Conheça histórias das 6 drags de MS que batalham em corrida online
A apresentação das concorrentes ocorreu no dia 20 de junho através de live e a competição segue até 25 de julho, no entanto, muita gente ficou curiosa para saber quem são as seis drag queens sul-mato-grossenses que estão disputando o título de ‘Pantanal SuperStar’ deste ano, durante a 6ª edição da Corrida das Drag que ocorre totalmente online.
As participantes são: Becky Jhow, Bionda, Compacta Baudelaire, Dan, Halley Star e Manuela Confuzza, que estarão competindo nos próximos episódios que continuam a partir de hoje, também no Facebook.
Desde 2016, a Corrida das Drag começou com o intuito de reunir o público de RuPaul Drag Race para assistir a 8ª temporada da competição. A cada reunião uma drag nova da cidade, que ainda não tinha muito espaço nas boates, se apresentava e ganhava notoriedade pelos donos de casas noturnas. “O evento se tornou um espaço onde elas conseguiam trabalho, ganhando visibilidade na cena”, recorda Pam Vênus, uma das apresentadoras e idealizadoras da disputa.
Com o sucesso, decidiram mudar o formato do evento, o transformando em uma competição no ano de 2018. A primeira vencedora foi Jhannine Perry.
Ano passado, a quinta edição aconteceu na fachada do Centro Cultural José Octávio Guizzo e a temática foi inspirada no jogo de luta Mortal Kombat. “As participantes mandaram fotos e vídeos dentro do tema para participar. Foram selecionadas 8 drags, que foram divididas em chaves e assim elas competiam com batalhas de dublagem e o público era quem escolhia a vencedora. A vencedora, que recebeu o título de Pantanal SuperStar foi a Rafa Spears”, conta Pam.
A edição deste ano seria diferente, inspirada nas princesas da Disney. No entanto, a pandemia mudou o formato para uma competição através das redes sociais. “Com essa mudança tivemos de adaptar o tema e vimos a hora perfeita para brincar com outras linguagens que as drags poderiam explorar em uma competição online”, explica.
A inspiração foi o programa America’s Next Top Model, criado pela empresária Tyra Banks, onde as modelos fazem photoshoots. “Depois de cada episódio as drags terão alguns dias para criar fotos baseadas nos desafios temáticos que mandamos a elas. Semanalmente nas lives mostraremos as fotos das candidatas ao público e, junto às juradas, avaliaremos cada competidora, sendo que uma será eliminada a cada transmissão”, detalha a apresentadora.
Os jurados das provas são Rana Foratto, Andrômeda Black e as apresentadoras Meriju Silva e Pam Venus. As provas são secretas e só serão reveladas ao público no dia da eliminação, mas a organização adianta que os temas estão dentro da arte e cultura sul-mato-grossense.
Concheça as drags queens participantes:
Becky Jhow - Cabeleireiro, maquiador e artista, Andreo Oliveira, de 23 anos, é Becky Jhow, nome inspirado em canção de Beyonce e também gíria falada entre as amigas.
O universo drag surgiu na vida do artista durante o trabalho como maquiador e a paixão pela LGBT em Campo Grande, desde 2016. Ela se considera uma ‘drag fish’, bem feminina e ‘e -girl. Acredita que todas são merecedoras do prêmio, “porém me jogo de cabeça e com raça, acredito muito no que me esforço”, diz.
Bionda - Interpretada por Bruno Dias, de 21 anos, que como social media em uma agência de publicidade, Bionda veio da personagem da Mariana Ximenes na novela Uga Uga. “Já tinha tentado outros nomes, mas nenhum deles senti que era o ideal. Esse veio de uma pesquisa aleatória e combinou, porque é curto, forte e único. Você não encontra muitas Biondas no mundo”, diz a candidata.
A relação com a arte drag nasceu na minha infância, lembra. “Quando pegava tamancos escondidos da minha mãe ou usava os batons dela. Sempre estive muito imerso no universo feminino. Mas foi em 2016 que conheci RuPaul's Drag Race e me encantei pela arte drag. Foi a porta de entrada para conhecer essa arte tão incrível e diversificada”.
