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Comportamento

Viver de capoeira é esbarrar em perrengues, mas Thays não desiste

Professora Thays Eduarda Dias revela que pessoas confundem a manifestação cultural com religião

Por Natália Olliver | 18/07/2024 06:22
Capoerista vai disputar o Campeonato Brasileiro, no Rio de Janeiro (Foto: Arquivo Pessoal)
Capoerista vai disputar o Campeonato Brasileiro, no Rio de Janeiro (Foto: Arquivo Pessoal)

“Já me chamaram de macumbeira porque uso roupa branca. Ainda existe muita falta de respeito e falta de conhecimento sobre o esporte. Infelizmente tem muito preconceito, já fui vítima e isso acontece com frequência. A gente costuma dizer que a capoeira não tem religião, quem tem religião é o capoeirista”.

Com poucos anos de vida mas muitos de dedicação à capoeira, Thays Eduarda Dias Bastos, de 20 anos, vive na pele os desafios por fazer da manifestação cultural uma profissão. E, no caminho, ainda precisa lidar com quem acha que esporte e religião são a mesma coisa, isso somado ao preconceito com tudo o que existe de origem africana.

No esporte desde os três anos, a atleta e professora encara o desafio de tentar vencer as barreiras diárias para conseguir sobreviver no esporte que a conquistou, um desses obstáculos é a desvalorização. Mesmo com uma medalha de prata nos Jogos Mundial de Capoeira em 2023, a atleta precisa se virar para conseguir pagar as inscrições e custear a estadia e alimentação nos locais de prova. Isso porque ainda não conseguiu o bolsa atleta oferecido pelo governo do Estado e prefeitura da capital.

Thays e o Pai José Augusto, durante competições de capoeira (Foto: Arquivo Pessoal)
Thays e o Pai José Augusto, durante competições de capoeira (Foto: Arquivo Pessoal)

A história dela na capoeira começou com incentivo do pai, José Augusto de Brito Bastos, também conhecido como instrutor ariranha, que já treinava há muitos anos. Desde então o que antes era hobby de infância virou assunto sério ao longo dos anos.

“O mundial foi uma realização de um sonho de criança, não imaginava que chegaria tão longe, e mesmo sem apoio me dediquei me entreguei em todos os treinos para dar o meu melhor, não é uma competição fácil, tem muitas atletas de alto nível, fiquei super satisfeita com a minha colocação na minha categoria”. Thays disputou na categoria azul/azul e verde, cor da graduação dela.

A professora comenta que já participou de campeonatos dentro e fora do Estado. O próximo a ser disputado é o Brasileiro, que acontecerá nos dias 21 a 25 de agosto, no Rio de Janeiro. Para poder participar ela precisou fazer uma rifa e um movimento chamado “apoie um atleta”.

Thays com instrumentos de percussão (Foto: Arquivo Pessoal)
Thays com instrumentos de percussão (Foto: Arquivo Pessoal)

“A capoeira é o símbolo de tudo na minha vida. Ela me auxilia em tudo que faço, principalmente, na questão disciplinar, porque esporte é disciplina. A capoeira é uma representação cultural afro-brasileira que mistura esporte, luta, dança, cultura popular e musicalização. Eu amo competir, e aqui”.

Falando em musicalização, por externalizar emoções na capoeira, Thays recebeu o apelido de Lírica. O nome vem da expressão artística que se caracteriza pela subjetividade e intensidade emocional.

“Eu sempre gostei muito da parte de musicalização na capoeira, e ganhei esse apelido de um dos maiores compositores da escola em que estudo, a ABADÁ CAPOEIRA [Associação Brasileira de apoio e desenvolvimento da arte Capoeira].

Capoerista já ganhou diversas medalhas no esporte (Foto: Arquivo Pessoal)
Capoerista já ganhou diversas medalhas no esporte (Foto: Arquivo Pessoal)

Para passar o amor pelo esporte aos alunos, Thays os incentiva a acreditarem em si mesmos e se dedicarem à capoeira. ”Eu sempre falo que eles são capazes de realizar tudo que eles desejam, que é só acreditar e se dedicar, dá o melhor deles em tudo que eles fazem”.

Interessados em ajudar a capoeirista no Campeonato Brasileiro podem entrar em contato com ela pelo número (67) 991642985.

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