Com apoio do filho autista e uma mão, Lúcia vence fazendo bonecas
Após sofrer um acidente de moto e perder 70% do movimento da mão, Lúcia precisou encarar outra profissão
Lúcia Ferreira Teres, 56 anos, é guerreira. Decidiu confeccionar bonecas de pano para ajudar em sua coordenação motora, mas não imaginava que seis anos depois isso seria o seu "ganha pão".
Em 2016, Lúcia sofreu um acidente de moto e acabou perdendo a mobilidade de uma das mãos. "No meu segundo dia de férias do trabalho de limpeza eu estava pilotando a moto quando uma criança apareceu na rua. Tive que frear bruscamente para não acontecer nada pior", recordou.
Foi preciso muita fisioterapia para o movimento da mão retornar, mas a pandemia chegou e seu acompanhamento com profissional ficou comprometido. Com muito medo de perder a mobilidade, Lúcia encontrou uma forma de continuar mexendo as mãos. E foi por meio da costura de bonecas de pano que conseguiu.
Por um tempo Lúcia recebeu o auxílio financeiro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas, há três meses, cortaram o benefício e a inseriram no limbo previdenciário. Isso acontece quando o empregado que estava em auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez recebe alta da perícia do INSS, mas o médico da empresa não aceita o retorno por considerar o funcionário ainda inapto ao serviço.
Lúcia não consegue cortar sua própria carne, pois perdeu força na mão. Mas como uma boa guerreira ela não desistiu e começou fazer bonecas para vender. Com ajuda de seu filho Gabriel, eles vendem o artesanato por onde conseguem.
Lúcia conseguiu um espaço na feira da Bolívia para vender suas obras de artes, mas com o aumento dos casos de covid-19 fez a feira foi interrompida mais um vez. "Sorte que meu filho me ajuda divulgando meu trabalho na internet e de vez em quando ele sai na rua para vender", comenta Lúcia.
Gabriel Teres, 20 anos, ajuda como pode. O jovem tem Síndrome de Asperger - um estado do espectro autista - por isso, não consegue estabelecer diálogo com muitas pessoas, ainda mais quando os lugares são aglomerados. Também tem dificuldade de arrumar emprego fixo. Mas como bom filho de peixe, peixinho é. Gabriel se esforça para vender os bonecos e todo dia vai às ruas oferecer o brinquedo para as pessoas.
"Como não são as mesmas pessoas todos os dias, ele consegue fazer isso", disse Lúcia. Além disso, Gabriel também ajuda sua mãe preenchendo as costuras da boneca para ficarem bem fofas.
Quem quiser conhecer melhor o trabalho da Lúcia pode entrar em contato pelo WhatsApp (67) 99152-5645.
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