De carro, banda sai de MS e roda 6 mil km pela rota do blues nos Estados Unidos
“Nós saímos do Brasil no dia 8 de junho com destino a Chicago. Pegamos o voo para Miami, onde alugamos um carro e partimos”. Aí começa o relato da viagem da banda Whisky de Segunda à fonte do blues. Por 20 dias o vocalista Robson Pereira e o guitarrista Jefferson Pasa, acompanhados do amigo Rodrigo Müller, caíram na estrada e percorreram mais de 6 mil quilômetros nos Estados Unidos. Na bagagem, a vontade de passar pelos lugares onde o blues fez e continua fazendo história, além de gravar o primeiro CD.
Dentro do caminho percorrido, o trio dirigiu pela estrada do blues, fazendo a Rota 66 e Rota 61, ícones folclóricos dos Estados Unidos.
Na cadência do blues, a reverenciada Rota 61 foi trilha para a banda e onde eles viveram momentos incríveis. A sensação de que as descobertas ao longo do caminho são mais importantes que o destino final. “Reencontramos com Lurrie Bell, Guy King, Breezy Rodio e conhecemos Harmônica Hinds, Linsey Alexander, Carl Weathersby, Omar Coleman, Billy Branch, Jean Willians, Jimmy Burns, Ronnie Hicks, Big Time Sarah, E.G., Aryo, Marty Binder e a lenda do blues Johnny Winter”, enumeram.
Todo trajeto foi elaborado aqui, pelo amigo Rodrigo, mas dentro da rota eles encontraram diversas surpresas. “Passamos pelos estados da Flórida, Georgia, Tennessee, Kentucky, Indiana e Illinois até chegarmos na cidade de Chicago. Depois voltamos por Illinois, Missouti, Arkansas, Tennessee, Mississipi, Louisiana, Alabama, Florida e chegamos de volta a Miami”, detalha a banda.
O objetivo principal da viagem era gravar o primeiro CD em Chicago, o berço do Blues, no estúdio “Joyride”, um dos mais bem conceituados da cidade. A gravação, segundo a banda, já era para ter acontecido em 2013, no entanto, a produção para o “MS Blues Festival”, realizada pelo grupo colocou os músicos em contato com diversos artistas nacionais e internacionais.
“Conhecemos o guitarrista e vocalista de Chicago, Breezy Rodio. Fizemos uma grande amizade com ele nos dias que ele passou em Campo Grande e ele nos propôs gravarmos o CD em Chicago, com ele como produtor. Não tivemos como negar o convite, pois foi algo incrível”, descrevem Jefferson e Robson. De quebra, a viagem também proporcionou contatos com produtores e casas de shows, além de poderem assistir ao Chicago Blues Festival.
A banda começou a se preparar para a viagem em julho de 2013, guardando cachês dos shows e pela intensificação das apresentações. O “grosso” para a viagem veio do próprio bolso. “Tentamos patrocínios de órgãos públicos, mas não tivemos êxito. Mesmo assim batalhamos e viemos”, comenta Jefferson.
Quanto aos locais, nem o guitarrista e nem o vocalista conseguem descrever a sensação de beber o blues na fonte. “Mas as três cidades que viraram nossas cabeças foram Chicago, Memphis e Clarcksdale. Cidades com muitos bares de blues, muitos artistas e a encruzilhada em Clarcksdale, o ponto mais famoso do blues”, conta o vocalista Robson. A encruzilhada - um dos lugares mais místicos que existem para os fãs de música - cruzamento de estradas onde, segundo a lenda, um dos mestres do blues, o guitarrista Robert Johnson, fez um pacto com o diabo em 1937, dando sua alma em troca de sucesso. A história virou tema de diversos filmes e canções.
O CD gravado em Chicago possui 10 faixas, algumas autorais e outras clássicos, que marcaram a história da banda. A previsão de lançamento é para outubro de 2014.
"Ainda não é possivel dizer ao certo. Foram tantas informações recheadas de emoções e sonhos realizados que ainda não temos a dimensão do que foi essa viagem. Posso te garantir que é algo imenso. Foram 20 dias trilhando os caminhos dos mestres e bebendo o blues na fonte. Incrível talvez seja uma palavra pequena para representar", resume a banda. Agora é só esperar o primeiro show pós viagem deles, "Whisky de Segunda".