Rede social vira obituário e notícia triste chega pelo feed todo dia
Não há como negar que o mundo vive um momento triste. Triste pela perda diariamente de milhares de pessoas vítimas da covid-19. Nos últimos 12 meses, quando a pandemia deus às caras por aqui, as redes sociais passaram ser o principal meio de anúncio de falecimentos. Ninguém consegue se acostumar com as postagens de luto e o feed parece ter virado um verdadeiro obituário
Nos últimos meses, todos os dias a dentista Inez Soares, de 56 anos, consola alguém que perdeu um ente querido para a doença. Ela ainda lembra que costumava ler os obituários no jornal impresso, mas nada tão entristecedor como agora.
“Tenho ficado triste em receber todas as notícias de mortes por covid que vejo pelas redes sociais. Óbitos de pessoas próximas, conhecidos, amigos de amigos, pessoas públicas, todos os dias, postadas com tanta tristeza e dor. Meu Facebook virou um obituário. Antes sabíamos das mortes da cidade pelos jornais impressos, hoje temos a notícia implacável postada nas redes”, comenta.
Tempos difíceis também para quem agora mora longe e tenta recomeçar a vida com a família numa cidade como São Paulo, com mais de 12 milhões de habitantes. Para a jornalista Carol Alencar, abrir o Facebook está cada vez mais difícil. “É uma situação muito triste, pois estamos longe de familiares e amigos e quando entramos nas redes sociais para espairecer e ver como estão, a gente se depara só com luto, vidas indo embora por conta de uma doença guiada pelo descaso”, comenta.
“Todo dia tem um amigo que morre, um amigo de amigo, um familiar de um amigo. Gente jovem, gente idosa, gente da gente. Ao mesmo tempo que esperançamos ao ver os pais e avós de amigos se vacinando estamos andando junto aos que partem. Isso é surreal”, acrescenta.
Até mesmo rede social de gente que deveria emplacar mais postagens sobre o trabalho virou espaço para homenagens e postagens de luto quase diariamente, é o caso do feed do senador Nelson Trad Filho, que recentemente publicou despedidas de amigos de trabalho e até familiares, que partiram por causa da covid-19.
“São novos tempos, novos momentos, novas realidades de comportamentos que temos que nos adaptar por conta do vírus. Mas a essência da expressão de um sentimento continua a mesma sempre. A gente acaba tendo a responsabilidade de informar com muita transparência e, por mais que seja um momento de dor, às vezes, uma singela homenagem nas redes sociais, pode fazer a diferença e aquecer o coração do outro”, finaliza sobre as postagens frequentes.
E os números não param de aumentar. Desde o início da pandemia, 1.833 pessoas perderam a vida para o novo coronavírus na cidade, segundo último boletim epidemiológico. Ainda há 2.907 casos suspeitos e 798 pessoas em isolamento domiciliar com a doença.
Nos hospitais, 242 pessoas estão em tratamento em leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e 283 em leitos clínicos comuns, ainda conforme o boletim.
Mato Grosso do Sul confirmou 41 novas mortes por covid-19, e acumula, só nos últimos sete dias, 312 vítimas fatais pelo coronavírus. Ainda conforme boletim epidemiológico, há 1,1 mil internados por covid-19 e 4.164 vítimas fatais do coronavírus. Desde o início da pandemia já foram confirmados 212,4 mil casos da doença em todo o Estado.
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