Guimarães Rosa inspira festa mensal em chácara, com rock e sem frescura
A obra de Guimarães Rosa “Sagarana” já é nome de festa ao ar livre há 2 anos em Campo Grande. Assim como na literatura, quem gosta garante: é uma realidade diferente. “A ideia é relaxar, não extravasar. Aqui tem uma contemplação”, afirma um dos organizadores, o produtor musical Heitor Menezes, de 27 anos.
A festa acontece na chácara Sagarana, no Parque dos Poderes. O público é "alternativo", para resumir os frequentadores que aparecem sem grandes produções de balada. Já o som preferencial é o rock, de bandas da cidade. Outro ambiente da casa tem DJ, lugar para ouvir de música eletrônica a Cindy Louper.
Heitor explica que a Sagarana se transformou em um coletivo, onde várias pessoas organizam e também um espaço para os músicos. “A intenção é resgatar as bandas alternativas, estamos sem lugares assim na cidade”, explica, lembrando que na maioria dos bares o que toca é cover.
Mas o que é realmente vantagem, na opinião de quem frequenta, é justamente o público, desprovido de frescuras.
O estudante Valente Neto, de 24 anos, considera como maior "mal campo-grandense" o fato de "todo mundo reparar em todo mundo" nas baladas, o que não tem vez na Sagarana, garante. "Aqui na festa, isso não acontece. Todo mundo pode fazer o que der na telha e ninguém vai se preocupar com isso. Ninguém vai ficar olhando ou cuidando da sua vida”, avalia.
Para Rodrigo Rosa, de 24 anos, a mistura de estilos é o que o atrai na balada. “O ambiente é desprendido de preconceitos”, comenta.
A chácara pertence aos amigos de Heitor, que alugavam o espaço para ele tocar um estúdio musical. Entre tantas reuniões, foram acontecendo saraus e enfim a festa, uma vez por mês.
O primeiro evento aconteceu em setembro de 2012, com poucos amigos. Agora, a média de convidados é de 300 pessoas, com entrada a R$ 10,00.
Gosto regional - Na cozinha da chácara, a comida é preparada por Batatinha Sousa de Almeida, de 57 anos. Ela e o marido são os donos da propriedade e, além de alugar, também entram no clima vendendo arroz carreteiro, caldos e a Chipaguassú, uma sopa paraguaia com mais queijo.
A chácara é um "patrimônio" no pleno sentido da palavra, diz ela. Há dez anos o casal mora ali, na casa que fica nos fundos do sobrado onde acontece a festa.
A mineira Marina Miranda mora em Campo Grande há menos de um ano e, empolgada, recomenda: "Primeiro lugar que gostei de verdade na cidade. É livre, não tem modinha e tem rock, o que é difícil de achar".
A festa acontece na rua Ataulfo de Paiva, 578. A próxima edição ainda não tem data confirmada, mas vai estar na agenda do Lado B.