Ter ou não ter filhos: se você não tem certeza, é porque não quer
Filho é algo denso, difícil, cansativo e muito mais profundo do qualquer frase pronta sobre maternidade
Ao longo desses mais de dois anos compartilhando textos e reflexões sobre maternidade, recebi inúmeras mensagens de mulheres que tinham vontade de ser mães, porém eram desencorajadas por N motivos. Muitas, no entanto, não sabiam explicar o porquê estavam reticentes, sem perceber que na verdade não queriam ter filhos, eram apenas induzidas a tê-los pela velha e conhecida pressão social, classificada como "ciclo natural da vida" para não parecer cruel quantidade fato é.
A "motivação" era das mais variadas: preciso ser uma pessoa melhor, meu casamento está pedindo, minha vida não tem muito sentido, tenho medo de nunca sentir o amor verdadeiro... Eu, do alto da minha aquariana sinceridade, muito mais aguçada quando o assunto é ser mãe, sempre respondi: se você não tem certeza é porque não quer.
E explico: sob a ótica real da maternidade a gente sabe mais do que ninguém que ter um filho é algo denso, difícil, cansativo e muito mais profundo do qualquer frase pronta sobre maternidade. Algo vitalício, sem chance de reset ou desistência.
Portanto, aconselho com toda sanidade do mundo que: quer ser alguém melhor? Vá pra África, pra Índia ou então aqui mesmo no Brasil, não é preciso ir muito longe dos nossos próprios umbigos para se dedicar à causas realmente nobres.
Quer salvar seu casamento? Dialogue, busque ajuda profissional, apare as arestas e recomece. Quer ser feliz? Faça terapia, tenha amigos, viaje, siga o caminho do bem.
Quer sentir amor verdadeiro? Olhe no espelho! Se abrace. Enxergue as pessoas ao redor, se abra. Faça o que for preciso, só não transfira a alguém que sequer existe a responsabilidade de já chegar neste mundo para cumprir a sua expectativa porque definitivamente filhos não são capazes disso.
Alias, talvez o grande X da questão seja exatamente esse. Estamos sempre em busca de respostas para nós mesmos, tentando tapar nossos próprios buracos que ignoramos o fato de que gerar outro ser humano, é tudo, menos criar outra versão de si.
Jéssica Benitez é jornalista, mãe do Caetano e da Maria Cecília e aspirante a escritora no @eeunemqueriasermae
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