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Diversão

Festival do Chamamé abre com união de bandeiras e muita dança em praça

Festa continua até o próximo domingo (13) com apresentações musicais, dança, gastronomia e oficinas

Thailla Torres | 10/10/2019 08:11
Famílias curtiram abertura do festival na Praça do Rádio. (Foto: Pauo Francis)
Famílias curtiram abertura do festival na Praça do Rádio. (Foto: Pauo Francis)

‘Chamamézeiros’ do Brasil, Paraguai e Argentina se reuniram na noite de quarta-feira, no palco e na plateia da Praça do Rádio, no centro de Campo Grande, espaço que desde o ano passado abriga o Festival Cultural do Chamamé de Mato Grosso do Sul. O espetáculo chega a sua terceira edição reunindo dezenas de artistas e bandas que fazem a história da música fronteiriça, do regionalismo a novas caras do ritmo dançante.

Em clima de bailão, nomes como maestro Santhyago Rios, os meninos do Laço de Ouro, o Musical Barbaré e as Guitarras de Curuzú, interpretaram clássicos do chamamé para um público de 600 pessoas.

Pensado em ser plural, o festival reúne moda, gastronomia, oficinas, danças, música e fé. A festa abriu com ritmos dançantes e oficializou o lançamento com a benção do arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, que assistiu desde os primeiros minutos cada apresentação. O arcebispo ainda deixou claro que a arte é válida em todos os seus sentidos. “Tudo o que pudermos fazer para unir os povos é válido”, afirma. “E quando essa união se faz com arte e cultura é muito mais bonito”, continuou.

Cerimônia de abertura com as padroeiras do Brasil, Argentina e Paragui. (Foto: Pauo Francis)
Cerimônia de abertura com as padroeiras do Brasil, Argentina e Paragui. (Foto: Pauo Francis)
Arcebispo diz que usar a arte para união é válida. (Foto: Pauo Francis)
Arcebispo diz que usar a arte para união é válida. (Foto: Pauo Francis)

Depois da benção rápida, plateia e organização cantaram os hinos nacionais dos três países homenageados, ao lado de suas padroeiras, como Nossa Senhora Aparecida (Brasil), Nossa Senhora de Caacupé (Paraguai) e Nossa Senhora de Itati, venerada na Argentina e também considerada padroeira do Chamamé.

O festival tem uma proposta clara, que é o intercâmbio, ou seja, fazer com que o público entenda a influência das músicas e da cultura fronteiriça.

A organização lembrou que o nome ‘chamamé’ tem algo especial. Dentre muitos significados, a palavra representa um ‘chamamento’ que se traduz com a liberdade de viver e se emocionar com a música. Marcos Roker, organizador do evento, lembra-se das diferenças que tornam a música fronteiriça única. “Na Argentina o chamamé é mais apurado e se costuma dizer que é um primo do tango, mas de um complexo harmônico mais elaborado”, explica. “Nossos artistas que trouxeram o ritmo para mato Grosso do Sul, como Zé Corrêa e Dino Rocha, conseguiram adaptar o encanto do chamamé e colocar elementos da nossa cultura pantaneira, principalmente, levando o ritmo para as salas e salões de bailes”, explica.

Já afirmado na agenda cultural da cidade, o festival foi se transformando com o passar das edições: na primeira, o público se reuniu apenas em um clube da cidade. No ano seguinte, contou com a programação mais extensa e expandiu o repertório. Este ano trouxe homenagens, artistas consagrados em festivais pelo mundo e uma plateia bem diversificada.

Carioca aprendeu gostar de chamamé por causa do pai paraguaio. (Foto: Pauo Francis)
Carioca aprendeu gostar de chamamé por causa do pai paraguaio. (Foto: Pauo Francis)
Lucia é de Rondônia e apaixonado por chamamé. (Foto: Pauo Francis)
Lucia é de Rondônia e apaixonado por chamamé. (Foto: Pauo Francis)
Grupo Laço de Ouro abriu o festival. (Foto: Pauo Francis)
Grupo Laço de Ouro abriu o festival. (Foto: Pauo Francis)

Natural de Rondônia, Lucia Chaves, de 69 anos, chegou a Mato Grosso do Sul 1961 e se apaixonou pelo ritmo fronteiriço. “Apaixonei-me desde que cheguei, mas não dançava. Fui aprender o ritmo há alguns anos, numa aula de dança na universidade”, conta.

O ritmo também é saudade para a carioca Cristina Portela, de 63 anos, que desde que se mudou para cá nunca mais deixou de ouvir o ritmo. “Apesar de ser carioca, cresci ouvindo chamamé. Meu pai era paraguaio, nasceu na fronteira, em Pedro Juan Caballero. Em casa os toca-discos só ecoavam músicas da fronteira”.

Também natural do Rio de Janeiro (RJ), Lucy Pepicon, de 72 anos, se divide entre o samba e o chamamé. “São duas coisas que eu amo nessa vida. Mas o chamamé me encanta e a dança transforma a gente. Parece que eu tenho 72 anos?”, questiona, aos risos.

Aana Maria e Ramão se denominam “chamamézeiros de coração”. (Foto: Paulo Francis)
Aana Maria e Ramão se denominam “chamamézeiros de coração”. (Foto: Paulo Francis)

O casal, Ana Maria Marcondes e Ramão Marcondes, se denominam “chamamézeiros” de coração. “O ritmo está no coração do sul-mato-grossense. Ele traz um exercício para o corpo e para a alma”, explica Ramão que não parou um minuto de dançar com a esposa.

Três países, três histórias e um sentimento. A devoção ao chamamé é que o une e faz a organização resistir, todos os anos, mesmo com a praça que não acaba lotada. “É um evento que demanda custo e muita organização, mas nós resistimos porque entendemos que o ritmo não precisa apenas de ouvintes. É necessário gerar um grau de pertencimento no público para que se entenda de onde vêm essas raízes e tradições”.

A festa continua até o próximo domingo (13), confira a programação completa aqui.

Apresentações começaram ontem na Praça do Rádio. Programação segue até domingo. (Foto: Pauo Francis)
Apresentações começaram ontem na Praça do Rádio. Programação segue até domingo. (Foto: Pauo Francis)
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