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Consumo

Ostentação não estava na festa, mas no sorriso de se vestir de noiva aos 47 anos

Paula Maciulevicius | 27/10/2015 06:45
Casamento foi comunitário em igreja e festa aconteceu em casa. (Foto: Arquivo Pessoal)
Casamento foi comunitário em igreja e festa aconteceu em casa. (Foto: Arquivo Pessoal)

O casamento já tem duas semanas, mas o sorriso ainda irradia felicidade de quem realizou o sonho. Eliane foi noiva, de vestido branco, buquê e casamento em igreja aos 47 anos. A ostentação não estava na festa, mesmo tendo condições de bancar, e sim no significado de celebrar a vida.

Eliane e Laércio, os noivos, têm muita história. Ele era professor dela no curso de Administração na década de 80 e depois de terminada a faculdade que os dois começaram a namorar, com 24 anos de diferença na idade.

"Por que só agora? Foram 25 anos batalhando", brinca Eliane Tutida, comerciante de 47 anos e os dois caem na risada. Laércio de Almeida Leite, tem hoje 71 anos e é engenheiro. São 25 anos juntos e um filho adolescente.

Foi durante uma madrugada de junho, quando a chuva acordou Eliane que ela tocou no assunto com o marido. Os dois voltaram a dormir e no dia seguinte as brincadeiras que vieram em cima do casamento confirmaram que ela, enfim, havia conseguido um sim. "Eu sempre quis casar, ele que nunca aceitou", explica.

Levada pelo pai de 85 anos até o altar, ela se casou com seu grande amor. (Foto: Arquivo Pessoal)
Levada pelo pai de 85 anos até o altar, ela se casou com seu grande amor. (Foto: Arquivo Pessoal)

A ideia do casamento nunca tinha saído nem da cabeça e nem do coração de Eliane. O marido cedeu e ela tratou de organizar para ver se conseguiria dizer o "sim" dentro de casa, na festa de aniversário. A proposta nunca foi de transformar o grande dia num espetáculo, porque por si só, ele já seria um dos momentos mais importantes da vida dela. Pela necessidade de fazer o curso de noivos, eles tiveram de adiar um pouquinho os planos. O casamento foi de forma comunitária, com outros casais na Igreja Nossa Senhora de Fátima, no último dia 17.

Por ser sonho, cada um se doou um pouco para participar da festa do casal. "Uma amiga fez o bolo, outras os docinhos", conta a noiva. Surgiram até ex-colegas de faculdade para ajudar na festa. "O que eu queria? A benção de Deus, nós já vivíamos juntos, mas faltava alguma coisa, como se fosse a autorização, sabe?" brinca.

O que era para ser restrito apenas a familiares e amigos, se tornou uma lista de 150 pessoas "íntimas" e nem assim, eles se convenceram de fazer algo "grandioso". "A gente sempre fez tudo em casa e outra pessoa fazer, ficaria meio anônimo. Se é nosso você se sente mais à vontade e todo mundo ajudou", explica o casal.

De início, Eliane pensou em servir espetinho mesmo, mas a insistência dos amigos fez ela procurar por orçamentos de buffet. "Fui em um que dizia 'isso não é chique, aquilo não é chique'. Ele falou o errado, a gente não tem a intenção de fazer nada chique, a casa da gente não é isso, a história da gente não é isso", pontua.

Ostentação estava no sorriso da noiva, de se casar na igreja e fazer a festa em casa. (Foto: Lucio Shigueo Idie e Fabiana Tiemi Idie)
Ostentação estava no sorriso da noiva, de se casar na igreja e fazer a festa em casa. (Foto: Lucio Shigueo Idie e Fabiana Tiemi Idie)

Foi então que ela arregaçou as mangas em busca de um cardápio que não precisasse ficar aquecido o tempo todo. Como em todas as festas de aniversários, a família entrou na cozinha. Dessa vez, com a ajuda de vizinhos e amigos. O menu escolhido foi comida árabe. "As pessoas que foram se oferecendo para ajudar, a gente não pediu. Uma vizinha e uma amiga que são descendentes de árabes fizeram as pastas, outra vez a decoração e iluminação..." E assim vai. 

Dos preparativos até a troca de votos, foi muito nervoso, lágrimas e uma emoção indescritível. "Você já se casou? Eu não sei explicar, eu ria e chorava e fiz todo mundo chorar também. Não fui uma noiva velha, fui uma noiva", prega Eliane.

Levada pelo pai de 85 anos até o altar, ela se casou com seu grande amor e com só duas semanas consegue ver a diferença. "Antes a gente vivia junto, agora somos um casal e de verdade", frisa. E para a alegria estar no rosto não precisou uma festança. O "sim" na igreja é que importava. Isso que era a ostentação.

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Essa é uma sugestão de pauta da leitora e jornalista Neusa Pavão.

Eliane foi noiva, de vestido branco, buquê e casamento em igreja aos 47 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Eliane foi noiva, de vestido branco, buquê e casamento em igreja aos 47 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)

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