Paula encontrou nos laços o caminho para sair da depressão pós-parto
Artesã é figura carimbada nas feirinhas da cidade, e seus produtos encantam desde crianças a adultas
A história de Paula Guerreiro, de 40 anos, com o artesanato, começou em 2017, no que se pode considerar um dos momentos mais delicados de sua vida. Após um parto prematuro, que quase colocou em risco a vida da filha mais nova, ela precisou reaprender a lidar com a dor e o sentimento de culpa, e encontrou a criação de laços que encantam, desde crianças a adultas, um novo propósito.
Paula é mãe de três filhos, e sua terceira gestação foi a mais complicada. Ela relata que entrou em trabalho de parto da caçula com apenas oito meses, e ficou alguns dias internada, até a gravidez precisar ser interrompida, por conta de uma complicação que colocou a bebê em estado de ‘sofrimento’, conforme explica a artesã.
Ela relata que durante a gravidez da caçula, trabalhava fazendo bolos por encomenda, e passava longas horas em pé. Não demorou muito para ela associar as complicações na gestação à rotina de trabalho, o que a fez se sentir culpada pelo ‘sofrimento’ da filha.
“Na minha cabeça, meu esforço havia ocasionado o trabalho de parto prematuro. Foi então que desenvolvi a depressão pós-parto, mas eu sabia que precisava sair daquele turbilhão [de pensamentos]. Foi então que minha irmã mais velha, que já era laceira me disse ‘por que você não faz laços?’. Eu me interessei, fui em busca de cursos na área e me qualifiquei. Me encontrei nesse universo, e superei a depressão”, relata.
Ela relata que a intervenção da irmã foi o ‘empurrão’ que precisava para sair do ciclo depressivo, e encontrar um novo propósito. Pauta conta que foi em busca de cursos na área da produção dos laços e se especializou.
Durante o processo, ter contato com as pessoas e compartilhar suas dores, além de ouvir as dores de outras pessoas também, foi fundamental para lidar com a própria angústia, e aos poucos superar o que estava sentindo.
“Ver a felicidade das meninas usando o laço com seu personagem favorito, a gratidão das mães por ter um acessório personalizado do jeito que elas queriam pro aniversário da filha, tudo isso me fez ver o mundo de uma forma diferente. Me fez querer entregar meu melhor dia após dia e para isso eu precisava estar bem psicologicamente falando. Então o artesanato contribuiu e muito para sair de tudo aquilo”, relata a artesã.
Paula conta que, nesses sete anos sendo ‘salva’ pelo artesanato, o ateliê passou por diversas mudanças e reestruturações, incluindo a mudança de cidade. Ela está há cinco meses morando na Capital, e comenta que deixou a cidade de Jardim, no interior do Estado, após o marido receber uma transferência no trabalho. “Hoje somos uma marca registrada pelo INPI e pra mim é uma vitória olhar pra trás e ver a minha trajetória e tudo que conquistei com meu trabalho”, diz.
Em Campo Grande, seu trabalho pode ser apreciado nas feiras culturais da cidade, incluindo as feiras do Bosque da Paz, Borogodó, Arena Cultural, São Bento, Shopping Bosque dos Ipês, entre outras.
Paula cria laços adultos e infantis que, nas palavras dela, ‘realça a feminilidade de meninas e mulheres’. Os produtos são feitos à mão com ‘carinho de mãe’, em tecidos de linho e gorgurão. Os preços variam de R$ 14,90 a R$ 49,90.
A Caroli Laços e Acessórios também está no Instagram @caroli_lacos, onde os clientes podem ficar sabendo em primeira mão onde a 'loja itinerante' estará nos próximos dias.
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