De ferramenta aos eletrônicos, camelódromo virou local de exclusividade
Tem coisa em Campo Grande que nem adianta bater perna pela cidade toda. Tempo e passos perdidos, quando se é certo que você só vai encontrar mesmo no camelódromo. Os eletrônicos são o exemplo disso. Hoje não tem, de quem conserta cabo, a carregadores de bateria e acessórios, o que não se acha no centro comercial. O popular virou lugar de exclusividades e é indicado até por assistências técnicas ou revendas autorizadas.
O casal Ricardo Ferraz e Ana Romoaldo veio de longe. De Maceió e passando as férias na Capital, de cara já indicaram a eles o camelódromo. O que procuravam? Algo que nem na assistência ou revenda encontraram, um carregador de celular do mini S3 da Samsung. "A gente procurou outro cabo, mas não encontrou, os que tem são menorzinhos e o nosso é mais compridinho", disseram.
Há 14 anos no centro comercial, o técnico em eletrônica nem estranha quando é indicado. Carlos Flores, de 30 anos, ocupa uma das barracas mais faladas pelo camelódromo. "Às vezes são peças importadas e não tem. Quando tem para vender por aí, é muito caro", explica. O trabalho dele ali é de conserto de cabos, restauração de placas e recuperar conectores. Sobre o que não se encontra no camelódromo ele responde brincando "menos carro, isso ainda não tem pra vender, mas todas as peças já tem".
Lugar de ir às compras e também passear, é difícil quem saia dali sem nem ao menos uma única sacola. O policial Edson Fileto, de 55 anos, foi ao lugar apenas para colocar uma película de proteção no aparelho eletrônico.
"Mas eu já comprei uma mochila, uma carteira e uma bateria", se entrega. Ele admite que no quesito produtos eletrônicos não tem lugar como ali. "Não tem outra opção, é onde eu sempre encontro", diz.
A vantagem, além da exclusividade em muita coisa, é que nos boxes a negociação é outra. Você não sai dali sem ouvir cliente levar mercadoria pelo primeiro preço dito. "Ah, mas não faz por 30?", um exemplo. Se tratando do boca a boca, não dá nem para considerar pechincha do consumidor. "É negociável, em todos tem que dar desconto senão, não vende", comentou a vendedora Regiane da Costa Guimarães, de 26 anos.
Foi aproveitando a hora do almoço que a secretária Márcia Godoy, de 40 anos, consertou o celular. Questionada se chegou a tentar outro local, ela fala de cara. "Por que se a gente sabe que aqui arruma e se acha de tudo?" É que preparada para caso o celular não tivesse conserto efetivo, ela tinha à mão uma gama de boxes onde comprar o que deu defeito novinho em folha.