Para livrar cachorro do cansaço, Jorge caminha com Luke nas costas
Jorge diz que chegou em Campo Grande há 20 dias e tem vendido canetas personalizadas para sustentar ele e o cachorro
“Um amigo de verdade não é um peso”, responde Jorge Tadeu Ribeiro, de 59 anos, sobre o esforço diário de levar o pequeno cãozinho Luke nas costas. Há 20 dias, ele chama atenção pelo centro de Campo Grande vendendo canetas e passeando com o cachorro.
Luke tem coleira, e quando está na rua com seu dono permanece amarrado no corpo dele, mas a maior parte do tempo fica nas costas de Jorge. “Os dias estão muito quentes, não posso deixar o Luke caminhar e correr o risco de queimar as patinhas Quando encontro alguma sombra e vejo que o chão não está quente, o deixo passear um pouco”, explica.
Jorge diz que é de Uberlândia (MG) e chegou por aqui há 20 dias. Atualmente, sem casa para morar, ele dorme no Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante e População de Rua) e durante o dia vende seus artesanatos.
Apesar de não revelar muito sobre o passado e que o fez mudar de cidade, Jorge é um homem cordial e diz apenas “que nem sempre as pessoas entendem suas escolhas, por isso, decidiu ser um homem livre”.
Para não dormir ao relento com Luke ele foi para o Cetremi, mas acredita que com o dinheiro do artesanato vai conseguir viajar para outros lugares. “Quero conhecer outras regiões”.
Luke foi adotado há um ano, depois de ser encontrado na rua. Jorge jura que tentou devolver o animal ao verdadeiro dono e afirma “que ninguém o quis porque era um cãozinho fujão”. “Então, decidi ficar com ele pra mim, virou meu melhor amigo”, conta.
Apesar de sujinho pelo tempo nas ruas, Jorge garante que ele é um animal bem cuidado. “Tem ração, água e todas as vacinas e dia”, diz.
Nas ruas o animal também chama atenção por ser mansinho e deixar todos passarem a mão. Jorge vende canetas personalizadas a R$ 5,00 com frases de amor e fé. “Além de ganhar um dinheiro, quero levar mensagens boas às pessoas”.
O dinheiro arrecadado para as vendas é para se manter e conseguir óculos novos, já que o antigo está colado com massa epóxi. “Está remendado e muito riscado, preciso comprar um novo”.