Ano teve 2 obras importantes para arquitetura de Campo Grande
Todo ano eu tento escrever um artigo que possa retratar coisas importantes, em termos arquitetônicos, que ocorreram em nossa cidade. Nos últimos anos, a produção arquitetônica de Campo Grande veio ocorrendo, muito, na arquitetura residencial, dentro de condomínios fechados, o que impossibilita fazermos uma análise, dadas as condições de acesso ao edifício. A última obra de arquitetura importante que a cidade recebeu foi o polêmico Aquário do Pantanal, projeto de Rui Ohtake, de São Paulo. Comentei sobre essa obra anos atrás.
Hoje faço questão de sugerir aos meus leitores que examinem com mais detalhes, dois edifícios que estão fazendo parte de nossa malha urbana. O primeiro, pronto e entregue: o Hospital da CASSEMS, na Avenida Mato Grosso. O outro, o FLAT HD, um edifício para novo estilo de morar, na Avenida Afonso Pena. São eles que escolhi para fazer um balanço da nossa arquitetura.
O Hospital da Cassems (Caixa de Assistência do Servidor de MS) foi entregue ao público em 2016 e entrou em funcionamento já no mês de novembro, a todo vapor. É uma obra de arquitetura contemporânea, localizada na Avenida Mato Grosso, bem próximo da entrada do Parque dos Poderes. Sua localização é privilegiada, com bom acesso, com estacionamento interno, guaritas, áreas de carga e descarga, tudo separado.
O Projeto é do arquiteto e urbanista Sérgio dos Reis (formado em 1991 pelo Centro Universitário de São Paulo, tem em seu portfólio pessoal mais de 200 projetos específicos na área de saúde, desde reestruturação de hospitais existentes até a concepção de complexos hospitalares) da empresa EMED Arquitetura Hospitalar, especializada na elaboração de projetos para clínicas, laboratórios e hospitais dos mais diferentes portes, além de gerenciamento de obras.
O Complexo tem 14 mil m2 de área construída e tem 107 leitos, capacidade para atender mil pacientes por dia, completo, com centro cirúrgico UTI para adultos e neo natal 24 horas.
Em termos compositivos, o edifício se apresenta em uma solução plástica com conjuntos de caixas que se entrelaçam com o domínio do edifício mais alto, com a torre de escada e elevadores, com aplicação de revestimento na cor marron, enquanto o conjunto apresenta pele de vidro em toda a sua extensão e placas de alumínio pintadas na cor branca.
O afastamento frontal longo permitiu que o conjunto ficasse implantado distante da Avenida Mato Grosso, via de intenso fluxo e de muito ruído e permitiu a criação de jardins frontais e o estacionamento dos veículos de visitantes e o acesso.
O FLAT HD é um edifício misto, localizado em área nobre da capital, na Avenida Afonso Pena, entre as ruas Espírito Santo e Paraíba e com fundos para a Rua Pedro Coutinho. O terreno do edifício do Flat HD, tem 2.769,67m² e a área total construída é de 12.309 m2. Ao todo são 16 pavimentos 16 pavimentos com 2 subsolos, 111 unidades, 181 vagas e 4 tipos de apartamentos além de 03 lojas e 01 restaurante.
O andar térreo com hall de entrada, jardins, dois banheiros sociais, caixa de escada, caixa de elevadores, uma loja interna, salas administrativas, restaurante e loja externa além de pátio central.
O mezanino prevê uma loja interna, sala de reunião social e mezanino da loja externa. Serão mais 13 pavimentos com cinco praças externas distribuídas ao longo dos andares e pavimento de cobertura contendo: uma piscina de raia, um ofurô, um espaço gourmet, dois banheiros sociais e sala para fitness.
O projeto é de uma equipe de arquitetos e urbanistas que tem escritório em Campo Grande. Arquitetura, Interiores e Paisagismo: César Fernandes, Inácio Nessimian e Maria Teresa Corrêa da CIA - Conceitos Inteligentes em Arquitetura e MTC Arquitetura e Paisagismo. Segundo os projetistas, o edifício faz uma gentileza urbana importante, pois o recuo frontal varia entre 12,00m e 20,00m, gerando uma maior integração com a Avenida Afonso Pena. Já a orientação solar, ponto forte do projeto, a forma da torre tem seu lado direito paralelo à avenida, e o esquerdo com exatos 11 graus com relação a mesma (buscando o Norte verdadeiro).
Com essa composição, o edifício se apresenta majestoso para a cidade, com duas imensas perfurações na fachada principal, gerando um volume com uma dinâmica espacial inovadora para a arquitetura local. A fachada com pele de vidro na parte frontal veio a equilibrar o volume e deixa a transparência acontecer.