Trazida da África, cabana no meio do nada é ideia para vingar turismo pantaneiro
Equipe de especialistas passou 10 dias em 2 países visitando casos de sucesso no ecoturismo
Há alguns anos os safaris em países do continente africano vêm sendo objeto de desejo de muita gente no Brasil. Pessoas de férias, casais em lua de mel, famílias inteiras têm buscado a África como destino para passeio.
Tendo como força principal o turismo de natureza ou ecoturismo, as empresas lá instaladas desenvolveram expertise singular no ramo e estão servindo de modelo para vários outros países, os famigerados cases de sucesso.
Pensando em transportar toda essa gama de conhecimento para o Pantanal de Mato Grosso do Sul e adjacências, e também como forma de tentar preservá-lo, um grupo de várias pessoas ligadas à preservação do bioma pantaneiro e ao ecoturismo passou dez dias durante o mês de fevereiro visitando os países de Botswana e África do Sul, no extremo do continente.
Durante esse período, a equipe liderada por um dos integrantes da iniciativa Documenta Pantanal, o presidente do Instituto Homem Pantaneiro, Angelo Rabelo, e cinegrafistas de Corumbá conheceram, principalmente, a região do Delta do Okavango, muito semelhante às planícies alagadas do Pantanal e considerada um exemplo de sucesso internacional quando se fala de turismo de observação e conservação de natureza.
“A intenção principal é que a experiência africana sirva de exemplo e referência para projetos similares no Pantanal brasileiro”, explica Angelo.
A ideia inicial mesmo surge empresário Roberto Klabin, proprietário de um refúgio ecológico no Pantanal. Após várias idas ao continente africano, ele pensou em trazer para o Brasil o exemplo bem-sucedido de Botswana em relação à conservação de áreas de natureza.
A concepção deste intercâmbio, lembra Klabin, começou há cerca de três anos, quando o SOS Pantanal, instituição também integrante da Documenta Pantanal, trouxe um especialista em turismo em áreas de conservação de Botswana para proferir palestras em Campo Grande, Cuiabá e Brasília.
“Nesses encontros, ficou visível para os empresários do Pantanal a necessidade de aprenderem com o país africano e aplicarem no Brasil as mesmas boas práticas que mudaram radicalmente uma área alagada de 15 mil km”, diz o empresário se referindo ao Delta do Okavango.
A viagem foi feita a convite da empresa africana Natural Selection, que pretende se instalar no Pantanal. Eles possuem vários lodge hostels espalhados por países africanos, tendo como região mais próspera o Delta. Esses lodge hostel são espécies de cabanas dotadas de uma estrutura completa, com quarto, banheiro, cozinha e ainda permite um contato mais próximo com a natureza.
“Conhecer um caso de sucesso de turismo em áreas de conservação como uma alternativa de negócio vai ao encontro daquilo que temos buscado nos últimos 30 anos para o Pantanal que, além de suas atividades tradicionais, como a pecuária, é cenário de uma exuberante vida selvagem. A experiência do Okavango se tornou um exemplo de oportunidades para empresários e população, construindo uma estratégia em que todos sobrevivem, a natureza é protegida e as pessoas passam a ter qualidade de vida e os negócios acontecem”, afirma Rabelo.
A ida dos cinegrafistas para Botswana tem uma justificativa, de acordo com a organizadora do Documenta Pantanal, a produtora Mônica Guimarães. “Durante a permanência deles serão produzidos filmes de curta duração dos diferentes aspectos da bem-sucedida experiência do Okavango, abrangendo desde as questões de preservação ambiental à infraestrutura hoteleira, os quais posteriormente, serão exibidos nas redes sociais dos integrantes de nossa iniciativa, empresários que atuam no Pantanal”, explica.
Rabelo conclui que o potencial do Pantanal é imenso e que só um turismo inteligente e rentável como esse pode ajudar a preservá-lo de fato. "Todo mundo quer ver de perto a ariranha, o tamanduá e claro, a estrela, a onça pintada, então tem muitos elementos desse turismo que está sendo praticado na África”.
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