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Comportamento

Sem limitar idade e deficiência, pais descobriram família perfeita na adoção

Paula Maciulevicius | 31/12/2016 07:10
Manuel tem 23 anos, adora ver novela na televisão, chama a mãe adotiva de "vó". (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)
Manuel tem 23 anos, adora ver novela na televisão, chama a mãe adotiva de "vó". (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)

Amor entre pais e filhos, 2016 foi um ano em que falamos com famílias que se formaram pelo papel e abriram suas casas e histórias ao Lado B. Retratar a adoção emociona quem ouve, escreve e depois lê, porque o que sobra é amor tanto de quem adota, como de quem é adotado.

A maioria destas famílias chegaram até nós por indicação de quem percebeu que eles tinham muito para contar.

Em março, o que a casa tinha de humilde, Rosane tinha de enorme coração. Faxineira da Cotolengo, instituição que atende pacientes com paralisia cerebral grave, ela adotou Manuel, um menino hoje com 23 anos e muitas limitações físicas, mas nenhuma que restrinja o amor que ele retribuir. 

De tanto amar, faxineira adota aluno com paralisia cerebral aos 18 anos

Quando chegou à casa simples, de poucos cômodos e ainda no reboco, no bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande, Manuel tinha 18. Ela já tinha três outros filhos criados e têm netos que são a alegria de Manuel. A conexão entre os dois é tão linda e intensa que emociona. Ele a chama de "vó". 

Cartaz feito pela menininha no segundo mês de apadrinhamento. Em breve, tia e tio serão mãe e pai.
Cartaz feito pela menininha no segundo mês de apadrinhamento. Em breve, tia e tio serão mãe e pai.
Lucas, Lívia e Nicole, que terminou 2016 com uma família e ainda virou irmã mais velha.
Lucas, Lívia e Nicole, que terminou 2016 com uma família e ainda virou irmã mais velha.

Depois de 1 mês como padrinhos, médicos escolhem ser pais da menina de 10 anos

Do apadrinhamento para a adoção. Em maio, o Lado B contou a história de Lívia e Lucas, um casal de médicos que embarcaram na maior aventura de suas vidas: serem pais de um modo diferente.

Chegamos até eles através das redes sociais, onde Lívia explicava aos amigos o que era adoção e porque eles tinham escolhido este caminho.

Adotar já estava no coração deles, individualmente, antes mesmo do sim no altar. Ao apadrinharem uma menininha de 10 anos, o pensamento que antes tinham - de que eles dariam oportunidades à afilhada - caiu por terra.

Foi Nicole quem trouxe a chance de sentirem o amor incondicional. A menina de 10 anos ganhou uma família, quando eles encontraram uma filha e ela termina o ano como irmã mais velha. O casal está grávido! 

No sofá de casa, preparada para uma foto de família, é que os Machado Campanile Braga contam sua história de adoção. (Foto: Arquivo/Alcides Neto)
No sofá de casa, preparada para uma foto de família, é que os Machado Campanile Braga contam sua história de adoção. (Foto: Arquivo/Alcides Neto)

Quando juíza decidiu ser mãe de novo, filha saiu do trabalho para o novo lar

Depois de 11 anos na Magistratura, três deles na Vara da Infância e Juventude, que Jacqueline escolheu ser mãe de novo, e ter uma gestação através dos papeis. Como uma mulher que queria ser mãe, os títulos ficaram para trás quando ela ingressou com o pedido na Justiça. Mariana tem 4 anos e desde antes de pronunciar 'mamãe', ensinou o que é amor incondicional em casa.

Com alma de artista e vestidinha de Minie, Mariana declama um poema para a mamãe: 

'Mãe... São três letras apenas
As desse nome bendito:
Também o Céu tem três letras...
E nelas cabe o infinito.
Para louvar nossa mãe,
Todo o bem que se disse
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer...
Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do Céu
E apenas menor que Deus!''

Por ter convivido e entendido o que é adoção, Jacqueline resume que não gerou a filha biologicamente e sim do jeito que ela é, como "nossa filha". 

Entre 202 pais, bebê foi parar em outro Estado, junto de um casal que esperava há dois anos, com muito amor no coração. (Foto: Arquivo Pessoal)
Entre 202 pais, bebê foi parar em outro Estado, junto de um casal que esperava há dois anos, com muito amor no coração. (Foto: Arquivo Pessoal)

A espera de um filho, sem limitar o amor, casal adota bebê com microcefalia

Foi fazendo outra reportagem no núcleo de adoção, que o Lado B chegou até um casal incrível, que esperou dois anos por uma gestação de seis dias. O filho que eles tanto esperavam nasceu com microcefalia, mas nem as limitações que ele poderá ter mais à frente interferiram no amor que floresceu no coração da família, assim que o telefone de casa tocou para avisar. 

No cadastro nacional de adoção, os pais ocupavam a 202ª posição de famílias que aceitariam uma criança com problemas de saúde e deficiência. E a realização deles estava no diálogo, a conversa tinha uma trilha sonora: o choro do bebê que tinha acabado de acordar.

Argemiro, Giselle e a "peça" que faltava neles: João. (Foto: Arquivo/Wilson Mariz de Santana)
Argemiro, Giselle e a "peça" que faltava neles: João. (Foto: Arquivo/Wilson Mariz de Santana)

Quando achou que nunca seria adotado, João descobriu os pais dentro da escola

Os caminhos de João, Giselle e Argemiro se cruzavam diariamente pelos corredores da escola, mas só se encontraram mesmo no curso preparatório para adoção. O menino que tinha 12 anos à época já aceitava o fato de que talvez nunca seria adotado por ser "velho demais".

O pai era professor onde ele estudava e a mãe, secretária. Quando o casal decidiu abrir mão de uma criança novinha por uma maior, recebeu todo amor do mundo e descobriu que João era a "peça que faltava". 

E quando o mais velho foi ensinar o casal a jogar bafo, brincadeira acabou em gargalhada, porque nem Elias e nem Lucas conseguiram aprender. (Foto: Arquivo/Alcides Neto)
E quando o mais velho foi ensinar o casal a jogar bafo, brincadeira acabou em gargalhada, porque nem Elias e nem Lucas conseguiram aprender. (Foto: Arquivo/Alcides Neto)
E olha agora, a alegria da família no último dia de aula dos filhos.
E olha agora, a alegria da família no último dia de aula dos filhos.

Levados para casa como afilhados, irmãos ganharam dois pais em 1 semana

Foi o próprio relato dos pais que emocionou o Lado B, quando decidiram por para fora os sentimentos que descobriram ao levar os filhos para a escola pela primeira vez.

Felipe e Fábio chegaram até os pais Elias e Lucas como afilhados para passar o Dia das Crianças e uma semana de convivência bastou para eles se tornarem uma família.

À época da entrevista, a felicidade deles era tamanho que ninguém dizia que ali estavam pais e filhos em processo de conhecer um ao outro. 

Foi uma honra entrar na casa de cada família e contar um pouquinho de um novo capítulo da vida das crianças. Que em 2017, outros meninos e meninas ganhem um lar e o direito de terem a quem chamar de pais. 

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