondosas, de copas largas, então é um barro escuro. A hora que o Papa entrou no nosso campo de visão, foi como se uma luz irradiasse do Papamóvel. Nós gritamos ‘viva o Papa, viva o Papa’. Parecia como se fosse de fato uma cena de um filme, o brilho, a luz que emanava do Papamóvel, a experiência é de fato uma experiência de fé”.
Em um momento de coragem, o rapaz, na época criança, pulou a grade para tentar chegar até ele. “Quando eu pulei, eu consegui driblar o primeiro segurança, o segundo segurança, o terceiro eu já não consegui, que me colocou para o lado de dentro da grade”, diz. Nesse momento, Nathan conta que o Papa parou para cumprimentar os fieis, e o avistou na multidão, e lhe chamou. “Nessa hora eu não sei como eu consegui chegar até o papamóvel. As pernas já tremiam, o coração já batia acelerado demais”.
Foram quase dois minutos de conversa com o Papa, e Nathan relembra de ter revelado a figura santa seu desejo de ser padre. “Eu só disse isso a ele, e ele disse ‘reze por mim, que eu oro por ti’. E aí, os seguranças foram me ajudando e me conduziram até a minha família, porque eu também não tinha forças nas pernas, estava chorando muito. Nisso, nós esperamos o Papa passar, e ele nos abençoou mais uma vez lá do Papamóvel”.
“É verdadeiramente uma experiência de fé, não posso dizer que choca, mas é uma experiência que impacta. Eu já tinha o desejo de ser padre, até que foi isso que eu disse ao Papa, mas foi como se fosse jogado gasolina dentro dessa chama da minha vocação. Imagina, uma experiência de fé com o homem de Deus. É assim que eu classifico esse momento”, descreve.
Sobre ter feito o Papa Francisco se emocionar, Nathan revela que no calor do momento, não notou que ele havia chorado, só ficou sabendo momentos depois, ao ver a manchete na televisão com os dizeres ‘Menino emociona o Papa’. “Pra mim, eu só tinha sido mais uma criança que tinha se encontrado com o Papa. Não tinha nem imaginado que tinham feito chorar”.
Depois disso, Nathan voltou para Cabo Frio e deu sequência aos seus estudos no catolicismo. Até que um dia recebeu a visita de um jornalista italiano, que a pedido do Papa, entregou para ele e sua família uma lembrança do líder religioso. “O Papa mandou que fosse entregue 50 réplicas de sua cruz para algumas pessoas de suas famílias e a autorização para uso. Foi uma grande surpresa também, uma outra emoção muito grande, ninguém esperava, nem imaginava disso”.
Já em 2022, ao receber a notícia de que a saúde do Papa Francisco estava debilitada, Nathan enviou uma carta a ele, direto do seminário, com os dizeres ‘Santo Padre, eu te amo’. Nathan não esperava uma resposta, mas quando voltou das férias do seminário, uma feliz surpresa lhe esperava.
“O meu formador me chamou e falou que havia chegado uma carta da nunciatura. Fiquei preocupado, mas quando abri a carta, era uma mensagem do Papa, dizendo que não se esquecera de mim, que reza por mim, que torce pela minha vocação, [desejando] que Deus sempre me incentive a seguir o bom propósito e também deixando a sua bênção apostólica para mim e para a minha família, e mandou um tercinho”, relembra.
‘Berço católico’
A decisão de ser padre veio cedo, ainda criança. “Me recordo que com sete anos, naquelas conversas de pai e filho, ele me perguntava, ‘filho, o que você gostaria de ser quando crescer?’. E eu respondi, ‘papai, eu quero ser padre’. Ele ficou em silêncio e me disse, ‘mas meu filho, eu quero netos’. E eu disse para ele, ‘papai, eu lhe darei uma comunidade de netos’’.
Sua família sempre tratou a decisão de forma natural, apoiando o rapaz durante sua trajetória na igreja.
“Costumo brincar, que nasci de uma família que me deu um berço muito mais valioso que um berço de ouro, me deu um berço católico. A minha vocação se desenvolveu de uma forma muito simples. Sempre gostei muito de ir à missa, mesmo quando pequeno. Eu ia e admirava tudo que acontecia e queria imitar e brincava disso em casa. Então, correspondendo a esse chamado do Senhor, eu disse sim para ingressar no seminário”, finaliza.
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