Se definindo com “high fashion, inspirada por pessoas pretas e poderosas”, gosta também dos movimentos urbanos, estilos musicais como hip-hop, rap, R&B, pop e até o horror. “Me considero muito versátil”.
Ressalta que merece vencer a competição por ser apaixonada pela arte. “Além de confiante, carismática, talentosa, focada, e isso é apenas o começo de uma linda carreira artística”.
Compacta – Como o próprio nome, a professora da rede pública Patrícia de Souza Porto Gonçalves, é mulher cis que também se jogou na arte drag e de forma sucinta revela que sempre teve afeição por esse universo ao observar Nany People e Vera Verão nas televisões.
“Depois de muito tempo eu resolvi me apresentar. Desde quando a Corrida das Drag começou, eu vejo muita gente surgindo e cenários diversos”, diz.
Compacta, segundo a professora, tem referências com a história da arte e história da arte drag e o nome vem no seu canal no Youtube “Canal Compacty”. “Eu não sei se eu vou vencer, espero que eu seja bem avaliada”, resume.
Dan Santos – Aos 22 anos, Dan é faz Artes Visuais na UFMS e entrou no universo drag neste ano. “Minha relação era só de apreciação. Já fazia algumas maquiagens mais artísticas para o Instagram, mas em abril desse ano minha "mãe drag", Afrodite Fetake, me montou em full drag e eu continuei. Foi a forma que eu encontrei de produzir arte”.
Dan ainda não encontrou uma definição para sua drag, mas se considera artista visual e viu na arte drag uma oportunidade para se comunicar. “Me expressar com palavras é extremamente difícil, então a arte drag foi uma oportunidade de me expressar sem precisar falar ou escrever. Mas é baseado em tudo que consumo de cultura pop, animações, ilustrações e pinturas.”, afirma.
Deseja vencer porque a cada produção sente mais vontade de produzir. “É algo que eu tinha vergonha de mostrar por achar que não estava fazendo direito. E me envolvendo mais com as drags vejo que não tem uma forma errada de fazer. Acho que mereço porque tenho algo e diferente pra mostrar”, pontua.
Halley Star – Ela também é mulher cis. Aline Macário, 30 anos, sempre foi fã de cosplays e costumava os eventos de cultura nerd. Amava se montar e, depois de adulta, frequentando a vida noturna LGBT descobriu a paixão pelas drag queens. “Vi que na arte drag conseguiria unir a minha paixão pela cultura japonesa com moda e a arte”.
Sua drag se chama Halley, em homenagem ao Cometa Halley, diz. “Escolhi essa referência, pois como tenho uma carga intensa no meu trabalho, acabo “me montando” a cada 76 anos”, brinca. “Sobre o Star, é porque menina Halley já nasceu uma estrela”, completa.
Apesar de torcer por todas as candidatas, Halley deseja ganhar para mostrar na competição que mulheres cis também fazem drags. “Também conseguimos brincar com os conceitos artísticos, e que o fato de eu ser mulher não torna a brincadeira mais fácil”.
Manuela Confuzza - O ator Gustavo Stafuzza, 24 anos, é quem interpreta Confuzza e interpretou uma drag pela primeira vez em uma série gravada no Estado com temática LGBT. “Quando me maquiei para gravar, fiquei muito surpreso com o resultado e quis experimentar sair do teatro e viver a drag”.
O nome Manuela foi escolhido porque ele queria algo mais “abrasileirado” e o Confuzza é uma brincadeira com próprio sobrenome que sempre gerou trocadilho. “Sim, estou Confuzza!”, diz. “Minha drag é uma palhaça, que ama coisas bobas, coloridas, comédias pastelonas e ao mesmo tempo ama fashion e beleza, sem nunca esquecer da importância das lutas das minorias LGBTQ”, afirma.
Deseja vencer para representar Dourados, cidade natal onde se descobriu como drag. “Quero também inspirar outras pessoas a serem quem elas são, a fazerem o que tem vontade de fazer e a derrubar o sistema”.
Você pode acompanhar a Corrida das Drag pelo Facebook e Instagram.
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