Alegando falta de tempo para concurso, Prefeitura nomeia rei momo e rainha
Com a justificativa de que não houve tempo para publicar o edital de seleção do Rei Momo e da Rainha do Carnaval, a Prefeitura foi quem selecionou os coroados da noite dessa sexta-feira, data de lançamento do Carnaval de Campo Grande. Os escolhidos foram Alcides da Silva, que pela terceira vez leva o título e Safira Maia, bailarina e professora de dança árabe.
Alcides tem 39 anos, é professor de Educação Física e nasceu em Jardim. Morador da Capital há 16 anos, ele conta que desde que chegou aqui já se enturmou na Escola de Samba Unidos do Cruzeiro, da região do bairro Estrela do Sul. Além de gostar da data, ele relaciona a profissão com o movimento dos pés. "Minha profissão já fala, é dança, é movimento, cultura", afirma.
A partir do quarto ano de desfile na escola é que ele foi coroado como Rei Momo nos anos de 2011 e 2012. Sobre a responsabilidade do "cargo", Alcides diz que a experiência conta e muito. "É saber dançar. E eu já tenho essa experiência de samba".
Ao lado de Alcides, a coroada da noite foi Safira. Dos 42 anos de vida, a bailarina está há quatro na Capital. Veio por questões familiares de São Paulo, trazendo na bagagem alguns anos de dança até nos Emirados Árabes.
A rainha explica que a escolha foi feita de acordo com o perfil. "E foi uma honra ter sido aceita assim, estou há três anos participando do Carnaval de Campo Grande", comenta.
Safira diz que a responsabilidade agora aumenta, isso porque ouviu dizer que daqui para frente Campo Grande terá o melhor Carnaval do Estado.
"Trabalho há 26 anos com dança árabe para levar alegria, a dança tem tudo a ver com o samba, a precisão dos movimentos é igual", compara.
Os coroados representam até o dia 17 de fevereiro a cidade de Campo Grande. Eles também devem passar por Corumbá e Aquidauana.
Ao Lado B, o coordenador do Carnaval da Capital, Valdir Gomes, explicou que a Fundac (Fundação Municipal de Cultura) teria que convocar em edital os candidatos, mas como isso não aconteceu e eles não poderiam ficar sem corte, a escolha teve de ser entre as pessoas que representam o Carnaval.
"São pessoas que gostam do Carnaval, de trazer alegria, que tem simpatia com o público", explica Valdir sobre os critérios. Vale destacar que depois de 35 anos desfilando, Valdir anunciou que neste ano, a pedido do prefeito Gilmar Olarte, deixou a passarela para se dedicar à organização.
A festa - Pautado mais uma vez pela polêmica, o lançamento do Carnaval contou a apresentação da cantora Gilmelândia, cujo cachê custou à Prefeitura mais de R$ 70 mil, valor exorbitante diante dos calotes que os artistas daqui levaram de projetos já apresentados, sem contar a não aplicação do 1% para a Cultura, previsto em lei.
O secretário de Finanças da Prefeitura, André Scaff, argumentou que parte da verba para a reaização do show - sem saber precisar quanto - veio de patrocínio. "É uma festa feita com carinho, de pessoas da Prefeitura que estão ajudando".
O show começou às 23h30. A segurança esteve reforçada a ponto de dar a impressão, em alguns momentos, de haver mais policiais, guardas municipais e seguranças do que foliões. A cabeleireira Bianca Machado, de 29 anos, está de passagem por Campo Grande. De Manaus, ela compara com o ânimo do Norte, que parece ganhar de "lavada".
"É bom, mas é diferente o daqui, oo nosso Carnaval não é assim não. Lá não é tão devagar", opina.
Aos 19 anos, a estudante Larissa Fidélis, descreve como alegre a noite. "O desfile, as escolas, está tudo contagiante. Música boa e fora que está muito seguro, só tem famílias", observa.