Após 120 dias isolado, casal mata saudade de festa junina no Paraguai
Em Assunção desde fevereiro, Hannah e Kleomar puderam sair de casa após 120 dias e conheceram sabores muito diferentes
No Paraguai, Hannah de Moliner e Kleomar Carneiro conseguiram matar um pouquinho da saudade da festa junina brasileira com a feira de San Juan. O evento ocorreu em Assunção, no dia 24 deste mês, após 120 de isolamento no país.
“Estamos descobrimos as coisas, costumes e festas. Gosto de explorar, conhecer a cultura. Deu para matar saudade da festa junina porque ficamos trancados muito tempo e só de ir num lugar aberto, ver as bandeirinhas, as pessoas, já faz sentir o calor dessa época. Só não deu para matar vontade das comidas porque é muito diferente”, brinca ela.
Hannah tem 28 anos, é jornalista, mas atua com produção audiovisual, fotos e vídeos de comidas e casamentos. Mudou-se de Campo Grande para Assunção com o esposo em fevereiro deste ano, pouco antes do vírus atingir o país e comenta como anda a situação por lá.
“É bem diferente, está muito mais controlada. O número de mortes causadas pelo coronavírus em Mato Grosso do Sul é maior do que aqui e, mesmo assim, o pessoal está respeitando muito”, diz.
A comparação é feita porque o número de mortes pelo vírus no país, segundo informações do site paraguaio “Ultima Hora”, é de 13 falecidos, enquanto em Mato Grosso do Sul foram registrados 72 óbitos. A quantidade de casos no Paraguai também é menor segundo o jornal, com 1.569 registros. Já no Brasil são mais de 100 mil casos.
Hannah conta que quando o vírus chegou ao país, o governo tomou medidas de prevenção, como o uso obrigatório de máscara e adotou a quarentena, deixando funcionar apenas os serviços essenciais como farmácias e mercados.
“Também tivemos o rodízio de placas, então podíamos sair apenas nos dias ímpares por conta do final da placa do nosso carro. Isso ocorreu na fase um, quando começaram a abrir para a população fazer as coisas. Agora, já estamos na fase três, que é mais tranquila”, afirma.
A terceira fase, chamada de “quarentena inteligente”, teve início no país no dia 15 deste mês e aos poucos as coisas estão voltando a funcionar, porém seguindo regras de segurança. Com a retomada das atividades, os comerciantes voltaram a realizar a feira ao ar livre que acontece toda quarta-feira em Assunção.
“É uma feira de agricultores que produzem alimentos naturais, verduras, frutas e vendem lá. Como a última data [24 de junho] coincidiu com o dia de San Juan, eles fizeram uma edição típica em comemoração”.
O evento ocorreu em espaço aberto, onde barracas foram montadas e bandeirolas fizeram parte da decoração, devolvendo um pouco de cor e alegria aos moradores. Todos usaram máscara de proteção e no local comidas típicas foram vendidas.
Desta vez, ao invés de pipoca, pamonha e quentão, o casal experimentou alguns sabores paraguaios, como a Chipa Asador. “É como se fosse uma chipa, mas com um buraco no meio porque é colocada num bambu e assada no grill”, diz.
O evento ocorreu ao lado de uma padaria artesanal chamada Karu, um dos locais preferidos do casal, e que também ofereceu mais opções de pratos. Por algumas horas, Hannah teve a oportunidade de conhecer a “chipa so’o”, feita com massa de milho e recheada com carne, e o “mbeju”, que lembra a nossa tapioca. “Eles comem recheada e tem bastante de quatro queijos”.
A “pajagua mascada” foi outro sabor explorado. “Lembra croquete, mas é misturada com carne e mandioca”, explica ela. “Teve também o ‘pastel mandi’o’, que é uma empanada, com massa de mandioca e recheio de carne”, completa.
“Sempre amei a festa junina. Estava meio triste porque não poderia estar com os amigos, pois a gente fazia festinhas em Campo Grande. Uma amiga comentou sobre o San Juan daqui, que é um evento grande oferecido por quermesses. Mas, por conta da pandemia não teve festa e sim uma feira”, explica.
A feira serviu para o casal tomar um ar puro depois de enfrentar um período de caos. Agora, com a situação mais controlada, Hannah fala sobre poder andar pelas ruas de Assunção. “Está mais tranquilo, mas, mesmo assim, a população continua respeitando. Aqui a gente sente mais segurança porque sabe que todos estão seguindo as exigências”, finaliza.
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