Ao pedir "Me Deixa Brincar", tarde no Horto reforça como deve ser a infância
"Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação. Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas." (Manoel de Barros)
Nosso poeta falava como ninguém sobre como aproveitar a infância. A tarde de ontem no Horto Florestal foi assim, para quem já é "crescido" voltar a ser criança e quem é menino ou menina, brincar, como deve ser uma infância bem vivida.
Com tudo muito colorido, teve amarelinha, pula corda, brincadeira com tinta, teatro, dança e, com certeza, muita diversão. Era impossível não se contagiar com a festa que tomou conta do Horto Florestal na tarde de sábado. O “Me Deixa Brincar” é um evento mundial, promovido pela “Aliança da Infância”, uma organização criada para proteger a infância.
Aberto e gratuito, era só chegar e escolher uma brincadeira. O evento contou com a participação de várias universidades e instituições que trabalham com crianças, como grupos de teatro e o SESC.
A pequena Isadora Campos, de 2 anos, não parava um minuto, correndo de um brinquedo para o outro, fazendo o pai Frederico Campos, de 30 anos, acompanhar o ritmo animado dela.
“Eu nem sabia que ia ter, minha sogra que passou e viu e a gente resolveu vir. E acho que deveria ter mais vezes, esse contato das crianças com as brincadeiras, com outras crianças, é de suma importância para o desenvolvimento dela. E ela está adorando!”, comentou, e logo saiu em disparada atrás da filhota.
Na vida pautada na TV e no computador, muita coisa ali acaba sendo novidade e em meio a tantas atividades as crianças acabam descobrindo um novo mundo a ser explorado, as brincadeiras que os pais brincavam, mas que para eles ainda são quase que desconhecidas.
“Nós acreditamos que é preciso preservar a infância,e o evento é esse, cada um chega monta o seu espaço em prol da brincadeira na infância. Tudo é muito bacana, aqui a criança sai da timidez, conversa com as outras e assim vai ser um adulto melhor. Eu estou muito feliz com o resultado”, comenta a professora Angela Maria Costa, da Aliança para a Infância, foi ela que trouxe o evento, que já é reproduzido em outros lugares do mundo, para Campo Grande me 2008.
No começo Davi Santos, de 5 anos, estava meio acanhado, mas depois foi se soltando, encontrou um circuito de atividades para se entender, brincou de Lego também e adorou conhecer alguns super heróis da Liga do Bem, que participaram do evento.
Meio com vergonha, me contou que estava adorando brincar ali e soltou um sorriso deixando a “porteirinha” dos dentes de leite aparecer. “A vida deles agora é muito centrada em computador em celular, é tão bom ver ele brincando assim, com muita coisa que eu brincava quando era criança”, contou a mamãe Ariadne Santos, de 43 anos.