Sem se esconder: na cena Ballroom, orgulho é ser mesmo "exagerado"
“Se você é afeminado, no baile você vai ser muito afeminado e mostrar que tá feliz, confiante e valorizado"
Indo além das bandeiras coloridas adotadas por empresas durante junho, pensar sobre o mês do orgulho LGBTQIAPN+ também é destacar a importância de que, idealmente, ninguém precisa se esconder ou se diminuir. E, defendendo isso na prática, quem integra a cena Ballroom em Campo Grande garante que o objetivo é ser mesmo “exagerado” sem medo de preconceito não só neste mês.
“Então, se você é afeminado, no baile você vai ser muito afeminado e mostrar que tá feliz, confiante e valorizado. Se você é travesti, que sua travestilidade seja vangloriada. Se você contribui, movimenta a cena, constrói possibilidades de encontro, nesse espaço você tem que ser reconhecida”, resume a fundadora e diretora artística e cultural do grupo “De Trans Para Frente”, Emy Mateus. Com isso em mente, o grupo tem se dedicado a, mais do que apenas falar sobre, criar espaços em que isso seja possível.
Contextualizando, Ballroom é uma cultura de inclusão afro-americana e latina no contexto LGBTQIAPN+ e que luta pela diversidade. “A cultura Ballroom destaca e evidencia a força política da comunidade e a construção e manutenção de espaços seguros que potencializam essas identidades marginalizadas socialmente. Assim, é criado um espaço afirmativo para a celebração da beleza, moda, dança e diversidade”.
Dentro da cultura como um todo, Emy explica que encontros ou festas, as “balls”, são realizadas e é aqui que o orgulho é colocado em destaque a todo momento. “A ball é o grande encontro para celebração e exaltação, é o baile em que as ações são feitas”, descreve.
A última edição realizada neste mês teve como tema festa junina, mas a lógica segue mantendo competições e performances.
“É o espaço que criamos para enaltecer, potencializar e falar para aquelas pessoas que foram diminuídas de alguma forma no passado e desvalorizadas que tudo aquilo que era negativo foram da cultura Ballroom, definido como feio, diferente do normal, dentro dos bailes é exaltado”, explica Emy.
Com essas definições em destaque, a produtora cultural defende que o sonho é ver essa liberdade para existir também fora dos eventos. “As discussões e experiências vêm se transformando ao longo da luta e acredito que a gente está desmistificando de várias formas o que é a nossa arte e a nossa cultura. É interessante ver famílias se aproximando, pessoas que tinham ideias diferentes dizendo que quando chegam nas balls não conseguem deixar de pensar”.
De forma geral, há estratégias sendo traçadas para que essa liberdade de expressão consiga ser ampliada para a maior quantidade de espaços. Exemplo disso é que além das balls, outros eventos estão em execução.
“A gente tem se mobilizado não só para fazer as balls, mas para criar esses momentos de união, de acolhimento e comunidade mesmo. Os piqueniques, tardezinhas ballrooms, rodas de conversa, tudo isso contribui para desmistificar preconceitos e bloqueios”, destaca Emy.
E, para quem quiser participar do próximo evento, no domingo (30) haverá “tardezinha ballroom edição orgulho LGBTQIAPN+” no Parque das Nações Indígenas a partir das 15h.
A equipe do De Trans para Frente é composta por Emy Mateus, fundadora e diretora artística e cultural; Kaique Andrade, fotógrafo e vídeomaker; Gal Vendaval, intérprete criadora e agitadora cultural; Maia Gauna, intérprete criadora e tesoureira; Yara Maria, Intérprete criadora; Kiara Kido, intérprete criadora e produtora cultural.
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