Tradicionais visitas das Testemunhas de Jeová viram ligações na pandemia
Há três semanas, membros da igreja estão ligando todo final de semana seguindo o mesmo roteiro das visitas pessoais
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Quem já não usou, injustamente, Testemunhas de Jeová como referência daquela visita incômoda no fim de semana, principalmente no domingo de manhã? Isso porque essa denominação cristã tem o hábito de fazer visitas pessoais de casa em casa para ler trechos da bíblia a pregar.
Sendo muito mais uma brincadeira que propriamente verdade, as visitas estão suspensas por tempo indeterminado, tudo por conta da crise do novo coronavírus, que impôs o isolamento social.
Mas se achou que eles ficariam parados em casa, errou feio, meu caro. Já faz algumas semanas que fiéis da denominação do mundo inteiro estão usando o celular para realizarem as mesmas atividades de antes.
“Nosso trabalho envolve trazer consolo e esperança as pessoas. Por isso, gostamos de contatar a todos os que estiverem dispostos a nos ouvir. Não queremos dar a entender que estamos invadindo a privacidade das pessoas por ter uma lista de números pessoais”, explica Dener Antunes Ribeiro Mendes, representante de mídia e ancião da igreja em Campo Grande.
Ele completa: “a Bíblia pode ajudar todos nós a lidar melhor com os problemas causados pelo isolamento e a evitar a ansiedade desnecessária”.
Dener explica como os números são escolhidos. “O que fazemos no testemunho por telefone é digitar números aleatórios. Para facilitar a criatividade, foi-nos sugerido digitar uma sequencia de números com o objetivo de contatar pessoas, seja lá quem elas sejam”.
Em Campo Grande são cerca de 6 mil membros. Eles são divididos em grupos organizados pelos anciãos, que pegam esses números e fazem as ligações durante o fim de semana. “Cada membro fica mais ou mesmo com 100 números”.
Assim como nas visitas presenciais, as ligações seguem um roteiro pré-determinado. “Geralmente lemos um trecho da bíblia, perguntamos algo pra pessoa, conversamos mesmo”.
Sobre a reação das pessoas Dener diz que está sendo surpreendentemente positiva. “Muita gente não fala, mas isso já acontecia antes. Mas tem muita gente receptiva, que conversa e que até ligamos mais de uma vez”.
A estudante Aletheya Alves, de 22 anos, foi umas das que recebeu a ligação. Ocupada no momento, disse que não pôde estender a conversa, mas gostou da iniciativa. “O que eu acho mais interessante é eles não irem para as ruas e respeitarem o distanciamento”.
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O trabalho por telefone deve seguir não só até o fim da pandemia, mas até o fim do ano, para proteger os fiéis. “Quando acabar vamos continuar mas não da mesma forma que está hoje”, prevê Dener.
Sobre o contato humano, ele lamenta. “Sinto muita falta de estar perto, de ir de casa em casa. Era um hábito de anos, todo fim de semana fazer as visitas”.
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