A diversidade sonora das lojas, do Centro ao shopping
A loja é popular, mas nem por isso o arrocha é a trilha sonora para os clientes. Na Multilar Fogões, na rua Calógeras, toca Clara Nunes, samba, Beatles, Bee Gees. É o gosto do proprietário. “Tem cliente que elogia e fala até que enfim uma música boa”, diz a funcionária Lívia Calepso.
No Centro, é uma mescla de ritmos de dar dor de cabeça. O argumento é sempre o mesmo. “O cliente gosta de música animada”. A gerente da Maube Jóias, Eva Pereira, garante que se a escolha ficasse por conta dela, a trilha seria diferente. “Iria tocar MPB e músicas românticas”.
Mas não tem jeito, a seleção preferida tem sertanejo e pagode, o que está no “auge”, comenta a gerente da Bumerang, Seigra Oliveira.
Na Jet Line, “o único estilo ‘proibido’ é o funk, pelas letras sensuais. "Mas se não fosse isso, até tocaria, eu gosto do ritmo”, conta a gerente Vera Faria. A loja acaba fazendo a propaganda de quem aparece com CDs promocionais, de divulgação, principalmente, de duplas sertanejas.
Mas você acha que tudo é jogado rumo aos ouvidos assim, sem planejamento? Na Uzze Moda Feminina, cada mês é um estilo diferente de música. Em novembro, o ritmo escolhido é o eletrônico e dezembro será o pop brasileiro.
Apesar do critério adotado em toda a rede, a gerente Letícia Morgana acredita que os clientes nem reparam na música.
A loja vai ficando “chique” e o cuidado com a trilha sonora também aumenta. Quando funciona em shopping então, a regra é som baixo, estudado. Na Trilha, do shopping Campo Grande, a playlist vai na tendência dos sites das marcas que a loja vende, samba, MPB, rock, eletrônica.
“Temos a atenção de colocar MPB e Bossa Nova na parte da manhã, à tarde entramos com um rock nacional e à noite tocamos eletrônico, música de balada”, explica a gerenre da loja Trilha, Natasha Gonçalves.
Os clientes costumam perguntar qual música está rolando, quem é o cantor. A gerente conta que a música Orpheu, da banda Cidade Negra, gera sempre curiosidade. “Todo cliente pergunta, todos amam”.
A escolha da música é importante, tem que haver um equilíbrio, pois a música e é uma boa aposta para influenciar o cliente na hora da compra, dizem os funcionários.
Na loja Farm, o som ambiente fica por conta do Rádio Ibiza, uma estação carioca de música, da terra natal da marca. Mas a maior parte da seleção é do site próprio. A ordem da playlist vem da matriz.
Aline Ferrete, operadora de caixa, sente mais alegria na loja, “A cliente se sente mais confortável, cria um clima, um ambiente melhor”.
Na John John, o “gosto” também vem direto de São Paulo. Só toca música eletrônica e a cada 3 ou 4 meses, um CD com a playlist é entregue.
“O público da loja gosta desse som e sempre nos perguntam quem está tocando e o nome da música”, diz a assistente administrativa Marisa Lopes.
Voltando ao Centro, na Josefina a história também é mais tranquila. A loja aproveita o playlist da concorrência e vai na onda da Rádio Farm. Apesar da maioria das clientes gostar de ritmos mais populares, a gerente Amanda Loureiro diz que no repertório só toca música boa, mas desconhecidas para a maioria.
"As clientes costumam perguntar de onde e de quem é a música. A maioria por aqui ouve rádio e sertanejo. Além da nossa playlist ter a ver com o estilo das roupas da loja, acho mais elegante".