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Diversão

Com exposições, bar de rock com pegada underground reabre na Afonso Pena

Aline Araújo | 10/07/2015 06:23
O bar reabriu onde tudo começou. (Foto: Vanessa Tamires)
O bar reabriu onde tudo começou. (Foto: Vanessa Tamires)

“Eu com 16 anos tinha uma banda de punk rock e a gente decidiu que iria tocar as nossas músicas, mas a gente não tinha onde. Nenhum lugar deixava a gente tocar, e não só a gente, tinham muitas bandas autorais que queriam tocar e não tinham um palco”, recorda George Van Der Ven, de 29 anos. Para ter um palco, ele passou a promover eventos de música autoral na cidade.

“Tinha um senhor, seu Zé, que tinha um bar na Vila Ferroviária, o Bar do Carioca, e a gente ia tocar na varanda da casa dele. E foi promovendo os shows ali que eu pensei: É isso que eu quero fazer da minha vida”, lembra.

George promove festas desde os 16 anos.  (Foto: Vanessa Tamires)
George promove festas desde os 16 anos. (Foto: Vanessa Tamires)

Do sonho de menino nasceu o Holandês Voador, um lugar que sempre foi o palco da música autoral em Campo Grande, principalmente das bandas ligadas ao rock. Depois de muitas idas e vindas o bar volta para o seu reduto original e cheio de ideias para movimentar a produção cultural de Campão.

A história do bar começou em 2010, George tinha trabalhado um tempo no shopping e usou o dinheiro do acerto para investir no bar, foi quando o Holandês quando abriu na Afonso Pena pela primeira vez.

O sucesso foi grande na época, mas o lugar não estava preparado para atender aos shows de maneira satisfatória, a burocracia atrapalhou nessa hora e foi quando começou a busca por um outro salão que pudessem dar vida ao bar.

“Procurei por muitos salões, cada lugar era uns cinco quilos de papel” conta. Até encontrar o ponto na Manoel da Costa Lima, um galpão. Para poupar, ele contou com a ajuda de amigos, pegou muita madeira e reaproveitou para montar um palco e um espaço bacana, não só para as bandas se apresentarem, mas também para elas ensaiarem.

“A gente não tinha dinheiro para pagar, mas oferecia o espaço para elas, o Holandês é a casa de muita banda”, comenta.

De um ladro grafite do outro artes plásticas.  (Foto: Vanessa Tamires)
De um ladro grafite do outro artes plásticas. (Foto: Vanessa Tamires)

George se enxergava em cada menino que chegava dizendo que tinha uma banda e queria tocar, sua alegria crescia cada vez que novas pessoas subiam ao palco do Holandês para mostrar o seu trabalho, e assim ele descobriu a realização profissional.

Mas imprevistos acontecem, o bar funcionou lá até 2013, quando fizeram uma oferta de um novo lugar na antiga rodoviária, com a carência de um ano de aluguel, para ele fazer parte da revitalização cultural do lugar. O aluguel dali estava para vencer e ele entregou o antigo salão acreditando na oferta. Mas o tempo passou e na semana de mudar a história tomou outro rumo, e a oferta caiu.

George correu com todos os móveis e coisas do bar para guardar na chácara de um amigo, mas o local não tinha cobertura e a chuva judiou de tudo, o prejuízo foi grande. Perdido e sem saber o que fazer, ele mudou com a esposa, que é nutricionista para Corguinho, morou lá por dois anos.

“Foi uma fase muito difícil para mim, porque não teve um minuto desse tempo que eu fiquei longe que eu não pensei em voltar a fazer o que eu amo. Porque eu tinha encontrado a realização da minha vida e de repente eu tinha perdido tudo”, conta.

Na noite de quarta-feira (8) o bar renasceu na principal avenida da cidade, Afonso Pena, n. 710, com a proposta de valorizar não só a música autoral, mas também várias outras manifestações artísticas feitas em Campo Grande, desde exposições de arte, a apresentações de poesias.

Quadros...
Quadros...
... E exposições montam a decoração.   (Foto: Vanessa Tamires)
... E exposições montam a decoração. (Foto: Vanessa Tamires)

Por enquanto os shows não estão rolando, mas não vai demorar, George já está correndo atrás das alterações que precisam serem feitas para a música ao vivo acontecer. “Eu quero fazer tudo certo, quero ter a documentação em mãos, para defender o pessoal que toca aqui, para garantir que sempre que eles começarem um show, eles vão poder terminar sem que a polícia bata aqui, porque vai estar tudo certo!” relata.

Apesar de músico, vocalista da banda “O lixo e a fúria”, George se encontrou mesmo foi criando um espaço para que as bandas possam se apresentar. “Eu me vejo como o cara que precisa arrumar um palco para o artista que precisa tocar e é isso que eu gosto de fazer”, comenta, com paixão pelo que escolheu.

Nas paredes do bar muita arte, de um lado grafite, do outro quadros e fotos que contam um pouco da história do punk rock. A pluralidade cultural tão defendida por George está presente nos detalhes, a ideia é se sentir em casa, o espaço é agradável e feito para reunir os amigos. No som ambiente ou no vinil várias vertentes do rock estão presente.

O nome do bar é uma homenagem ao pai e hoje quando se fala em Holandês já se relaciona o espaço como o palco do underground feito em Campo Grande, para manter a ideia viva George deixa um apelo.

“Campo Grande deveria ter uma maneira diferente de ver os bares com música ao vivo, não de uma maneira que sufoque quem tenta se manter, porque se esses lugares fecharem onde quem produz música aqui vai se apresentar? E nós precisamos de artistas para consolidar a nossa produção cultural. Campo Grande tem muita gente boa e uma safra cultural muito rica surgindo agora, essas pessoas precisam de espaço! O Holandês está aberto para quem quiser mostrar o seu trabalho, quanto mais variedade, melhor! Eu penso assim”.

O lugar está aberto para vários tipos de manifestações culturais.  (Foto: Vanessa Tamires)
O lugar está aberto para vários tipos de manifestações culturais. (Foto: Vanessa Tamires)
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