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Comportamento

Veteranos têm mais de 50 anos de novena na rotina de quarta-feira

Novena de santuário reúne devotos que, inclusive, estudaram na extinta escola Perpétuo Socorro

Aletheya Alves | 29/06/2023 07:15
Novena semanal é tradição para Ana, Edevaldo e Giovane. (Foto: Henrique Kawaminami)
Novena semanal é tradição para Ana, Edevaldo e Giovane. (Foto: Henrique Kawaminami)

Realizada semanalmente, a novena do Santuário Estadual Nossa Senhora do Perpétuo Socorro reúne fiéis que continuam multiplicando os nove dias de oração há anos. Seja para pedir graças ou agradecer pela vida, há quem tenha a reza do terço na rotina há mais de 50 anos, sem data para parar. A igreja foi inaugurada em 1941 e hoje é santuário.

Criado sempre perto da padroeira de Mato Grosso do Sul, Edevaldo Adão Marques, de 68 anos, é um dos fiéis mais antigos da tradicional novena de quarta-feira. Hoje acompanhado da família, ele narra que começou sua relação com Nossa Senhora do Perpétuo Socorro quando ainda era um menino.

“Eu estudei no Colégio Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, fui coroinha nesta igreja e tudo isso em 1966. Daqui, fui para o seminário e retornei em 1970, vim trabalhar em Campo Grande e nunca deixei de vir à missa e à novena”, explica o devoto.

Desde então, todos seus pedidos, orações e realizações se conectam ao santuário da Avenida Afonso Pena. “Aqui conheci vários padres, fiz amigos, me casei, batizei minha filha, tudo o que fiz foi nessa igreja. Então, é uma relação muito antiga não só com a novena, mas como um todo, são mais de 50 anos”.

Homem cresceu em meio aos espaços do Santuário, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Homem cresceu em meio aos espaços do Santuário, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

Explicando que existe uma conexão especial com a novena, Edevaldo comenta que a sensação ao participar semanalmente dos encontros se tornou essencial. Tanto é que quando há algum empecilho, o homem fica até preocupado.

“Venho todas as semanas e, no fim, nunca conto de nove em nove dias. Não faço uma novena mesmo, é algo mais permanente, não tem data para acabar”, relata Edevaldo. E, longe de manter a tradição apenas consigo, a conexão com o santuário foi espalhada pela família.

Comprovando a relação, a filha, Ana Cláudia de Almeida Marques, e o sobrinho, Giovane Almeida, dividem sua idade com o tempo de permanência na igreja e na novena.

“Quem começa a participar da novena não consegue mais simplesmente parar, são muitas graças. Eu aprendi a vir com minha família, frequento desde criança e conforme o tempo passa continuamos vindo”, diz Ana.

Assim como Edevaldo, Vanda Elias Adolfo, de 74 anos, conta que também não vê o fim da novena, mas uma constante renovação. Tendo iniciado seu ciclo há cerca de 12 anos, a aposentada já passou até pelo câncer em meio às paredes do santuário.

Vanda conta que tratamento de câncer ocorreu em conjunto à novena. (Foto: Henrique Kawaminami)
Vanda conta que tratamento de câncer ocorreu em conjunto à novena. (Foto: Henrique Kawaminami)

Atualmente, suas preces são mais de agradecimentos semanais do que pedidos. Nessa mais de uma década, o cotidiano foi compartilhado com Nossa Senhora do Perpétuo Socorro sempre às quartas-feiras.

Apesar de participar das missas, Vanda comenta que sua conexão com a novena sempre foi mais intensa. “Eu venho também, mas acho que a novena é bastante diferente. Já tive muitas graças alcançadas, inclusive enquanto tratava de um câncer continuei aqui”.

Diagnosticada com câncer de mama, a aposentada explica que sua fé apenas aumentou durante o tratamento e, semanalmente, as orações fortaleciam a mente e o coração. “Além de conseguir lidar com o câncer, sempre que há alguma preocupação, me volto para ela [Nossa Senhora do Perpétuo Socorro]”.

Sem se imaginar longe da programação, ela comenta que o acolhimento sentido no espaço não tem hora ou data para acabar.

Desde a pandemia, Fernanda transformou a programação em algo permanente. (Foto: Henrique Kawaminami)
Desde a pandemia, Fernanda transformou a programação em algo permanente. (Foto: Henrique Kawaminami)

Mais recente na igreja, mas também seguindo a novena por anos e não apenas meses, a comerciante Fernanda Cotte, de 32 anos, narra que sua fé já existia em conjunto à tradição familiar, mas aumentou após receber sua própria graça. “Eu vinha, mas não era tão frequente. Desde a pandemia, quando engravidei, comecei a vir mais e desde então não parei”.

Durante o período de covid-19, a comerciante engravidou e, em suas últimas semanas de gestação, foi contaminada. Apesar de já se conectar à santa, ela detalha que a união foi ainda mais forte.

“Sei que ela cuidou de mim, pedi muito e meu filho nasceu saudável, não precisei ficar internada e deu tudo certo. Agora, continuo vindo toda semana para agradecer tanto pela vida dele quanto pela minha, da minha família”, completa a comerciante.

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