Peão vira “uber” e jura que levou até cuidador de cavalos da princesa
Durante suas corridas, Ilson ama contar histórias e diz conhece pessoas importantes que passam pela cidade
Enquanto muita gente entra em carros de aplicativos e coloca o fone de ouvido só para ficar em silêncio, dispensando qualquer bate-papo, Ilson Cardoso quando percebe que o passageiro permite, mal dá tempo para o silêncio e já começa contar uma história.
Ilson tem 66 anos e jura que uma vez carregou o cuidador dos cavalos de uma princesa da Inglaterra. "O rapaz tava cheio de mala na mão, até brinquei perguntando se ele iria ao Pantanal", conta sem mencionar o nome da princesa, mas com a mão na cabeça como quem lembra os detalhes dos acontecimentos. "Veio visitar a família que mora no Bairro Pioneiros".
Em apenas oito meses, Ilson diz que já carregou "gente importante". Assim que encerra seu dia de trabalho, faz questão de contar a história do trajeto à sua “veia”, apelido carinhoso que ele mesmo gosta de usar quando se refere à companheira.
Outra vez, carregou um conhecido apresentador de televisão. "Até perguntei: mas você, pegando Uber?", conta.
Antes de virar motorista de aplicativo, Ilson era peão de fazenda. Em época distante, montava, junto com sua esposa, em comitivas para levar a boiada de uma fazenda até outra. Na lida do campo, a idade chegou e trouxe junto o cansaço. “Não tenho mais energia para ficar debaixo do sol o dia todo”, explica ao responder o motivo de não voltar mais para vida do campo.
Mesmo aposentado e sem desistir de ganhar dinheiro, o senhor de poucos cabelos grisalhos, escolheu encarar a labuta como motorista de aplicativo. E em oito meses, o que não falta é história para contar. Mesmo com o pouco tempo de experiência, o sentimento de Ilson é de gratidão por ainda conseguir trabalhar e conquistar o pão de cada dia.
Como um verdadeiro contador de histórias, se tudo que ele diz é realidade ninguém sabe, mas vale muito a pena tirar o fone de ouvido e aproveitar o bate-papo com seu Ilson até o fim da corrida. O mau-humor no fim do expediente até sai pela janela.
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