Em casa antiga, loja de skate é cheia de identidade, com rampa e equipe própria
Em uma casa antiga no Centro de Campo Grande, os shapes de skate na grade são só um detalhe de toda a identidade do lugar. Um loja que respira a cultura do skate, do visual ao modo que nasceu.
A Rema Board House, surgiu do sonho de dois skatistas Marcelo Mattioli Rizzi, de 28 anos, e Renato Jurgielewicz, de 28. Amigos há mais de seis anos, eles resolveram se unir e abandonar as antigas carreiras para realizar o sonho de viver com o trabalho para a cena do skate em Campo Grande, isso há três anos.
“Nós já tínhamos nossas profissões, mas como eramos amigos e dividíamos essa vontade de trabalhar pela cena do skate em Campo Grande, quando a gente teve condições de iniciar o negócio, resolvemos fazer do nosso hobby, nossa profissão”, conta Marcelo.
Renato era advogado de um hospital, trocou o terno, a gravata e os púlpitos dos tribunais pela correria da loja. Marcelo trabalhava como administrador em um empresa de agropecuária, mudou para cuidar da empresa que cresceu e conquistou espaço na cena de quem vive o skate com coração.
A loja começou aos poucos, em casa, de maneira informal, mas não demorou nem seis meses para tudo ser regularizado. Foi então que eles encontraram o imóvel onde a Rema funciona hoje. O local oferecia tudo que eles buscavam: um espaço ideal para construir a identidade de um recando dedicado ao skate.
No começo o dinheiro era contado para o aluguel e a mercadoria, sem grana sobrando para os móveis, eles buscaram alternativas sustentáveis como palets e latões para montar os expositores da loja. Deu certo, além de econômico os móveis trouxeram uma característica própria para o lugar que aos poucos foi todo decorado com esse universo.
“O skate tem isso, para andar nós temos que construir nossos obstáculos. Então, isso de fazer os móveis foi algo que a gente aprendeu do skate”, comenta. Na entrada, um hall é aberto para todo mundo que chega, com vídeos, bancos, ali ficou um lugar de interação, tanto de quem vai para andar na pista de skate no fundo da loja, ou para quem quer encontrar os amigos e trocar uma ideia.
Nas paredes, sobras de lixas de skates montam um mosaico de um lado e do outro, fotos que envolvem o esporte são pregadas com fitas. As mesas são feitas de carreteis de madeira e outras com shapes.
Apesar de todo o visual urbano, a casa não perdeu as características originais, o piso e a estrutura antiga dão um charme a mais ao lugar. Na pista, boa parte dos obstáculos são móveis, a não ser as duas rampas nas extremidades, construídas quando mesmo no empurrão, a Rema conquistou uma das suas maiores conquistas como empresa: sair do aluguel.
“Nós tínhamos dois anos de loja, estávamos engatinhando ainda, e o proprietário disse que iria vender o imóvel, e como a gente era locatário a gente tinha prioridade para comprar. Então ou era a gente dar um jeito, ou fechar e cada um seguir a sua vida, porque aqui estava toda a nossa identidade. Foi empréstimo daqui e de lá, mas no final deu certo, a gente conseguiu comparar a casa”, relata Marcelo.
No interior da loja, de peças de skate ao vestuário, tudo tem alguma ligação com o universo de quem está inserido na tribo. Como os meninos são skatistas a preocupação deles vai além do lucro. Eles trabalham com as marcas que consideram melhor e opções que facilitam a vida no estilo do skate.
A loja tem equipe própria para competir e movimentar o esporte no Estado, e quem trabalha por ali também é envolvido com o skate. Tem projeto que leva a cultura do skate para as escolas e se preocupa em passar uma mensagem bacana, de respeito com o outro.
A diária para andar na pista custa R$ 7,00. A Rema fica na Rua Pedro Celestino, 1387.
Tudo ali é feito com coração, de quem vive o skate como estilo de vida, e traz para a vida a filosofia que ensina a evolução na persistência, que a manobra só vai sair perfeita se você não desistir de tentar acertar.