Amigos criam bolsas com lona que leva 400 anos para se decompor
Alunos da UFMS tiveram a ideia de reutilizar lonas em aula e quiseram transformar produtos em empresa
Durante um trabalho em disciplina da faculdade, os alunos de Engenharia da Produção, Deise Nathaly Ayala Cano, de 24 anos, e Jacson Mateus Alba Junior, de 23, decidiram reutilizar lonas de caminhão para produzir moda ecológica. Já com uma mochila pronta em mãos, os dois perceberam que poderiam levar a ideia para frente e, assim, surgiu a Voxa.
“Nós percebemos que esse material costuma ser enviado para o lixo sem nenhum tratamento específico e leva cerca de 400 anos para se decompor. Por isso tivemos a ideia de criar algo jovem e que ajude o planeta”, Deise resume sobre a ideia do projeto. Ainda se desenvolvendo, a empresa conta com mochilas, bolsas, nécessaire e pochetes, tudo feito com lonas de caminhão.
Por ter uma aproximação com o material e também com o modo de produção dos itens, os fundadores da Voxa detalham que o surgimento da empresa veio a partir da vivência dos dois. Responsável por trazer a ideia das lonas, Jacson relata que trabalha no setor de transportes e foi assim que as lonas apareceram como uma possibilidade.
Eu trabalho na transportadora da minha família e, por coincidência, nós tínhamos comprado algumas lonas novas para substituir as antigas, que já tinham muitos anos de trabalho. Perguntei ao meu pai qual seria o destino das usadas e ele disse que não sabia o que fazer com elas, Jacson relata.
Foi a partir daí que o estudante começou a pesquisar destinações corretas para o produto, mas não teve muito sucesso. De acordo com Jacson, após não localizar algo ideal, a aula veio como uma solução melhor.
Também a partir de sua experiência, Deise conta que a produção das bolsas veio como algo que fazia sentido por ter crescido em meio à costura. Ela narra que sua mãe, Nilda Ayala, é costureira há mais de 20 anos e poderia ser responsável pela parte de transformar as lonas nos produtos.
Conforme Jacson detalha, um primo também ajudou na ideia e deu o impulso para que os dois entrassem no mercado. “Eu entrei em contato com meu primo Régis, que possui doutorado em engenharia têxtil e é especialista em moda sustentável. Ele foi nos orientando conforme as necessidades surgiam e foi quem mais nos incentivou a continuarmos o projeto”, explica.
Além de pensar em como os produtos seriam, Deise conta que a parte de identidade da marca também foi importante para o processo. Sabendo que ainda há muita resistência em relação a produtos ecológicos, ela diz que o objetivo da dupla foi lançar algo que conseguisse se aproximar do público jovem e quebrar essas barreiras.
“Voxa vem do guarani “vossa”, que significa bolsa ou sacola. A gente queria algo que trouxesse regionalidade, mas sem ser algo comum e que as pessoas quisessem usar. Então também estamos trabalhando muito nessa aproximação com o público”, detalha.
Devido à produção ser completamente artesanal, os produtos são disponibilizados em lotes e, para comprar, é necessário ficar atento às redes sociais da marca. Atualmente, de acordo com Deise, os valores variam entre R$ 89,90 (para os produtores menores) e vão até R$ 350 (no caso de mochilas e bolsas maiores).
No perfil do Instagram, @voxabrasil, os produtos são disponibilizados e também é possível entrar em contato para ver mais detalhes sobre os próximos lotes.
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