Cidade limpa: o que sobrou de arquitetura para a gente ver?
Limparam as fachadas, retiraram os painéis, nova pintura, muita expectativa de ressurgir a arquitetura histórica por detrás dos elementos poluidores dos prédios da área central de Campo Grande. O que vemos depois de tanta ação? Pouca coisa de manteve, depois de anos e anos de muita fiscalização e discussão do Cidade Limpa, adotado pela municipalidade anos atrás.
Desde que comecei a escrever sobre esse assunto, lá nos anos 1985, sempre tive o apoio de muitos, da imprensa, de setores da sociedade que clamavam por uma cidade despoluída de imensos painéis que disputavam, cada um maior que o outro, a atenção dos clientes. Pois bem, recentemente percorri a área central da cidade e registrei alguns poucos edifícios ainda com condições se serem declarados “patrimônio arquitetônico de Campo Grande”. E é sobre eles que converso com vocês hoje.
Segundo levantamento que realizei em 1999 e em 2014, temos no centro da cidade – especificamente na Zona Especial de Interesse Cultural (ZEIC) – umas duas centenas de edifícios de grande valor para a história de nossa arquitetura local, seja pela sua condição de uso, trajetória ou ainda os elementos de fachada que os caracteriza como importantes.
Desse conjunto, grande parte encontra-se na Esplanada da Noroeste do Brasil e arredores e assim, vamos identificando diversos prédios de enorme valor cultural e patrimonial nessa porção da área central.
Muitos edifícios, quando retirados os painéis, ao ressurgirem no novo espaço visual, nada mais tinham de significativo e característico, seja de estilo ou de elementos decorativos de sua fachada. Com o tempo, foram sendo extraídos e assim, as fachadas da maioria dos prédios centrais não possui valor arquitetônico mais. São meras edificações sem nenhuma característica arquitetônica importante. Uma pena.
Entretanto, ainda podemos encontrar importantes marcas e registros dos anos 1920, 1940 e 1940, especialmente, totalmente recuperados e com muita história para contar para a cidade e seus habitantes.
Hoje apresento vários desses prédios, todos localizados na ZEIC, que resumidamente, engloba o centro da cidade com alguma expansão para o norte. São prédios que ficaram no tempo, depois de tantas obras de reforma e de fachadas com placas e letreiros. Não posso deixar de lembrar de vários que foram demolidos e se perderam no tempo. Não voltam mais e deixaram apenas fotos de registros.
Mas precisamos salvar e manter viva a ideia de cidade, que tem uma tendência de se perder no dia a dia do consumismo da construção civil, dos novos empreendimentos, das novas ordens econômicas da cidade. Queremos a cidade viva, para nos fazer lembrar dos tempos, das camadas da história e das diversidades existentes. Isso é muito importante para todos nós. Vamos ver as fotos.