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Diversão

Após 120 dias isolado, casal mata saudade de festa junina no Paraguai

Em Assunção desde fevereiro, Hannah e Kleomar puderam sair de casa após 120 dias e conheceram sabores muito diferentes

Alana Portela | 29/06/2020 06:35
Feira de San Juan ao ar livre contou com decoração de boi, bandeirolas e até plaquinha informativa, em Assunção. (Foto: Hannah de Moliner)
Feira de San Juan ao ar livre contou com decoração de boi, bandeirolas e até plaquinha informativa, em Assunção. (Foto: Hannah de Moliner)

No Paraguai, Hannah de Moliner e Kleomar Carneiro conseguiram matar um pouquinho da saudade da festa junina brasileira com a feira de San Juan. O evento ocorreu em Assunção, no dia 24 deste mês, após 120 de isolamento no país.

“Estamos descobrimos as coisas, costumes e festas. Gosto de explorar, conhecer a cultura. Deu para matar saudade da festa junina porque ficamos trancados muito tempo e só de ir num lugar aberto, ver as bandeirinhas, as pessoas, já faz sentir o calor dessa época. Só não deu para matar vontade das comidas porque é muito diferente”, brinca ela.

Hannah tem 28 anos, é jornalista, mas atua com produção audiovisual, fotos e vídeos de comidas e casamentos. Mudou-se de Campo Grande para Assunção com o esposo em fevereiro deste ano, pouco antes do vírus atingir o país e comenta como anda a situação por lá.

“É bem diferente, está muito mais controlada. O número de mortes causadas pelo coronavírus em Mato Grosso do Sul é maior do que aqui e, mesmo assim, o pessoal está respeitando muito”, diz.

Kleomar Carneiro abraçando Hannah de Moliner. (Foto: Hannah de Moliner)
Kleomar Carneiro abraçando Hannah de Moliner. (Foto: Hannah de Moliner)

A comparação é feita porque o número de mortes pelo vírus no país, segundo informações do site paraguaio “Ultima Hora”, é de 13 falecidos, enquanto em Mato Grosso do Sul foram registrados 72 óbitos.  A quantidade de casos no Paraguai também é menor segundo o jornal, com 1.569 registros. Já no Brasil são mais de 100 mil casos.

Hannah conta que quando o vírus chegou ao país, o governo tomou medidas de prevenção, como o uso obrigatório de máscara e adotou a quarentena, deixando funcionar apenas os serviços essenciais como farmácias e mercados.

“Também tivemos o rodízio de placas, então podíamos sair apenas nos dias ímpares por conta do final da placa do nosso carro. Isso ocorreu na fase um, quando começaram a abrir para a população fazer as coisas. Agora, já estamos na fase três, que é mais tranquila”, afirma.

A terceira fase, chamada de “quarentena inteligente”, teve início no país no dia 15 deste mês e aos poucos as coisas estão voltando a funcionar, porém seguindo regras de segurança. Com a retomada das atividades, os comerciantes voltaram a realizar a feira ao ar livre que acontece toda quarta-feira em Assunção.

Feira contou com barracas e vendas de alimentos. (Foto: Hannha de Moliner)
Feira contou com barracas e vendas de alimentos. (Foto: Hannha de Moliner)

 “É uma feira de agricultores que produzem alimentos naturais, verduras, frutas e vendem lá. Como a última data [24 de junho] coincidiu com o dia de San Juan, eles fizeram uma edição típica em comemoração”.

O evento ocorreu em espaço aberto, onde barracas foram montadas e bandeirolas fizeram parte da decoração, devolvendo um pouco de cor e alegria aos moradores. Todos usaram máscara de proteção e no local comidas típicas foram vendidas.

Desta vez, ao invés de pipoca, pamonha e quentão, o casal experimentou alguns sabores paraguaios, como a Chipa Asador. “É como se fosse uma chipa, mas com um buraco no meio porque é colocada num bambu e assada no grill”, diz.

No fundo da imagem, os tomatinhos ao lado do "pastel mandi'o" (empanada), "pajagua mascada", "chipa so’o" na cor mais dourada, "pastel mandi’o", “mbeju” na cor mais esbranquiçada e na frente mais três "pajagua mascada". (Foto: Hannah de Moliner)
No fundo da imagem, os tomatinhos ao lado do "pastel mandi'o" (empanada), "pajagua mascada", "chipa so’o" na cor mais dourada, "pastel mandi’o", “mbeju” na cor mais esbranquiçada e na frente mais três "pajagua mascada". (Foto: Hannah de Moliner)

O evento ocorreu ao lado de uma padaria artesanal chamada Karu, um dos locais preferidos do casal, e que também ofereceu mais opções de pratos. Por algumas horas, Hannah teve a oportunidade de conhecer a “chipa so’o”, feita com massa de milho e recheada com carne, e o “mbeju”, que lembra a nossa tapioca. “Eles comem recheada e tem bastante de quatro queijos”.

A “pajagua mascada” foi outro sabor explorado. “Lembra croquete, mas é misturada com carne e mandioca”, explica ela. “Teve também o ‘pastel mandi’o’, que é uma empanada, com massa de mandioca e recheio de carne”, completa.

“Sempre amei a festa junina. Estava meio triste porque não poderia estar com os amigos, pois a gente fazia festinhas em Campo Grande. Uma amiga comentou sobre o San Juan daqui, que é um evento grande oferecido por quermesses. Mas, por conta da pandemia não teve festa e sim uma feira”, explica.

A feira serviu para o casal tomar um ar puro depois de enfrentar um período de caos. Agora, com a situação mais controlada, Hannah fala sobre poder andar pelas ruas de Assunção. “Está mais tranquilo, mas, mesmo assim, a população continua respeitando. Aqui a gente sente mais segurança porque sabe que todos estão seguindo as exigências”, finaliza.

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Boi feito de papelão foi usado como decoração na feira de San Juan. (Foto: Hannah de Moliner)
Boi feito de papelão foi usado como decoração na feira de San Juan. (Foto: Hannah de Moliner)


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