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Comportamento

Tadinho do pai, precisa se reencontrar... e a mãe que se perca sozinha

A maternidade é irreversível, já a paternidade, com benção da sociedade, é opcional.

Jéssica Benitez | 26/01/2023 07:21
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

A semana começou com polêmica sobre ator que decidiu que precisava se reencontrar e para isso rompeu casamento de sete anos. Até aí, ok. As relações acabam, vida que segue. Mas a esposa deixada para trás está em pleno puerpério com bebê de quatro meses a tira colo e outra menina de cinco anos. Eu não preciso nem dizer com quem as crianças ficaram, né?

No texto de explicação que o bonitão escreveu aos seguidores do (ex) casal, ele dizia que não se lembrava quando havia lido um livro ou tido tempo para si. Pobre homem! Precisa estar só para se reconectar e, pasmem, o fez com a garantia de que suas crianças estão sãs e salvas durante o período que achar necessário para seu retiro interno.

Sabe por quê? Porque basta ter um teste positivo nas mãos para que o peso da máxima "o filho é sempre da mãe" recaia sobre os ombros maternos. É tão normalizado que, óbvio, homens não fazem a menor cerimônia em simplesmente virar as costas e partir. Uns o fazem com os bebês ainda no ventre das mães, outros poderiam protagonizar comercial de margarina, porém ao efetivar o desenlace automaticamente se esquecem dos filhos como se de fato a separação fosse do combo todo.

E a mãe? A mãe é quem fica. Sempre. Não me venha com exceções para explicar a regra. Me diz quantos amigos, colegas, primos, conhecidos você conhece que foram criados somente pelas mães? Agora faz a mesma contagem sobre mães que meteram o pé e largaram os rebentos com os pais. Não vale contar os que, sem a presença da companheira, deixaram a responsabilidade de criar às avós. Isso também é lavar as mãos para sobrecarregar outra mulher.

Não adianta tentar igualar a conta. Nunca vai fechar. Mulheres mães buscam a reconexão com elas mesmas entre uma fralda e outra, entre buscar na escola e levar ao médico, entre comprar as roupas e acolher quando há desamores.

A mãe tenta folhear um livro enquanto os filhos cochilam, enquanto toma condução para o trabalho ou nem isso conseguem porque quando a carga não é física, é mental: vai de organizar almoço a calcular a logística de TODOS da casa todo santo dia.

A mãe mais se perde do que se encontra em tantas mudanças trazidas pela maternidade. É corpo largo, cabelo caindo, hormônio escapulido. Noites em claro, nova rotina, novas culpas e tarefas multiplicadas. Se precisar de um tempo sozinha tem que se contentar com os minutos que consegue se esconder no banheiro (ainda que com os berros de ‘mamãeeee’ batendo à porta).

A mãe é quem fica. Não só pelo peso do amor que insistem em santificar justamente para sentenciar mulheres a carregar os filhos sozinha, mas também por não haver alternativa. A maternidade é irreversível, já a paternidade, com benção da sociedade, é opcional.

Jéssica Benitez é mãe do Caetano e da Maria Cecília, jornalista e aspirante a escritora no @eeunemqueriasermae

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