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Comportamento

Ricardo agradece a "anjo" após viver cena inacreditável no trânsito

Ele estava de moto, foi atropelado e acabou no teto do outro veículo; sorte foi deixar filha minutos antes

Thailla Torres e Ana Beatriz Rodrigues | 20/06/2023 15:34
Em casa, motociclista se recupera dos ferimentos e pede por justiça.
Em casa, motociclista se recupera dos ferimentos e pede por justiça.

Personagem de uma das cenas que mais chamou atenção no último domingo (18), Ricardo Pereira Aquino, 47 anos, carrega dois sentimentos após ser atingido por um carro, ir parar no teto do veículo e ver o motorista tentar fugir com ele no teto, ao invés de prestar socorro.  Se por um lado ele pede por justiça, por outro agradece os minutos que separam o acidente do tchau à filha caçula.

“Eu tinha acabado de deixar minha filha caçula na casa da mãe”, diz Ricardo sobre o momento do acidente. Motorista de caminhão e pai de 5 filhos, ele ainda recorda do barulho das buzinas e o zigue-zague do veículo após a batida. “Eu fiquei preso, não sei o que me segurou, mas lembro do carro fazendo zigue-zague e várias pessoas gritando”.

Depois dessa cena, ele só recorda da fala do Corpo de Bombeiros e das dores antes de ser levado para o hospital. O caminhoneiro atribui à fé os instantes antes do acidente. “Agradeço a Deus por ter deixado minha filha antes, senão eu e ela teríamos virado estatística. Agradeço também por não ter caído embaixo do carro”.

Ricardo Pereira Aquino, 47 anos, foi atingido por carro e foi parar em cima do veículo. 
Ricardo Pereira Aquino, 47 anos, foi atingido por carro e foi parar em cima do veículo.

Ricardo falou com a reportagem em casa, horas depois da alta hospitalar. Com dores, ele diz que teve fratura no punho, deslocamento no ombro, ferimentos na panturrilha, no testículo e na costela. “Sinto que ele tentou me matar”, disse com os olhos cheios de lágrima. “Olha como eu estou,  minha vida parou agora”, disse sobre a impossibilidade de trabalhar.

Apesar do sofrimento e do desejo de justiça, o caminhoneiro agradeceu a população que o ajudou. “Queria muito agradecer às pessoas que ajudaram no local, foi a minha salvação. O mesmo anjo que me deixou em cima do carro foi o que mandou as pessoas me salvarem. Tenho certeza que se estivesse em um lugar neutro [sem pessoas] ele teria me jogado fora como lixo”, acredita.

Ele ainda reforça que vai em busca da justiça. “Quero deixar claro que ele vai ter que pagar, porque eu poderia ter morrido e deixado minha filha sem um pai”, diz.

Entenda o caso - O motorista Ronaldo Tardim da Silva, de 44 anos, foi preso por embriaguez ao volante após atingir uma motocicleta e tentar fugir com a vítima no teto do carro no último domingo. Na manhã desta terça-feira (20) ele passou por uma audiência de custódia e foi liberado após pagar fiança no valor de R$ 2.640. A decisão foi do juiz Eduardo Eugênio Siravegna Júnior.

Na delegacia, Ronaldo não quis comentar sobre o caso, disse apenas que é “trabalhador e teve um mau dia”. No dia do acidente, se recusou a fazer o teste de alcoolemia, mas, de acordo com a polícia, “apresentava odor etílico, fala dispersiva, sonolência e não sabia o que havia acontecido”. Foi então confeccionado o termo de constatação de embriaguez e o condutor levado à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol, onde foi autuado por praticar lesão corporal culposa, afastar-se do local do acidente e conduzir veículo sob efeito de álcool.

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