Révilla volta a MS com dicas de quem vive há 10 anos na Escócia
Sul-mato-grossense se mudou para a Europa em 2012 e agora dá dicas sobre como é a vida de imigrante
Depois de 10 anos morando na Escócia, Révilla Karolina Martins dos Santos, de 30 anos, resolveu mostrar seu cotidiano no Instagram para se “reapaixonar” pelo país. De ovo cozido vendido em pote até locais históricos, a sul-mato-grossense ela dá dicas sobre como é a vida de imigrante e conta sobre as saudades do Brasil.
A caminho do Mato Grosso do Sul, entre um aeroporto e outro, ela explicou que abriu sua vida na Internet em janeiro para conseguir enfrentar a ansiedade causada pelo inverno escocês intenso. “No inverno o céu clareia 9h e escurece às 15h, a gente chama esse período de january blues, é como se fosse um janeiro depressivo. É falta de luz solar, chuva e vento na cara. Então quis ressignificar”, conta.
Na rede social são postados vídeos curtos mostrando a arquitetura da cidade, neve e custos de comida. “Eu já tinha a conta há um bom tempo, mas agora quero mostrar as belezas da Escócia, que é bonito, que é legal. As pessoas têm curiosidade de saber como é a vida lá fora, eu gosto de falar do dia-a-dia e também de ajudar as pessoas a valorizarem o Brasil”.
Longe de dizer que não sente falta de Mato Grosso do Sul, ela reforça que a vida na Europa tem seus pontos positivos, mas que não é um paraíso completo e esse é assunto que também quer trabalhar nas redes sociais. “A imigração é um preço alto que você paga. Tenho coisas boas lá, coisas maravilhosas, mas o calor daqui, o calor humano não tem, é outra realidade, outro universo”, diz.
“Eu já sofri e vi gente sofrendo muito preconceito, discriminação. Eu tinha uma professora que perguntava por que eu queria um diploma sendo que eu já era garçonete. Ao mesmo tempo tem muita gente maravilhosa, minhas amigas foram as locais que me fizeram me sentir local”, explica Révilla.
Desde 2012
Grávida, Révilla saiu do Brasil em 2012 sem nem saber falar inglês e explica que hoje estuda justamente esse processo. “Eu com 21 anos não pensei nos perigos que poderiam ter acontecido comigo, em toda a desumanização que tem com imigrante no estrangeiro. Então estudo como o mercado de trabalho escocês para imigrantes brasileiras, como é quando elas chegam lá”.
Por ter ido para a Escócia com o pai de seu filho, que já tinha toda a documentação europeia, o acesso à regularização foi mais tranquilo. Legalizada e já com Arthur tendo nascido, o caminho foi começar a vida trabalhando com limpeza.
Enquanto trabalhava por meio período, estudava no horário seguinte e foi assim que aprendeu inglês, fez um ano de serviço social e saúde, outro de desenvolvimento de comunidades e agora se prepara para fazer mestrado em sociologia ou imigração global.
Pandemia
Sem conseguir vir ao Brasil desde 2020 devido à pandemia, Révilla explica que a saudade aumentou ao ponto de querer ser até picada por mosquito e, graças à vacinação contra covid-19, conseguiu retornar à MS em férias. “Eu quero suar, calor, picada de mosquito, tudo o que eu não tenho lá”, resume.
Durante parte de 2020, a população ficou em lockdown e, de acordo com Révilla, testes de covid-19 foram distribuídos gratuitamente para a população.
Enquanto não conseguia vir para cá, ela conta que um dos maiores sofrimentos foi acompanhar o padrasto ficar doente à distância. “Ele ficou 75 dias internado com covid, quase morreu e é muito ruim toda essa situação da família estar sofrendo, precisando de apoio e você estar longe”.
Já em solo brasileiro, ela veio acompanhada do namorado e de seu filho, que irá comemorar o primeiro aniversário por aqui. “Eu sou muito grata à vacina, já tomei três doses e se não fosse por isso eu não estaria aqui. quando a gente estava em lockdown meu maior medo era de não ter vacina”.
Aberto ao público, o Instagram de Révila é @revilla_na_escocia.
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