Experimentamos o Suco de Espaguete em festa do Haiti que teve um pouco da Síria
Na primeira matéria publicada aqui no Lado B, anunciando que haveria festa haitiana em Campo Grande, a maior curiosidade surgiu por conta do cardápio. Finalmente, experimentamos algo que é famoso bem longe daqui: o suco de espaguete. O sabor é adocicado, tem consistência de uma “batidinha” ou as famosas vitaminas brasileiras. Lembra vagamente o macarrão, mas o que sobressai mesmo é a canela. A receita é uma das apresentadas na Festa da Bandeira Haitiana, realizada na tarde de ontem, na Paróquia da Santíssima Trindade, em Campo Grande, com a presença de cerca de 80 pessoas.
Por volta das 10h30 da manhã, o clima era de festa. Teve hino nacional e uma banda para tocar os ritmos haitianos, uma mistura meio caribenha. A atração principal era a gastronomia, com o pastel diferenciado e o suco de espaguete.
O primeiro foi produzido em grande escala, o que prejudicou o sabor. “As receitas são todas de olho, eles não tem as medidas, então é difícil fazer em grande escala. O que posso dizer é que a massa é mais grossa e bem temperada, essa é a diferença”, afirma uma das colaboradoras da festa, Marisa Zephyr.
Ela é esposa do médico haitiano Jean Zephyr, que ajuda conterrâneos na adaptação no Brasil, com aulas de português em outra comunidade, a Igreja Divido Espírito Santo, no bairro Rita Vieira. Foi ele que falou um pouco ao microfone sobre a importância da data para o país.
A maioria dos participantes foi haitiana. Casais de namorados, famílias e grupos de amigos.
Junel Flora, 27 anos, estava ao lado da noiva Aphidalie Michel, 28 anos. Ele está no Brasil há 1 ano e seis meses, enquanto ela chegou há poucos dias. “A festa da bandeira significa ao povo haitiano a luta para conseguir ser livre, para a liberdade. Também é um momento para relembrar o nosso país, as praias, a frutas, a cultura. Comemoramos a nossa independência, a nossa integridade, ficamos muito felizes”, explica Junel.
Junel trabalha na construção civil em Campo Grande, mas era escritor e professor de espanhol e teatro no Haiti. Esse lado ele demonstrou na festa. “A peça que vão apresentar hoje fui eu que escrevi”, diz, orgulhoso.
Antes da encenação, o que se viu foi uma apresentação de dança haitiana. O gingado é feito com bastante calma. O público foi ao delírio e cada um que estava no seu canto seguiu com os passinhos.
Imigrantes - De acordo com a irmã Rosário Costa Rosa, da congregação scalabriniana, a pastoral atende em média 80 a 100 imigrantes. “Diminuiu bastante nos últimos anos. A maior comunidade é em Três Lagoas, onde tem cerca de mil haitianos. Sempre que podemos nós fazemos essas comemorações, onde tem comida, dança, as vezes uma celebração ecumênica, porque muitos são evangélicos. Nossa intenção é ajudar na adaptação, a aprender a língua, arrumar emprego”, explica.
Atualmente, além dos haitianos, a Irmã tem recebido sírios. “Estou com um casal que até veio participar da festa. Ele está fazendo comida por encomenda e ela pintando a mão das pessoas com hena”, indica.
O sírio, Othman Alassaf, chegou há dez meses na cidade, mas já fala bem o português. É casado, tem dois filhos e um está para chegar. “Esse vai ser brasileiro”, comemora. Quem quiser encomendar produtos dele, pode ligar no (67) 9852-6588.
Para os curiosos sobre o suco de espaguete, segue a receita:
1 litro de leite
1 copo de cenoura cozida
1 copo de batata cozida
2 copos de macarrão cozido
2 pitadas de sal
4 colheres de leite condensado
1 colher de café de canela
Meio copo americano de açúcar