Bloco do Reggae e Farofolia lotam 1º dia de festa na Esplanada

O Carnaval de Campo Grande segue animado e nem a possibilidade de chuva na noite de ontem desanimou o público do Bloco do Reggae e do Farofolia, que lotaram a Esplanada Ferroviária.

No Centro, o evento foi dividido em duas áreas distintas que concentraram a festa dos respectivos blocos. A galera do Reggae ficou estabelecida próximo ao Monumento da Maria Fumaça, entre as avenidas Mato Grosso e Calógeras, enquanto o bloco LGBTQIA+ agitou o público na Rua Doutor Temístocles, entre a Avenida Calógeras e Rua 14 de julho.

O público se dividiu entre os dois carnavais organizados pelo bloco e teve quem aproveitou para transitar entre as duas festas. É o caso da Mayara Diniz, de 25 anos, que foi pra folia com a irmã Regina Gavilan, de 32 anos, e o amigo Julio Hernandi, de 28 anos. “São vibes diferentes, aqui no reggae é algo mais leve, de boas. Lá tá mais o movimento, funk. A gente gosta dos dois, ficamos revezando mesmo”, afirma a jovem.

Para entreter o público, o Rockers Sound Systen trouxe uma programação musical com mais de cinco DJs e apresentação da Banda Marolo. Num clima mais ‘suave’, o bloco do reggae fez a alegria de quem viu que nesse Carnaval o movimento conquistou espaço de destaque.

Animada, Larissa Pulchério conta que sempre acompanhou o bloco e que a folia veio para ficar na cidade. “Eu tô muito orgulhosa desse movimento do reggae, eu canto há muito anos com a galera. Eu tô muito orgulhosa e feliz de ver que o reggae chegou nesse ponto, que a gente conseguiu um espaço desse, conseguiu movimentar essa cultura que é tão representativa. O Carnaval de Campo Grande tá cada vez mais forte, acho que a cultura merece isso, Campo Grande é rica em arte”, afirma.

Levada pela filha DJ, Laila Pulchério, de 60 anos, fala que ficou surpresa com o que encontrou neste ano na rua. “Eu não sou a pessoa que mais adora o Carnaval, mas hoje por exemplo fiquei surpresa pela estrutura que tá montada, tá muito seguro, tá bem bacana. Você fica mais tranquila pra curtir e apreciar. Depois que eu venho eu gosto, eu adoro”, diz.

Apesar de a festa ter começado 17h na Esplanada Ferroviária, o público chegou em peso após as 20h. Nas ruas, os foliões se dividiram entre os que investiram na fantasia e aqueles que abriram mão de plaquinhas, glitter e tiaras coloridas.

Ainda assim, a animação uniu jovens e adultos que 'caíram' no funk proporcionado pelo Farofolia. Produtor do bloco, Thallyson Perez destaca a importância de abrir o Carnaval e criar uma festa que abraça a comunidade.

“Pra gente é a realização de um sonho estar abrindo um grande evento desse, é muito importante também para nossa comunidade, pela nossa visibilidade. A gente luta muito por essa visibilidade dentro de todos os principais eventos da cidade e foi uma honra abrir o Carnaval deste ano, trazer nosso movimento e mostrar que os LGBTQIA+ tem espaço sim”, pontua.

Ele fala sobre os preparativos da festa e que nos próximos dias as pessoas podem continuar curtindo o Farofolia. “A gente preparou uma decoração na rua, a gente quis dar um brilho que outros carnavais não fazem. O Farofolia continua os cinco dias de Carnaval na boate Loop Music Loung com uma programação de after das 22h às 6h. A entrada é a partir de R$ 15”, destaca.

Além da decoração, o bloco investiu numa programação com DJs, show ao vivo de Regina Bombom e performances, como do Crew Drag CG. Outros destaques da folia foram o desfile das Miss e Misters Trans de Campo Grande, apresentação das passistas Bruna Freitas, Rafaela Capucci e também da escola de samba O Templo.

Uma das pessoas que subiram ao palco foi a Miss Trans Plus Size Nicolly Motta, de 30 anos. Convidada para fazer parte do Carnaval pela primeira vez, ela fala sobre a experiência.

“Eu acho uma grande visibilidade essa que a classe LGBTQIA+ tá tendo nesse Carnaval de 2023, porque nos outros carnavais não tinha o espaço que está tendo agora. Acho incrível esse momento e essa luta que estamos cada vez mais avançando”, declara.

A representatividade também é algo importante para Jean Ferreira, de 24 anos, que diz se identificar na folia com o público que o bloco atrai. “Eu tô gostando, tá ótimo. O Carnaval já é uma identidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul e a gente tem que reforçar isso. Tá quebrando um pouco os padrões dos outros blocos tradicionais que tem em Campo Grande. Isso é bom porque atrai outros públicos, o mais jovem, LGBT, alternativo tá podendo se sentir representado”, relata.

Após dois anos sem Carnaval dos bloquinhos, a sexta-feira serviu para aliviar um pouco a saudade da festa popular. Nos próximos dias, Sérgio Cavalcante, de 52 anos, só espera uma coisa. “Que seja bem animado, tem que ser. Saudade de ver o povo animado”, ressalta.

Neste sábado (18), o Carnaval continua com Cordão Valu na Esplanada Ferroviária e Bloco do Reggae na Praça Cuiabá. Ambos os blocos começam às 15h e seguem até 23h.

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