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Comportamento

Saudade não acaba, mas tatuagem lembra de irmão que amava a vida

Renato partiu aos 39 anos deixando saudade em muita gente, mas também lições sobre nunca desistir

Por Thailla Torres | 13/05/2024 08:35
Paula e Renato, apaixonados pelo São Paulo Futebol Clube desde a infância.
Paula e Renato, apaixonados pelo São Paulo Futebol Clube desde a infância.

Falar sobre a vida, sobre cultura ou dos títulos São Paulo era uma tradição entre Paula Chermont e seu irmão Renato Chermont Silva. Mas há dois anos o silêncio tomou o lugar das conversas e Paula vive das memórias do irmão que partiu aos 39 anos, mas carregava muito, muito amor pela vida.

A saudade não acaba. Mas o melhor de Renato ficou na irmã, por isso, neste ano ela decidiu fazer a homenagem que tanto queria, tatuando uma das fotos prediletas pelas mãos do tatuador Felipe Fontana. A homenagem foi em março e o mês é cheio de significados para Paula.

Os dois nasceram no mesmo dia 09 de março. Renato partiu dia 04 de março, a poucos dias de completar 40 anos de vida. Os dois tinham 10 anos de diferença, Paula era a caçula e Renato dizia que ela foi “o presente de aniversário” dele.

Paula cresceu aprendendo com Renato, um cara festeiro, mas muito família e de uma inteligência ímpar, segundo a irmã. “Muitas das coisas que eu sei foi ele quem me ensinou. Ele era um cara apaixonado pela vida, tanto que nunca desistiu dela e não passava pela cabeça dele partir. Ele aproveitou a vida como pode e enquanto pode”, lembra Paula.

Nas memórias, Paula recorda que foi com Renato que aprendeu a andar de bicicleta, a curtir e assistir todos os clipes MTV e até repetir o quanto Axel Rose era bom. “Era meu parceiro no futebol e não se negava a dar carona para meus amigos. Até mesmo os últimos dias de vida dele, em dias bem difíceis, lá estava ele trabalhando a distância e me incentivando também, falando coisas bobas, vendo filmes para aliviar aquele momento ali que seriam os finais”.

Renato partiu vítima da leucemia. O primeiro diagnóstico difícil foi em 2005 quando soube que tinha aplasia medular. Realizou tratamento e voltou a viver de forma saudável. No entanto, em 2018 veio o diagnóstico de leucemia mieloide aguda o surpreendeu novamente, mas ele não se abalou. “Com isso vieram meses de internações, pneumonias e a possibilidade do transplante de medula. Ninguém da família era compatível, mas ele era tão sortudo que achou logo 6 doadores compatíveis. Em São Paulo realizou o transplante e voltou depois de uns 6 meses para Campo Grande e foi reabilitando aos poucos”.

Mas em 2022 mais um diagnóstico da leucemia. Foram cinco meses de luta e, mesmo em meio a incerteza, Renato não parava de sorrir para a vida e deixou isso como lição. “Eu sempre lembro dele com alegria, às vezes bate uma saudade maior, uma tristeza. Mas no geral, como a gente tinha muita coisa em comum, muitas referências acumuladas de uma vida, eu lembro de alguma coisa que ele falaria em determinadas situações, ou coisas que a gente viveu junto e foram boas, e assim a gente segue a vida”.

Renato Chermont Silva e era desenvolvedor de software, empresário e pai de dois filhos.

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