Viagem à Argentina fez Larys criar projeto incrível de "piranha evoluída"
Fora do Brasil, ela realizou sonho de estudar efeitos especiais para televisão e filme
Laryssa Lya Martins Escobar, de 35 anos, começou fazendo maquiagens simples antes de criar projetos artísticos incríveis. De Campo Grande, a tatuadora foi para Argentina onde não esperava realizar o sonho antigo de aprender a fazer efeitos especiais dignos de ver em filmes.
Ao Lado B, Laryssa fala sobre a experiência em outro país, como encontrou o curso e de que forma a curiosidade sempre a ajudou a explorar vários caminhos artísticos. Desde 2015, ela conta que tinha planos de estudar sobre efeitos especiais.
“Desde que eu comecei a maquiar em meados de 2015 eu sempre quis ir mais para a linha artística, que é a que me pega. Na época eu soube por um amigo de um curso na Inglaterra de efeitos especiais, mas era totalmente fora da minha realidade financeira, então, ficou só no sonho mesmo. Eu volta e meia buscava algum curso na área”, diz.
Enquanto a viagem à Inglaterra estava fora de questão, Laryssa continuou trabalhando com o objetivo de levar uma vida mais nômade. “Eu continuo maquiando, mas eu sou bastante curiosa e até um pouco insaciável no sentido de não querer ficar só numa coisa, então, com o passar do tempo fui me dedicando à pintura e desenho no geral e em 2018 comecei a tatuar. Sempre com a ideia de ter uma vida mais nômade com o meu trabalho”, explica.
Em 2023, após muito planejamento, ela finalmente pôs em prática a ideia de viajar e trabalhar em qualquer lugar que passasse. A Argentina foi o destino escolhido pela tatuadora, que nem imaginava que iria encontrar sem querer a FX - Primeira escola Argentina de Efeitos Especiais.
Para poder conhecer o país, cultura, costumes e o modo de vida das pessoas, Laryssa escolheu passar por várias cidades. Por onde esteve, ela relata que foi bem recebida e fez amizades incríveis com brasileiros e argentinos.
Até que em uma dessas passagens por diferentes bairros, a tatuadora encontrou o lugar que faria seus olhos brilharem. “Nesses três meses eu morei nos bairros de Palermo Soho, Belgrano, San Telmo, Recoleta (mais próximo ao Retiro) e Almagro. Enquanto estive em Almagro, numa saída à noite pela rua com amigos que fiz, me deparei com esta escola de efeitos especiais. Ela ficava na mesma quadra onde eu morava. Eu lembro de ter parado na vitrine e de ter sentido meu coração acelerar. Eu não tinha ideia que teria um lugar como aquele em Buenos Aires”, fala.
No dia seguinte, a tatuadora retornou à escola para pedir informações e fez a matrícula no curso. Como estava trabalhando em um estúdio na região e tinha flexibilidade de horário, tudo deu certo para que ela assistisse às aulas.
Durante dois meses, ela dividia o tempo entre as tatuagens e as aulas. Diferente da Inglaterra, Laryssa explica que o curso era algo que estava dentro da realidade dela. “Eu escolhi um módulo de curso factível no tempo que eu tinha por lá, com aulas particulares e intensivas. Era bastante acessível perto dos valores que eu sabia da Inglaterra, uma porque eu já estava vivendo lá e já havia me programado para isso, outra porque eles separam os cursos por módulos e eram bastante flexíveis com horários também”, afirma.
Na escola de efeitos especiais, a tatuadora viu as expectativas que tinha serem superadas. Ela conta quais foram as partes que mais gostou de estudar e fazer nas aulas.
“No curso aprendi técnicas para desenvolver estruturas rígidas em acrílico, aprendi a fazer olhos, bonecos flexíveis, dentaduras e máscaras de prótese para caracterização e toda a parte química envolta no processo. O que eu mais amei é que o projeto a ser feito era criado por mim, os professores se colocavam como facilitadores que ensinavam as técnicas dentro do escopo do curso para fazer a minha ideia acontecer”, destaca.
Ao ver a empolgação e empenho da aluna, os professores a convidaram para assistir às aulas que não faziam parte do módulo que escolheu. Apesar da rotina de trabalho e estudo, ela estava tão animada que nem sequer ficou cansada.
Já para o trabalho de conclusão de curso, Laryssa escolheu algo que tinha a ver com o Brasil e, de certa forma, com ela também. Em uma semana, a estudante pensou no personagem que viria a ser a ‘Piranha Evoluída’. Acessando arquivos de projetos anteriores, ela foi alinhando as ideias para produzir o personagem.
Durante a pesquisa, ela chegou a lembrar de um episódio na infância quando deixou várias iscas prontas para poder pescar. “O que aconteceu foi que o peixe mordeu a isca, se machucou e o sangue dele atraiu as piranhas, que comeram 100% toda a carne e deixaram a espinha intacta como se fosse peça de museu. Eu nunca havia visto nada daquilo antes, lembro de ter ficado chocada”, recorda.
A música, segundo ela, foi outra fonte importante de inspiração. “Outra imagem que me veio à mente nesse período são as festas de amigos meus de Campo Grande que são DJs de brasilidades e me apresentaram a música Piranha de Alípio Martins. A gente se acabava de dançar e ria bastante porque a música é o suco do deboche”, comenta.
Para a ‘Piranha Evoluída’, a tatuadora criou um enredo e história que não só faziam sentido, mas a motivaram a se aplicar ainda mais no projeto. Ela dá mais detalhes sobre o significado do personagem. “Daí que a ideia da minha piranha "evoluída" surgiu. É entre aspas mesmo, porque é ironia, é deboche! Trazendo a criatura para um contexto humanoide e dando para ela outras características antagônicas em relação ao instinto do animal piranha em si, fica fácil imaginar o comportamento de muita gente que comete atrocidades por trás de uma bela pompa, elegância e bonitas palavras”, diz.
De volta a Campo Grande, ela está envolvida em um projeto de efeitos especiais para um videoclipe. Paralelo a isso, ela segue trabalhando com pinturas e tatuagens.
Quem quiser acompanhar o trabalho, o perfil no Instagram é @larys_escobar
Confira a galeria de imagens:
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