"Você é feliz quando não se reprova", diz quem adora balançar na chuva

Mauro Cassel, 54 anos, é um homem de sorriso fácil e alegria contagiante. Encara a vida curtindo cada segundo possível. Ontem, não foi diferente. O militar da reserva viralizou curtindo a chuva no balanço, montado por ele mesmo em praça da Avenida Presidente Vargas.

O Lado B conheceu o famoso dono do balanço da pracinha, localizado em frente ao Colégio Militar, no Bairro Coophatrabalho, em Campo Grande. Natural do Rio Grande do Sul, antes de começar a entrevista, ele pergunta: Você lembra a última vez que brincou?

Depois da pergunta provocadora, ele seguiu até o balanço amarrado no Flamboyant, que fica na esquina da Rua Acapu, e ali ficou se balançando durante os 15 minutos de conversa. Sem parar nenhum instante, indo para cima e para baixo, Mauro contou a história dele, falou da família, do emprego e dos balanços que instalou ao longo da vida.

Falar que Mauro volta à infância quando está brincando ali não seria errado, mas também não resumiria a real situação dele. A verdade é que Mauro nunca disse adeus à fase lúdica e deu um jeito de conservar ao decorrer dos anos a mania de brincar. “A gente acaba tendo vergonha de ser feliz por causa da sociedade, porém é tão bom ser feliz”, afirma.

Os dois balanços que ocupam a pracinha foram confeccionados por ele com madeira de palete e corda. Ele criou o brinquedo para que os jovens que estudam na região e outras crianças pudessem ter um momento de lazer. “Muitos têm vontade de brincar, mas acabam tendo vergonha. São coisas simples da vida que, às vezes, nós deixamos de viver”, fala.

Na Capital desde fevereiro, a marca registrada de Mauro é deixar balanços nas cidades onde morou. Dos 10 municípios onde residiu, durante os 35 anos de serviço como Capitão, o último ficou na cidade de Dourados, especificamente, na Rua Antonio de Carvalho. “Vocês podem passar lá que vão ver, é na Vila Militar também”, diz.

Enquanto aproveitava o brinquedo, motoristas, motoqueiros e pedestres passavam pelo local e observavam o senhor no balanço. Despreocupado, Mauro revela que é comum a galera tirar fotos, mas ele não liga. “O pessoal passa filmando, principalmente, na chuva, mas olha, tem uma frase que diz que você só é feliz quando não se reprova naquilo que faz. Então, se estou fazendo algo, tô com vergonha, é porque não estou feliz”, enfatiza.

Por falar em chuva, Mauro garante que não perde a oportunidade de tomar um banho ao ar livre, andar de bicicleta na tempestade e de se balançar. Medo de raio? Ele não sente nenhum, alias, medo é algo que não faz parte do modo como encara o cotidiano. “O pessoal pergunta de medo do raio, mas eu digo que o perfeito amor lança tudo. Eu não desafio, uso a prudência, mas aprendi a não sentir medo de nada”, expõe.

Na tempestade de areia, registrada no último dia 15, o militar tinha saído para colher frutas, quando foi surpreendido pelo tempo ruim. “Eu estava depois da Avenida Tamandaré, colhendo uma pitanga na rua, do nada fechou o céu e caiu o muro do cemitério. Eu aproveitei o vento ao meu favor e só pedalei”, ri.

Questionado sobre quem o ensinou a encarar a vida de uma forma diferente, Mauro responde imediatamente que deve tudo ao pai, Orlando Cassel. “Eu tive o privilégio de ter o chamego de um pai que não me maltratava, não xingava, então, fica sempre essa lembrança dele”, enfatiza.

No fim da conversa, Mauro também aproveitou para citar a esposa Juliane Cassel e o casal de filhos, Andrea, 21 anos, e Orlando, 19 anos. Ele revelou que por hora vive na cidade, pois o filho também é militar. Contudo, a expectativa é que em dezembro ele vá morar em João Pessoa, na Paraíba. “Não vejo a hora de estar com os pés na areia”, brinca.

Para as pessoas que há muito tempo deixaram de brincar ou aproveitar um banho de chuva, Mauro deixa um recado super especial. “Às vezes, na vida, escolhemos os excessos dos compromissos, mas precisamos escolher também sermos felizes”, finaliza, colocando os balanços à disposição.

Confira o vídeo do Mauro curtindo a chuva no balanço:

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