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Comportamento

Primeira escola do bebê tem que ser acolhedora e não bonita, pelo menos para mim

A escolha é muito pessoal, mas existem dicas nos depoimentos das mães que mostram que caminho você pode seguir

Paula Maciulevicius Brasil | 05/01/2020 07:23
Essa foto é do nosso arquivo, mas ilustra o que eu quero passar, mais que métodos perfeitos e não sei quantos idiomas, escola precisa acolher crianças e pais. (Foto: Arquivo/Alcides Neto)
Essa foto é do nosso arquivo, mas ilustra o que eu quero passar, mais que métodos perfeitos e não sei quantos idiomas, escola precisa acolher crianças e pais. (Foto: Arquivo/Alcides Neto)

Antes daquela cena em que você se debulha em lágrimas ao dar tchau para o seu filho que não está nem aí para você, envolto em todo aquele novo cenário, o da escola, muita coisa passa pela cabeça das mães. Onde colocar seu bebê é uma escolha muito pessoal que depende do que cada família prioriza e espera do filho e do mundo ao redor dele.

Meu primeiro filho foi para o berçário da escolinha com 5 meses. Visitei poucas escolas, primeiro conselho que dou: determine uma área para facilitar a logística. Teria de ser próximo à minha casa ou do meu trabalho no caso de alguma emergência e também para facilitar que ninguém chegasse tão atrasado nos seus compromissos. 

É fato e nem vou entrar no mérito de como a educação bilíngue invadiu as escolas, mas desde o berçário tem gente oferecendo o serviço, que para mim não é o ponto principal da educação infantil. Dentro do que as escolas ofereciam, tentei me ater aquela que parecesse mais uma extensão da nossa casa, onde eu sabia que meu filho teria colo e seguiria uma rotina muito parecida com a familiar.

Cheguei ao cúmulo de ouvir nas apresentações da estrutura e metodologia que "meu filho aprenderia a dormir sozinho, porque ali era assim" ou que a introdução alimentar seguia apenas uma forma. Ou que havia horário para tudo, inclusive das disciplinas e das aulas em outros idiomas. Às vezes eu tinha a impressão de que a escola queria me garantir a aprovação do meu filho no Enem aos 4 anos de idade. 

Muito além de uma arquitetura bonita, eu procurava também uma escola real. Sabe? Barulhos e gritos de crianças, risadas, choros também, afinal crianças choram mesmo. Paredes riscadas e brinquedos fora do lugar. Torci o nariz para lugares que parecem ter saído de revista, mas não demonstravam que eram vividos por crianças. Não tinha uma bagunça sequer e até a iluminação era projetada para eles. Mas, volto a dizer, é uma coisa muito pessoal.

Sem impor regras nem horários, a escola onde meu filho ficou pediu na matrícula que fizéssemos uma cartinha como se fosse ele escrevendo. Nas linhas eu deveria narrar como era a nossa família, os gostos do bebê, de que forma ele dormia, como gostava de ser colocado no berço ou não, o que mais gostava de fazer, do que sorria e detalhes do nosso dia a dia. Nem preciso dizer que me encantei pela simplicidade do pedido e do quanto isso significaria. Ninguém melhor que os próprios pais para descrever seus filhos. Tirei foto e guardo com muito carinho as páginas que escrevi. Até do nosso gato eu falei. 

A escola tinha feito esse pedido para que as "prôs" entendessem um pouquinho mais da rotina do novo aluninho. Achei o afeto tão profundo que foi o que me conquistou e ali ele ficou. Como ele mamava em casa, ele mamava na escola e o mesmo acontecia com as sonecas. O meu filho só dormia no colo e era assim que ele dormia na escolinha.

Claro que escola perfeita não existe. Você precisa relevar pontos, encontrar a que mais se adequa a você e aquela que sabe resolver problemas e desavenças. Também devemos levar em conta que as necessidades mudam conforme o filho vai crescendo.

Sempre levei as crianças para visitar os lugares. Tenho por mim que eles escolhem junto com a gente e onde se sentem mais bem recebidos, eles demonstram. 

Funcionária pública, Thais Kirchesch, é mãe da Cecília, que hoje tem 2 anos e três meses e vai desde os 5 meses e meio para a escola. Dividimos várias angústias na criação dos filhos, em especial, a escolha da escola e ela se atenta para coisas que eu só pensei quando chegou a hora da introdução alimentar.

"Para mim o mais importante é a questão da alimentação adequada a idade, e para mim, funciona melhor a escola que eu não preciso mandar lanche e almoço. Porque é mais prático e tendo uma boa nutricionista, a criança come certinho as refeições". A Thais já visitou inúmeras escolas de diferentes métodos. "Também é importante escolas onde as coordenadoras não sejam coach para vender a educação dos nossos filhos como um produto". Achei essa fala dela sensacional e descreve muito bem alguns dos lugares que visitei.

Fonoaudióloga, Priscila Viração é mãe da Manu, que foi com 1 aninho para a escola. "Antes eu pensava no cuidado e afeto, hoje não mais. Penso na qualificação profissional da equipe, espaço para atividades motoras e de psicomotricidade, metodologia e método de acompanhamento do desenvolvimento infantil. Cada fase a criança precisa de uma coisa e para mim, os pequenos precisam brincar, se alimentar e terem afeto. Então, quando via uma escola sem espaço para brincar e com uma equipe que não entende de desenvolvimento e de como brincar, ela saia da minha lista, pois perdia num quesito muito importante", acredita.

A escolha não é fácil e nem permanente. Avalie a logística, metodologia, qualificação profissional de quem estará cuidando dos nossos pequenos, faixa de preço e se atende às suas necessidades, como de alimentação e horários. Mais que isso, escolha com o coração, onde você se sentir acolhida, certamente seu bebê também será.

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