Parceira de café, Liliane apela: ‘Não quero que a Fumaça vire bife’
Já viu uma vaca amiga? Liliane mantém amizade com vaca apelidada de Fumaça e até lê para a companheira
A técnica de enfermagem Liliane Fernandes Bezerra, 39 anos, parece que encontrou, na amizade com uma vaca, um novo sentido. Desde que se mudou para um sítio na região rural de Campo Grande, ela criou um vínculo com Fumaça, uma vaca mansa que já estava no local. Agora, faz de tudo para evitar que o animal seja abatido.
“Eu não quero que ela vire bife”, afirma Liliane, que iniciou uma campanha para arrecadar dinheiro e comprar a vaca. Ela diz que o atual dono aceitou trocá-la por quatro bezerros, mas deu um prazo para que ela consiga os R$ 6 mil antes do negócio ser fechado. “Ela está prenha, mais um motivo para eu não querer que matem ela”, reforça.
O vínculo entre as duas começou aos poucos. Quando Liliane e sua família chegaram ao sítio há um mês, o antigo proprietário avisou que Fumaça era mansa, mas arisca com estranhos. Com paciência, ela conquistou a confiança do animal.
“Eu fui chamando ela e, aos poucos, ela foi chegando. Toda manhã, ela já fica esperando eu abrir a porta. Eu converso um pouco com ela e vou tirar leite de outra vaca que fica aqui, mas também não é nossa! Depois disso, é o nosso momento: eu preparo café na mesa para minha família e ela fica aqui comigo. Eu sento no chão com ela, e esse é o nosso momento”, conta.
Para Liliane, Fumaça se tornou uma companhia essencial em um período difícil. Afastada do trabalho na Santa Casa devido a crises de ansiedade e depressão, ela sente que o animal trouxe uma nova energia para sua vida. “Ela me traz paz. Eu não sei explicar o sentimento que tenho por ela, mas desde que cheguei aqui, me sinto mais feliz”, diz.
A mudança para o sítio foi um sonho realizado para Liliane e sua família. Anos atrás, eles viveram por dois anos em uma propriedade rural alugada, mas precisaram sair e se desfazer dos bichos quando voltaram para a cidade. Desde então, buscaram um lugar para recomeçar e, há um mês, conseguiram trocar a casa em que viviam por um sítio simples, mas que trouxe felicidade de volta.
“Aqui temos alegria que não tínhamos na cidade. E agora a Fumaça veio para completar tudo isso”, afirma.
O marido e as filhas de Liliane também compartilham o amor pelos animais. Ao longo dos anos, já tiveram diversos bichos, incluindo pavões, porcos, cabras e até uma porquinha que usava roupinha. “As pessoas me chamavam de doidinha quando eu dizia que queria morar na roça. No hospital, riam de mim, porque eu sempre falava dos meus bichos”, relembra.
Apesar da forte ligação com a vaca, Liliane ainda não sabe se o animal será vendido para abate. O próprio dono afirmou que não quer a ver sendo morta, mas a proposta dos quatro bezerros está em aberto. Sem os recursos, Liliane tenta arrecadar dinheiro e já chegou a oferecer todos os seus móveis em troca da vaca, mas sem sucesso.
“Não consegui juntar quase nada, tenho apenas 50 reais, mas tenho fé em Deus que vou conseguir”, afirma.
Enquanto luta para manter Fumaça ao seu lado, Liliane segue compartilhando sua rotina no Instagram, onde seus seguidores acompanham a amizade improvável. “As pessoas dão muita risada, acham engraçado. Agora, todo mundo ama a Fumaça”, diz.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.