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Diversão

“Bar do Papai Noel” promete vista privilegiada e melhor cerveja da cidade

Ângela Kempfer | 18/06/2014 06:51
Papai Noel veste preferencialmente vermelho e guarda no bar os sininhos dos dias de trabalho. (Fotos: Simão Nogueira)
Papai Noel veste preferencialmente vermelho e guarda no bar os sininhos dos dias de trabalho. (Fotos: Simão Nogueira)

Difícil encontrar um casal tão risonho no balcão de um bar. Mas quem atende na Orla Morena é o Papai Noel em pessoa, ao lado da esposa. Roberto Ribeiro mantém as portas abertas há 14 anos na Vila Alba, mas o lugar mudou de nome quando em 2006 ele virou o bom velhinho oficial do principal shopping da cidade.

É a simpatia dele e da esposa que garante o rodízio de clientes fiéis, conhecidos pelo nome, que entre uma brincadeira e alguma notícia bebem cerveja de olho na paisagem privilegiada. "Volto sempre porque sou bem atendido", confirma Ângelo Alfonso, de 77 anos.

A frente, estão o coreto da região conhecida como Cabeça de Boi e a Praça das Araras, com um ventido bom sempre soprando. “As vezes, elas (araras) passam por aqui. Fica mais bonito ainda”, diz um dos clientes, o músico Deraldino Gabriel, de 42 anos, que quase todos os dias sai do Taveirópolis e estaciona para um happyhour no Bar do Papai Noel.

Além do visual, outra vantagem é a cerveja gelada e por R$ 3,00 (Bavaria), “a melhor da cidade”, garante o proprietário de longa barba branca e olhos azuis. “O segredo é manter no freezer vertical, esses horizontais não servem”, recomenda.

Há de tudo no balcão do boteco (no pleno sentido da palavra), de desodorante à pipoca doce. O refrigerante é do tipo servido no saquinho para quem quiser levar. Os salgados são encomendados, então, o forte, é mesmo a conversa e a bebida, mas com “parcimônia”, avisa o Papai Noel. No bar, a cachaça é a mais pedida, custa R$ 1,50 a dose e é servida com a garantia de alerta contra exageros. “O cara bebe 1, bebe 2 e na terceira eu já aviso que é a última”, afirma Roberto.

Balcão do bar, com perfumes, presentes e coisas de boteco.
Balcão do bar, com perfumes, presentes e coisas de boteco.

Dona Valmerina é a esposa/empresária do Papai Noel. Ela estava ao lado do marido em um passeio no shopping quando ele recebeu a primeira proposta para vestir a fantasia do maior símbolo do Natal, convite feito por um gerente das Casas Pernambucanas. Desde então, é a mulher quem cuida sa agenda concorrida.

“Estamos em junho e já tem gente que contratou para fazer a entrega de presentes em dezembro”, conta a senhora de 66 anos que também colocou o irmão para trabalhar na data especial. "Ele começou a deixar a barba crescer e desde 2010 também é Papai Noel", diz.

Muito falante e sorridente, ela pede logo para que Roberto “apresente” a casa e as fotos na parede. São recordações, principalmente da família e do Papai Noel do shopping. Uma das imagens é do casamento do filho caçula, que foi alvo de uma surpresa daquelas no dia “D”.

“Ele se casou no Rio de Janeiro e achava que a gente não ia. Daí, arrumamos uma caixa enorme e o Roberto ficou lá escondido. Quando meu outro filho chamou ele para receber o presente, o Papai Noel saiu da caixa e foi uma emoção”, lembra Valmerina.

Ela é quem acorda mais cedo na casa. Às 5h já está fazendo café e assando os salgados para o lanche de quem trabalha na região. O bar abre às 6h e logo fica cheio de militares e outros funcionários do Hospital Geral do Exército, que fica ao lado.

Papai Noel também quer incentivar a reciclagem.
Papai Noel também quer incentivar a reciclagem.

Novidades - A placa em vermelho, com o nome do bar, fica escondida na varanda. À vista mesmo está a mais nova invenção, um lugar para coleta de garrafas pet com o slogam "Jogar no lixo é desperdício". "Foi um patrocinador que fez a proposta e deu muito certo. Tem dias que fica lotado e depois os catadores passam para pegar", explica Roberto.

A figura do Papai Noel já foi usada, inclusive, na política. Roberto disputou as eleições para vereador, deputado estadual e federal. Neste ano deve ser candidato de novo, sem correntes, pelo menos, no visual. “Sou único Papai Noel com barba e cabelos originais, além dos olhos azuis.”

Também é um dos poucos donos de boteco que não bebem e não fumam, um hábito saudável conquistado por “questão de opinião”, lembra, com data na ponta da língua sobre o dia da virada.

“Era 29 de novembro de 78 quando amassei o meu último maço de cigarro. Já tinha parado de beber, porque não dá para conciliar família, cigarro e bebida. Se você tem um centavo no bolso, você vai gastar com o o vício”, justifica.

O cabelo e a barba crescem sem qualquer corte há 6 anos. Já a cor branca, surgiu muito, mas muito precocemente. “Quando eu tinha 5 anos minha mãe já achou os 3 primeiros fios brancos na minha cabeça”, conta Roberto, nascido no interior de São Paulo, criado em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, mas realizado em Campo Grande. “É o melhor lugar que eu já vivi”, garante.

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