Para deixar banca com cara de casa, Lu expõe 15 plantas todos os dias
Dona do espaço conta que recolhe os vasos diariamente e cuidados são terapia
Todos os dias, antes de abrir a banca para o público, Lucimar Aparecida Valério, de 64 anos, retira os 15 vasos de planta e decora a lateral da calçada na Rua Antônio Maria Coelho. Apaixonada por cada uma delas, a proprietária conta que o ritual é feito há 27 anos para deixar o serviço com cara de lar.
“Eu plantei todas, guardo elas quando fecho a banca e coloco para fora quando abro. Tem gente que pede, gente querendo comprar, mas eu não vendo não”, conta dona Lu, como é chamada pelos clientes. Desde os vasos até uma árvore na lateral da banca, tudo é motivo de orgulho para a dona da banca.
Sem preguiça de manter o “tira e põe” todos os dias, ela conta que se sente jovem e, por isso, nem o peso da terra é algo que gera incômodo. “Não tenho preguiça de trabalhar e também não tenho de arrumar as plantas, eu gosto de fazer isso. É o que me faz bem”.
Pensando sobre como surgiu a ideia, Lu explica que sempre gostou de plantas e quando viu já estava levando flores para o serviço. “Eu passo mais tempo aqui do que no meu apartamento, então aqui é minha casa no fim das contas. Chego aqui e já vou falando ‘todo mundo bem?’ e coloco elas no lugar certo”.
Inclusive, no apartamento apenas três ou quatro vasos compõem o cenário, como detalha a proprietária. Devido à falta de espaço, as plantas são reduzidas e quando ela quer ter uma nova, o lar é realmente a banca.
“As pessoas passam aqui e falam que elas dão um outro ar para a banca, que aqui é diferente. E eu adoro porque as plantas são minha vida. Quando fico nervosa, estressada, pego as coisas e vou mexer nelas, sempre me ajudam”, diz Lu.
Unindo a história das plantas com a da banca e sua própria vida, ela narra que o carinho pelo trabalho continua forte. “Quando eu peguei a banca, já tinha trabalhado com tanta coisa, mas não sabia nada de banca mesmo. Peguei porque precisava trabalhar e nunca mais abandonei”.
Desde então, ela viu a cidade mudar, muita gente se despedir e, apesar de tudo, não consegue nem se imaginar saindo do ponto. "Se eu sair daqui vou precisar encontrar outra coisa para fazer. Não consigo ficar em casa fazendo nada, se isso acontecer fico doente. então continuo aqui", detalha.
Lu conta ainda que as vendas diminuíram com o decorrer do tempo, mas a clientela segue existindo e, por isso, quer se aposentar por lá.
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