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Diversão

Condomínio X Expogrande: verdade ou teoria da conspiração

Ângela Kempfer | 01/03/2012 16:33
De um lado a construção de condomínio, na frente os shows do Laucídio Coelho. (Fotos: João Garrigó)
De um lado a construção de condomínio, na frente os shows do Laucídio Coelho. (Fotos: João Garrigó)

Depois de 74 anos de Expogrande, a proibição de shows na maior feira agropecuária do Estado dá margem a diferentes interpretações sobre o motivo real da decisão da Justiça de acabar com as apresentações musicais no Parque de Exposições Laucídio Coelho.

Nos últimos dias, entre divulgações e quedas de liminares, o que não faltou foi comentário de leitor ao Lado B sobre qual seria o verdadeiro interesse para o fim da festa.

A principal hipóteses levantada é a pressão da construtora Brookfield, que constrói um grande condomínio vizinho ao Parque Laucídio Coelho.

“Quem de vocês compraria um apartamento perto do parque de exposição sendo que numa determinada semana ou quinzena do ano você não conseguiria dormir?”, questionou André Pericles, em comentário publicado no 29 de fevereiro, às 19h06.

O condomínio Yes deve entregar a primeira das 3 torres no final de 2013. São 19 andares, 296 apartamentos, que ainda estão na fase inicial. Os apartamentos têm entre 71 e 77 metros quadrados, ao valor médio de 215 mil reais quando a compra é ainda na planta.

Em julho do ano passado houve o lançamento do condomínio, mas a negociação para compra do terreno começou em 2010.

A “coincidência” segundo o leitor Clóvis Bernardes, em comentário publicado no dia 28,às 20h15, é que “essa história de acabar com os shows começou justamente quando a Brookfield comprou aquele terreno que servia de estacionamento para a Expogrande e resolveu construir um condomínio. É claro que eles viram como problema para a venda o fato de ter shows uma vez por ano lá”.

"Assisto shows de cama, não de camarote e isso nunca me incomodou", brinca Terezinha da Cruz
"Assisto shows de cama, não de camarote e isso nunca me incomodou", brinca Terezinha da Cruz

“Será que o interesse não vai além dos interesses do povo? Afinal os empreendedores ao redor podem achar que os seus negócios podem desvalorizar com a Expogrande ali, mas ela esta lá há quase 80 anos e isso nunca incomodou ninguém, porque será que agora esta incomodando?”, perguntou Carlete Christensen, em 07 de fevereiro, às 8h19.

Na vizinhança, também é difícil encontrar outra resposta. "Minha mãe mora aqui há décadas, quando chegamos, nem muro dividia o parque do bairro. Dá para dizer que assisto shows de cama, não de camarote e isso nunca me incomodou", brinca Terezinha da Cruz, a duas quadras do espaço de shows.

Sentada no portão de casa, no bairro Jóquei Clube, ela diz estar revoltada com a decisão. "Para a vizinhança era mais tranquilo ver os filhos irem ao show aqui mesmo no bairro, que é mais seguro. Isso aconteceu só por causa desse condomínio de rico, porque aqui meia dúzia já tinha feito até abaixo assinado e nunca virou nada", comenta.

Na outra rua, a cerca de 100 metros do Parque, Paulo Vieira defende a festa como forma de geração de renda para quem mora na região. "Montei um espetinho, já pensando na movimentação".

Na casa ao lado, Neide dos Santos é contra, por causa da "baderna" em dias de shows". "Pelo amor de Deus, é um inferno. Ali só tem coisa que não presta. Eles quebram o pau lá e vem parar aqui na porta", reclama a mulher que há mais de 40 anos mora ali.

Sob o mesmo teto, o irmão discorda. "Acho uma besteira isso. Se perguntarem por aqui, a maioria vai dizer que aprova. Eu vou sempre", diz Jair dos Santos.

Na outra rua, vizinhos tem opiniões diferentes.
Na outra rua, vizinhos tem opiniões diferentes.

O Ministério Público Estadual, em resposta à "teoria da conspiração", garante que o problema é o desrespeito à lei ambiental. O promotor Alexandre Raslan, autor da ação contra os shows na Expogrande, foi procurado, mas disse que não poderia conversar com o Lado B sobre o assunto.

Termo de Ajustamento de Conduta assinado em 2011 estabeleceu que a partir do dia 24 de abril do ano passado não seriam mais realizadas quaisquer atividades sem a obtenção de licença ambiental.

Mesmo sem conclusões sobre a pendenga, até porque essa matéria não tem essa pretensão, outros leitores dizem achar estranha a história revelar dois pesos e duas medidas em relação aos eventos em Campo Grande.

“Agora queria saber? Só tem lei ambiental para Expogrande? Porque pode ter carnaval de rua na Fernando Correa?? moro na Rui Barbosa o barulho é horrível durante o carnaval e a legislação ambiental não me protege na época do carnaval porque será? Tô achando q tem gente levando vantagem com essa censura... Ai tem !”, reclamou Clenice Matheus, em 29 de fevereiro de 2011, às 18h5.

O Lado B solicitou a posição da Brookfield, que via assessoria de imprensa, informou que já sabia dos shows na Expogrande quando resolveu lançar o empreendimento, mesmo assim garantiu nunca ter solicitado qualquer medida contra o evento.

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