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Comportamento

Palavras de esperança são maneira de ajudar em 2024

Doação de sangue, contratar funcionários e arrecadar roupas foram opções de quem deseja fazer algo pelo outro

Por Natália Olliver | 03/01/2024 07:42
Adália Ribeiro quer doar sangue como maneira de ajudar ao próximo (Foto: Paulo Francis)
Adália Ribeiro quer doar sangue como maneira de ajudar ao próximo (Foto: Paulo Francis)

Quando o assunto é fazer algo pelo outro, as pessoas logo acreditam que os atos se resumem a doações materiais, mas o que algumas não sabem é que todo fazer é significativo, inclusive no que falamos. Nas Ruas da Capital, palavras de esperança viraram maneira de ajudar o próximo em 2024.

Na segunda reportagem da série 'Cápsulas do Tempo', o Lado B foi ao centro de Campo Grande perguntar o que os as pessoas farão pelo o próximo neste ano. Ao final dos 366 dias, voltaremos a contatá-los para conferir se de fato fizeram o que a falaram.

Nos bancos de concreto da Rua 14 de Julho, o aposentado Rivair Machado de Sousa, 74 anos, é um exemplo de que as pessoas associam ajuda ao dinheiro. Ele conta que não tem condições financeiras e acredita que não tenha nada mais a oferecer.

“Ensinar algo não consigo porque sou quase analfabeto, não tenho estudo, sei muito pouco. Queria ajudar mais as pessoas, mas não faço porque sou aposentado, salário é pouco. A gente procura ajudar sempre que pode, não vamos mudar o problema do mundo, mas contribuir é bom”.  Nesse ano, ele pretende juntar roupas e comida para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Rivair Machado pretende juntar roupas e comida para ajudar pessoas em situação de rua (Foto: Paulo Francis)
Rivair Machado pretende juntar roupas e comida para ajudar pessoas em situação de rua (Foto: Paulo Francis)

Sobre ações que não envolvem dinheiro está a conversa com as pessoas. Daniela Evangelista, de 41 anos, Leva palavras de esperança às ruas. Ela faz isso há alguns anos e pretende manter a atitude durante  2024. O próprio Rivair Machado comenta que já ouviu pessoas na rua e que adora receber uma palavra amiga ou uma mensagem de esperança.

“Eu adoro quando vem me dar uma palavra assim, na rua, não tem coisa melhor”. Daniela acha que a ação contribui muito com a vida de pessoas que precisam de mensagens de amor e fé.

“Geralmente eu falo da palavra de Deus pras pessoas. Acho que é uma ajuda muito grande, falar de uma palavra de esperança para aquele que não tem no momento, que ta sofrendo com algo, passando por problemas seja lá qual for. Eu faço na rua, aparece muito gente sentada em algum lugar público”.

Daniela Evangelista acredita em palavras de esperança como maneira de fazer algo pelo próximo (Foto: Paulo Francis)
Daniela Evangelista acredita em palavras de esperança como maneira de fazer algo pelo próximo (Foto: Paulo Francis)

A técnica de enfermagem também participa de um grupo no Facebook, voltado a mulheres e focado em dar suporte umas às outras nos mais variados assuntos. “Tenho um grupo de mulheres e uma ajuda a outra. Então é dessa forma que ajudo. Eu me sinto bem, levar a palavra esperança é o mais importante. Já recebi e gosto muito”.

Gilmar Salin Amarelo é comerciante na 14 de julho. Para ele, a forma de fazer algo pelo próximo é contratá-los e ensiná-los o que ele aprendeu sobre vendas de cama, mesa e banho. Ele comercializa travesseiros há 8 anos na rua e conta que já viu funcionários abrirem o próprio negócio após trabalharem com ele.

“Eu pretendo ajudar trazendo pra trabalhar comigo, indicando para um emprego, coisas assim. Eu já fiz isso e deu certo. Trouxe uma pessoa, ela veio vender comigo e pretendia abrir o próprio negócio e ajudei. Ela aprendeu aqui e hoje toca o negócio sozinha. A menina que trabalha comigo aprendeu bastante coisa, futuramente eu espero que ela consiga caminhar com as próprias pernas também”.

Gilmar Salin quer contratar pessoas para trabalhar com ele como forma de contrubuir (Foto: Paulo Francis)
Gilmar Salin quer contratar pessoas para trabalhar com ele como forma de contrubuir (Foto: Paulo Francis)

Já para Adália Ribeiro dos Santos, de 65 anos, o que ela fará pelo próximo neste ano é doar sangue. Embora seja um ato simples, para a aposentada é significativo, visto que não doa há anos e colocou a iniciativa como meta para 2024.

“Acho que é uma boa maneira de ajudar, está vindo o carnaval aí e já viu, sempre precisa. A minha meta é isso. Eu dou só uma vez ao ano, mas faz tempo que não vou. Além disso pretendo ajudar pontualmente as pessoas que precisam, a gente junta uma roupa, comida, pede pra outras e assim eu vou.  Se eu posso ajudar eu ajudo”.

Os atos de doação são heranças de família. Acostumada a fazer arrecadações de alimentos e roupas  para pessoas em vulnerabilidade, Adélia comenta que às vezes deixa de comprar algo “supérfluo” para ajudar alguém.

“Eu acho legal ajudar porque a gente não sabe o dia de amanhã, acho que o coração da gente tem que estar aberto. Eu gosto muito, a família é assim, cresci assim”.

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